Joana
Um filme com o resumo dos últimos anos passou em meus olhos enquanto eu caminhava até ao altar para encontrar o homem da minha vida e oficializar um amor, que para mim era de outras vidas.
Eu nunca fui religiosa e muito menos convencional, não acreditava em um amor profundo fosse fazer parte da minha vida um dia e lutei muito contra o sentimento que insistia em permanecer no meu coração.
O Carlo Eduardo não era nem de perto o príncipe encantada e aquele jeito irritante dele de estagiário de bobo da corte me fazia questionar o motivo de estarmos juntos, sempre. Ele me fazia rir e me irritava na mesma proporção, mas o meu medo era do que ele não me fazia sentir e ele tinha uma capacidade absurda de não me fazer sentir vontade de estar com mais ninguém.
Eu tinha vivenciado o casamento dos meus pais por anos demais para ter pavor de uma relação de dependência sentimental. A minha mãe perdoava de bebedeiras a agressões em nome do amor e de como ela mesma falava, " não saber viver sem ele". Na verdade eu tive que viver meu próprio inferno pessoal, minha própria descoberta para entender que eu continuava me bastando, mas amar alguém não precisava ser me anular.
Sempre adorei e valorizei a minha independência e quando me vi não apenas apaixonada, mas completamente envolvida pelo amor e dedicação do Cadu, me assustei e fugi. E em meio ao mochilão que eu tinha adiado por anos, me redescobri. Usei seis meses em uma descoberta um tanto egoísta , mas necessária, eu fiz novas amizades e tentei esquecer aquele homem que tinha se infiltrado embaixo da minha pele indo para cama com outros homens.
— É impossível! — confidenciei para a Zoe em uma noite de tequilas, confidencias, arrependimentos e despedida da Irlanda , um dia antes de continuar a minha viagem e partir rumo a Londres, onde outro amigo cheio de arrependimentos me esperava. - Eu amo aquela hiena mal parida!
— Tadinho, Jo! — A Zoe sempre calma e passiva, defendeu aquele ser que não saía da minha mente.— Vamos beber, porque se for para chorar pelo que não vivemos, vamos chorar bêbadas!
Aquela noite foi a primeira em meses que eu admiti em voz alta que ele fazia falta e que eu o amava. Quando cheguei a Londres, encontrei um Bento muito dedicado ao seu trabalho e com zero disposição para me contar como estava o Carlos Eduardo. Não que eu tenha perguntado com todas as letras, mas quando perguntei como "os meninos" estavam, ele apenas respondeu, " tudo em ordem".
Filho da puta, não facilitava!
No final da terceira semana, estava abraçando aquele pedaço de confusão que eu chamava de amigo e voltando para o Brasil. Passar as últimas semanas com o Bento me fez conhecer um Cadu pelo olhos do amigo dele e ter certeza do quanto ele era leal as pessoas que amava. Ver o que o orgulho estava fazendo com o Bento, que estava separado da mulher que ele não admitia amar por um país , mas não ter coragem de lutar por ela me fez repensar tudo.
Eu passei a última semana em Londres, ajudando o Isasc no restaurante dele e o trabalho e o contato com outros brasileiros fez a saudade de casa aumentar. O Bento tinha um pequeno grupo de amigos próximos e que me acolheram muito bem, mas a cada palhaçada dos meninos, a saudade de um certo aspirante a comediante se tornava sufocante. Depois de uma semana trabalhando com o Isaac e o doido do Jonh que deveria ser um irmão nordestino perdido do Carlos Eduardo, decidi adiantar a volta para casa.
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Lindamente encrencada
RomanceLinda é uma mulher gorda e empoderada, que por ter dois empregos nunca aceita sair com as suas quatro melhores amigas, até que uma noite depois de seis meses suas folgas se encaixam e ela vai ter 24 horas só para ela .... Uma noitada com as loucas d...