Just Like Heaven

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Bento

Assim que ela enviou a mensagem marcando na Elisa, meu sorriso murchou.
Eu havia pensado em um jantar mais íntimo e quem sabe depois  uma noite afogado naquele corpo, mas eu tinha estipulado a friendzone com aquele papo de amizade, logo ela estava fazendo o mesmo.

Espero que não esteja toda a turma dela lá, me lembro que o João falou uma vez que aquelas cinco juntas eram o próprio Tribunal da Inquisição.

Que os céus me ajudem! Eu seria queimado vivo, se magoasse a Linda.

Pensar em como tínhamos sorte em nossas vidas por ter amigos tão leais e uma família tão amorosa, me trazia tranquilidade. Isso era uma das poucas coisas que tínhamos em comum. Ela estava ocupando muito tempo dos meus pensamentos e os  meus sentimentos por ela eram confusos, a única certeza era que adorava a sua risada e saber que ela estava ali.

Sentia falta de alguém para dividir as minhas alegrias e dúvidas. Desde que a Catarina começou a namorar eu não queria atrapalhar, então em uma conversa com ela decidimos manter uma certa distância.Já bastava a nossa amizade ser  estranha aos olhos de nossos amigos e família, não queríamos que o Rodrigo, que por sinal era um cara muito gente boa se sentisse ameaçado ou com ciúmes.Tinha conhecido ele, logo assim que ela percebeu que estava apaixonada, me ligou querendo nos  apresentar. Saímos para jantar e fiquei muito feliz por ela. Eles estavam claramente apaixonados. O Rodrigo era um homem calmo e que gostava das mesmas coisas que ela e eles estavam extremante felizes,mas mesmo assim não ía querer o ex da sua namorada ligando sempre para contar cada coisa que acontecia em sua vida.

Talvez com o tempo e me conhecendo melhor ele entenderia a nossa relação que era de pura amizade.

O que será que a Linda pensaria da minha amizade com a minha ex ?  

Lembrando do jantar, percebi que possívelmente era a primeira vez que a Cat estava vivendo uma paixão, já que o que tínhamos vivido em todos aqueles anos juntos, era o amor tranquilo.
Foi então, que percebi que talvez eu nunca tivesse me apaixonado. Nunca tinha sentido aquela ansiedade, a cegueira a emoção que a paixão proporcionava. Ainda bem!

Eu tinha os meus dois marmanjos - os meus putos favoritos, o Cadu e o Mathias - , então a justificativa de que e a Linda era essencial para minha saúde mental, não passava de uma desculpa para que ela ficasse em minha vida. 

Enquanto me arrumava para nosso encontro que não era encontro, me lembrei da minha mãe, tinha que avisar que hoje não teríamos o passeio de família de domingo, mas ela andava muito estranha bancando de alcoviteira disfarçada com a Linda. Tinha que deixar claro que éramos amigos, apenas amigos. Então mandei uma mensagem falando que tinha tido um problema no trabalho e não poderíamos sair hoje, não precisava da minha mãe e suas expectativas.Era engraçado e preocupante, mas pelo menos eu sabia que ela gostava da minha "mais nova grande amiga".

Era melhor ficar repetindo isso até acreditar que na verdade eu queria a amizade dela sem interesse nenhum. Não dizem que a palavra tem poder?

E antes do horário marcado, eu estava entrando na lanchonete da Elisa. Eu sempre prometia de ir visita-la todas as vezes que nos encontrávamos em algum lugar, mas nunca cumpria as minhas promessas. Então ,quando a Elisa me viu fez uma cara que era uma mistura de surpresa e curiosidade e então abriu aquele sorriso de canto de lábios irônico que era a sua marca registrada.

Na época da faculdade eu a chamava de caloura debochada, sempre com aquele sorriso irônico, como se soubesse todos os segredos do universo.

Enquanto  ela vinha em minha direção, abriu os braços para me envolver em um abraço apertado, retribui o abraço  me sentindo grato por sua amizade e principalmente por ela cuidar tão bem da minha "mulher maravilha".

Lindamente encrencadaOnde histórias criam vida. Descubra agora