Lindamente encrencada

Só quero que você seja feliz...

"Se você não me disser a verdade
Não tem como eu ajudar, minha metade
Se tem outro em meu lugar
Se você quer colocar
Te deixo livre pra viver
Não prometo te esperar
Coração vai cicatrizar
E uma hora eu vou te esquecer
Se era medo de me machucar
Já tem o meu perdão
'Tá esperando o que?" - Com ou Sem Mim - Gustavo Mioto

Linda:

Olhei a hora no celular e vi que já passava das dez, meu corpo estava moído e só não estava mais alcoolizada porque eu tinha parado de beber umas horinhas antes para receber uma certa visita.
Estava conversando com o João, brincando que só restava eu, ele o Felipe sóbrios  na festa, quando a minha carona veio falar que estava indo embora.

Eu tenho consciência que não tratei o Felipe como ele merecia e ainda sumi com o dono da festa por um período considerável. Avisei que ía embora com ele e aproveitaria para ter uma conversa de verdade com o Felipe. Eu me colocava no lugar do outro sempre, e se tivessem agido comigo como eu tinha agido com ele, eu estaria minimamente movida pela força do ódio.

Nos despedimos das pessoas que ainda estavam no local, dei um abraço apertado no Bento que apenas falou no meu ouvido "a porta", desejei uma boa viagem e fui esperar o Felipe no carro, ele se despediu de todos e logo sentou no banco do motorista.
A viagem até a minha casa foi silenciosa, mas a minha mente fervilhava, eu tentava começar a falar, mas não conseguia. Quando o Felipe estacionou no meu portão , ele se virou para mim e olhou nos meus olhos antes de falar:

- Entregue – tirou o cinto de segurança e se inclinou para me abraçar e enquanto estávamos abraçados ele falou – Espero que agente se esbarre por aí.

- Podemos conversar, Fê ? - tirei o cinto de segurança e virei para ele – Eu te devo um pedido de desculpas e acho que tenho que te contar o que está acontecendo comigo.

- Linda, eu sei que você o Bento tem uma história e pelo que eu pude perceber, bem confusa. Eu gosto muito de você, te acho uma mulher incrível e isso não vai mudar. Sei que hoje foi um dia intenso para você e não pecisa me contar nada agora.

Eu estava segurando para não chorar enquanto ele continuava a falar, e a voz do Felipe transmitia uma paz, um aconchego. Ele parou de falar e me olhou por um momento, talvez pensando em como falar, fez um carinho no meu rosto e continuou.

- Loira, eu quero que saiba que você foi a primeira amiga que eu fiz desde que eu voltei para a cidade, então eu respeito o que você tá sentindo e quando realmente estiver bem para me contar a história de vocês, eu vou tá aqui.

As lágrimas que eu havia segurado antes, já escorriam pelo meu rosto a cada palavra dita, e ao mesmo tempo ouvir o Felipe sendo tão gentil, acalmava o meu coração, que andava sufocado por um misto de sentimentos regados a ansiedade.

Quando ele terminou de falar, secou minhas lágrimas e me abraçou muito forte,quando nos soltamos foi a minha vez de falar.

- Você é um presente, hein loirão? - segurei sua mão – Obrigada por suas palavras e muito obrigada por sua amizade. Você também pode sempre contar comigo, até acho que você faria um belo par com a Jeny – falei já rindo

- Boa tentativa, dona Linda – me deu um beijo na bochecha – agora vai descansar.

-Obrigada, loirão – desci e dei um tchauzinho antes de entrar no portão.