É a última vez...

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Linda

-Tá próximo demais, moreno. - Dei mais um passo para frente. Ele estava testando o meu equilíbrio emocional.

-Tá fugindo? - deu mais um passo e enfiou o nariz no meu pescoço - Tão cheirosa.

- Graças a deus , o taxi chegou. Vamos logo antes que você me faça perder a razão.

Assim que o Marcelo chegou com o seu táxi eu agradeci aos céus. Sabia que hoje ele estava rodando, já havia mandado uma mensagem mais cedo para confirmar e como éramos amigos, sempre que podia chamava ele para me levar para casa quando saía a noite. Era rápido, seguro e bastava uma mensagem que ele me dizia se estava disponível ou não.
Só tinha esquecido que eu não estava sozinha e meu "pacote" não estava muito afim de ser despachado na sua casa.O Marcelo era aquele típico caso de lindo e charmoso e com traços bem masculinos e totalmente gay.

Não que eu fosse contar essa última parte para o Bento, claro...

O moreno tarado estava falando impropérios no meu ouvido enquanto cheirava a curva do meu pescoço e me encoxava me cutucando, quando o Marcelo parou o carro, desceu e veio na minha direção com um sorriso. Senti o outro voltar a si atrás de mim e falar:

- Que porra de taxista desce do carro e vem na direção do passageiro?

Ah, mas eu ía me vingar , se ía...

- O taxista gostosão que é seu amigo a mais de cinco anos - disse baixo para que só ele escutasse e fui de encontro ao Marcelo com os braços abertos - Meu amor, que saudades!! - dei um selinho no Celo e o abracei forte. E eu posso jurar que escutei um rosnado atrás de mim

- Li, meu amor - e no meu ouvido ele disse - Quem é o gostosão?

-Marcelo esse é o Bento meu amigo, Bento esse é o Celo meu amigo. Apresentações feitas, vamos embora estou morta.

Eles apretaram as mãos e o Bento analisou bem o Celo, talvez tentando entender em que sentido de "amigo", eu havia apresentado ele. Para não deixara situação ainda mais desconfortável para o Bento, já que eu estava adorando a minha versão vingativa, decidi sentar atrás com ele. Dei uma piscadinha pelo retrovisor para o Marcelo, indicando que tudo estava bem.

-Sua casa ou a minha, princesa? - Ele sempre falava isso, quando eu entrava em seu táxi, eu sempre gargalhava e olhava para ele que continuava - a sua, é claro!

Senti olhos fixos em mim, e olhei para o lado e aqueles olhos castanhos estavam muitos endurecidos olhando para mim, me aproximei dele e no seu ouvido eu falei bem baixinho:

-Ciúmes? - e dei uma mordidinha de leve no lóbulo da sua orelha - Fica não ga...

-Eu sou gay, cara. - ouvindo a nossa conversa e me cortando , Marcelo falou - Ela tá te torturando. Irmão, não sei qual a merda que você fez com ela, mas conhecendo a Li e o grupo de insanas dela você tá muito fodido.

-Que porra é essa, Marcelo? Eu ía contar, mas queria me divertir um pouquinho - o repreendi.

-Você ainda vai me enlouquecer, mulher - Bento disse olhando nos meus olhos e confesso que senti um arrepio, então deu um tapinha nas costas do Marcelo que prestava atenção no trânsito - Valeu, cara. Ela tem prazer em despertar as coisas e fugir depois.

Oi???Qaundo chegamos aqui???

Fiquei tão sem reação e acho que ele se arrependeu do que ele disse, que o silêncio imperou no carro e o Celo, percebendo o desconforto apenas balançou a cabeça em concordância. Como eu vi que tudo ficou constrangedor demais,puxei assunto com o meu taxista favorito e peguntei como estava o Miguel, que era o seu namorado e enquanto ele me contava que tinham adotado outro gato, finalmente o carro parou.

Lindamente encrencadaOnde histórias criam vida. Descubra agora