Lindamente encrencada

"O inverno é o silêncio!"

Felipe

O avião ainda nem tinha decolado e eu engoli um rémedio para enjoo. Quando estávamos vindo para a Inglaterra a Linda falou para eu tomar caso eu quisesse dormir, quando eu peguei e li que se tratava de remédio para enjoos, eu respondi que não estava enjoado ela colocou as mãos na cintura e falou que o remédio era mesmo para dormir,"afinal ninguém sente enjoo desacordado". Agora eu estava engolindo um comprimido amargo, e até isso me fazia lembrar dela.

Quando o avião pousou em Fortaleza eu estava totalmente exausto. Eu havia dormido por horas, mas continuava cansado então sem pensar muito acabei indo para o primeiro Hotel que tinha por perto do aeroporto, só precisava de um pouco de tranquilidade e aquietar a minha cabeça que não parava de girar em pensamentos.

Já era bem tarde quando eu finalmente entrei no quarto, não fiz questão de luxo, eu só queria um quarto para dormir mesmo. Já havia passado as últimas horas entre o sono e as lembranças das últimas vinte quatro horas, então o quando mais simples melhor, afinal me mantinha distante das lembranças daquele quarto luxuoso londrino, onde eu havia deixado o meu coração. Quando  coloquei o celular para carregar, decidi ignorar as notificações de chamadas perdidas e de mensagens enquanto ele ligava e ele não parava de vibrar.

Eu não queria falar com ninguém, mas como o meu coração sempre me traía e fazia meu corpo agir automaticamente quando se tratava da minha linda, desliguei o celular novamente  antes que eu visualizasse e respondesse todas as mensagens e fui tomar um banho para poder dormir. A verdade é que eu sentia saudades dela e principalmente medo de que o fato de eu ter deixado ela lá, a fizesse se decidir e lutar pelo Bento. 

Ciúmes e saudade!

E que saudades da minha linda!

Na manhã seguinte eu acordei e ignorei o meu telefone novamente, abri meu note, verifiquei as questões do trabalho. Eu não estava realmente de férias e tinha algumas questões dos salões para resolver, mas nada que não conseguisse resolver a distância. Imaginei pela quantidade de notificações que apitaram no meu telefone quando eu coloquei para carregar na noite anterior, que possivelmente estavam preocupados comigo, e pensei em especial na minha irmã que foi a única com quem falei que estava voltando para o Brasil.

Conhecendo a Catarina, ela deveria tá preocupada e preocupando a minha mãe, então enviei um e-mail para ela falando que eu estava bem e que ia tirar uns dias de folga. Resisti a vontade de ligar o celular, joguei ele dentro da mala,  peguei a minha câmera fotográfica e fui em direção a praia.

O que era para ser dois dias de folga do mundo, se transformou em mais de  uma semana ,quando eu decidi voltar para casa dirigindo. Aluguei um carro e cortei o Brasil dirigindo e parando para fotografar e conhecer as cidades que antes eu sempre falava que eu ia conhecer e nunca tinha tempo para isso.

Eu parava nas cidades, curtia as pousadas os pontos turísticos. Na verdade eu nem lembrava mais quando eu tinha parado apenas para ler um livro, ou escutar uma música, Na correria do dia ou eu estava trabalhando ou vivendo em prol da Linda. Estava precisando me reconectar comigo mesmo, pensar no que eu queria e no que eu ia fazer.

Meu telefone continuou desligado e eu ignorava todos os e-mails que não eram da minha irmã ou de trabalho. Meus e-mails se resumiam em falarem qual cidade eu estava e que estava bem, quanto menos eu tivesse informação externa era melhor para mim e a minha irmã só falava que todos estavam bem e com saudades.

Assim que saí da rodovia e entrei no acesso a minha cidade, meu coração acelerou. A minha vontade era ir em direção a casa dela, mas eu tinha que ser forte na minha decisão e estava cansado de ficar mendigando amor de quem não me queria. Não havia avisado que estava voltando para não ter uma Catarina enxerida perturbando meu juízo, então fiquei surpreso do meu apartamento está tão arrumado, já que eu na pressa da viagem tinha deixado tudo fora do lugar tentando arrumar a minha mala.