Capítulo IX

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Sidney observou mais uma vez o relógio que ficava no bolso do casaco.

Trinta e dois minutos.

James Stringer havia permanecido no interior da residência onde Charlotte encontrava-se hospedada durante completos trinta e dois minutos, e ele se afundava em desespero apenas de imaginar o conteúdo do diálogo que haviam tido mas, principalmente, se haviam sido apenas os dois durante o mesmo.

Os dois. Sozinhos. Naquela casa.

Maldição.

Já não havia sido suficiente ter de conviver com a certeza de que estiveram à sós no período em que permaneceram na residência dele?

Sidney precisava saber.

Mais do que isto, sentia-se desesperado em confirmar se Lady Susan estava ali, se estivera com eles durante aqueles trinta minutos.

Não. Trinta e dois!

O número rondava a mente dele, assim como a quantidade de coisas indevidas que ele começava a elencar como possíveis de serem realizadas em tal tempo. Definitivamente, Parker não estava bem. Tanto era, que sequer notou quando o desespero tomara conta das próprias ações, fazendo-o descer de forma imprudente da carruagem, quase atingindo um pedestre com a porta.

Ele realizou uma vênia rápida, e resmungou algo parecido com um pedido de desculpas. Os pés não conseguiam cessar ou caminhar mais lentamente. Apressados, praticamente corriam em direção à porta que o jovem aspirante à arquiteto à pouco fechava.

— Boa noite, senhor. Em que posso ajudá-lo? — Um mordomo de vestes alinhadas atendeu a porta com bastante eficiência, logo que Sidney batera com a aldrava.

Sidney notou a maneira como os olhos bem treinados do funcionário o analisavam. Sabia que não estava em sua melhor forma para realizar uma visita. Sentia, inclusive, que a pele lhe soava frio.

— Boa noite. — Ele fez uma pausa consideravelmente longa após responder em um súbito agitado. Limpou a garganta e buscou continuar, com um pouco mais de calma. — Gostaria de falar com Lady Susan, ela... estaria disponível?

Sabia que era uma resolução infantil que encontrava para sanar as próprias dúvidas. Que uma vez que a dama estivesse, teria de forjar algum assunto inexistente para falar com ela, mas a pressa do desespero não o permitira criar um cenário melhor.

— Bem... creio que posso verificar se sente-se disposta a atendê-lo, milorde. Milady retirou-se há algumas horas para seus aposentos. — O mordomo deu um passo para trás, afastando-se da porta, concedendo passagem para Sidney. — Por gentileza, peço que sinta-se à vontade enquanto verifico. — Apontou para uma sala de estar decorada em tons de lavanda de onde, pela porta levemente aberta, Sidney pode observar um sofá.

Ele não sabia como, mas forçou os pés a caminharem casa adentro e, a face, a forçar um sorriso gentil de gratidão. Por dentro, porém, sentia-se ainda mais desesperado.

Saber que Lady Susan estava recolhida em seus aposentos há horas, era a confirmação das piores de suas hipóteses.

— Com sua licença, milorde.

O mordomo fez a menção de virar e, novamente, as ideias de Sidney fizeram de maneira direta o caminho até as palavras, sem passarem por qualquer análise de conveniência.

— Caso esteja mais acessível, me satisfaria em poder falar com a Srta. Heywood. — Ele engoliu seco, a garganta começava a arranhar. — Em realidade, penso que trata-se realmente da dama com a qual desejo tratar. — enfatizou, mesmo sem ainda compreender bem o porquê.

Sanditon - Segunda Fase (Fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora