Bônus - Laura e Mathias

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Laura:

Era aniversário da minha prima e eu estava me sentindo péssima a semana inteira, mas tinha que colocar um sorriso na cara e ir me divertir.
Sempre reservada com a minha vida amorosa, eu tinha acabado de perceber que eu nunca teria o homem que eu amava e não tinha coragem de contar para ninguém.
Eu amo as minhas amigas, mas elas intensificam tudo e eu não precisava intensificar o que eu estava sentindo, ou melhor, o que eu sentia nos últimos três anos pelo meu Chefe.
Eu amava em segredo por todos esses anos um homem que não me enxergava, ou melhor me enxergava como uma grande amiga.

As meninas sabiam que alguém mexia comigo e desconfiavam que era alguém do tabalho, mas nunca me abri de verdade. Estava cansada do rótulo de romântica incurável e com toda certeza iria piorar se elas soubessem que eu tinha uma paixão secreta pelo Lucas.

Eu era bem sucedida na minha profissão e tinha o trabalho dos meus sonhos, eu era Chefe do meu setor na área psiquiátrica do Hospital Municipal e era professora convidada em uma universidade, mas minha vida amorosa era uma bosta.

Me apaixonei pelo Lucas assim que o vi, sua esposa era bancária havia sido transferida para trabalhar na filial que abriria em nossa cidade e ele como um bom marido e apaixonado por sua mulher, largou tudo e veio. Um psiquiatra de renome e uma ótima aquisição para chefiar o nosso hospital.
Assim que ele foi apresentado pelo administrador do hospital ao departamento eu me encantei com a beleza marcante dele e com o seu sorriso, ele sempre estava sorrindo.
E com a proximidade pelas atribuições do meu cargo eu ía me apaixonando mais a medida que íamos nos conhecendo, mesmo sabendo que ele era casado.

Sou uma grande filha da puta!!!

Eu tentei sair com alguns caras, mas o sexo não passava de casual e por vezes eu imaginava que era ele comigo. O meu amor não era saudável e eu não conseguia matar o que eu sentia por ele.

Sofrendo em silêncio e por vergonha de cobiçar de uma maneira tão doentia o homem de outra mulher, acabei me afundei no trabalho, o que era uma benção e uma maldição, pois isso acabava me deixando ainda mais perto dele.
Me rendendo a esse amor platônico,  passei a me contentar com migalhas de atenção, como a reunião semanal, ou os encontros na copa na hora do café.
Era ridículo e totalmente patético, eu conseguia me analisar e identificar meu distúrbio e falta de amor próprio e aquilo só me magoava mais e me trancava mais no meu mundinho.

Eu torcia muito pela felicidade das minhas amigas e por amá-las incondicionalmente, nas minhas preces só desejava que nenhuma delas passasse pelo que eu passava. Então quando eu via uma história de amor em potêncial eu dava todo o meu apoio, o que era o caso da Li com o xará do equino, mas os dois eram cabeças dura demais para admitir que já estavam caídinhos um pelo outro.

Na segunda-feira, quando eu cheguei no trabalho, meu coração foi pisoteado, mastigado, engolido e cuspido ainda nos primeiros quinze minutos de expediente. Estava saindo da minha sala para ir visitar um paciente que estava internado em outra ala do hospital, mas também era meu paciente quando eu vi um movimento na copa e alguns"parabéns" e " vocês serão os melhores pais".
Eu congelei na porta da copa e quando ele virou e me viu, abriu um daqueles sorrisos únicos olhou para mim e falou:

- Laura, eu vou ser pai - veio na minha direção para me abraçar- Finalmente o tratamento deu certo e a Julia tá grávida !

-Parabéns, papai! - Nunca uma frase saiu com um gosto tão amargo da minha boca.Eu estava sufocando, parecia um daqueles vampiros da série que a Linda e a Joana amavam, com uma estaca no peito. Mesmo com a dor insuportável no peito, correspondi o abraço -Bom, vou indo meu paciente me aguarda. Estou muito feliz por vocês!

Lindamente encrencadaOnde histórias criam vida. Descubra agora