Como uma onda que começa sutil e ganha aos poucos seu volume, o burburinho dentre os convidados presentes na igreja passou a se espalhar.
Estática e à meio caminho do altar, Eliza fechou os olhos sem ser capaz de virar-se para observar o interlocutor daquela voz que conhecia tão bem.
Roubando o olhar de todos os presentes, inclusive os de Charlotte e Sidney, que apenas então paravam de se fitar, Lorde Caldor entrava correndo. Ele tinha a face avermelhada e o cabelo castanho colado à testa, além de uma respiração extremamente agitada, que deixava claro o desespero que sentira em chegar tarde demais.
— Por favor, Eliza. — A voz dele era levemente trêmula, e o fato de voltar a chamá-la com tamanha intimidade apenas fez os cochichos se intensificarem.
Juntos, Sidney e Thomas caminharam até os dois.
— Milorde, o que o senhor... — Fora o primogênito dos Parker a falar.
Sidney conseguia apenas observar Eliza, que seguia de olhos fechados e cabeça baixa. Ele se aproximou dela o suficiente para tocar em seu queixo, e assustou-se mais do que esperava ao notar que lágrimas começavam a correr por sua face.
— Preciso ter um instante... — Os dizeres de Lorde Caldor lhe falharam, e ele precisou respirar fundo, apoiando-se no ombro de Thomas para conseguir continuar. — Preciso ter um instante com Lady Eliza.
Ainda sem compreender, mas com uma sensação curiosa invadindo-lhe o peito, Sidney manteve-se segurando o queixo da noiva, quando lhe sussurrou:
— Eliza, olhe para mim. — Pediu de maneira gentil, aguardando pacientemente até que ela abrisse os olhos claros, encarando-o com notório temor.
— Sidney... — A cabeça balançava lentamente em negação.
O corpo dela tremia de cima à baixo, e seus lábios estavam completamente brancos.
— Tem algo a falar com este senhor? — Apesar de manter-se com a voz baixa, suas palavras soavam firmes.
— Eliza... — Caldor a chamou mais uma vez, mas de modo tão suplicante, que fora impossível para ela não se virar para observá-lo. — Por favor.
Sidney notou os olhos dela vacilarem ao encontrarem a figura do lorde, e não demorou para saber que ela precisava ouvi-lo tanto quanto ele desejava falar. Não demorou para Parker se decidir.
— Vamos os três à sacristia. — Não fora uma sugestão.
Gesticulando em direção à porta que ficava ao lado do altar, deixou que ambos passassem diante de si, enquanto dirigiam-se ao local.
— Por favor, Tom, dê um jeito de acalmá-los. — Sidney pediu ao irmão, referindo-se claramente aos convidados, antes de segui-los.
Naturalmente, durante o caminho, o olhar dele correu mais uma vez em direção à porta lateral da igreja, na necessidade involuntária de verificar se Charlotte continuava ali. Poderia parecer tolice mas o coração dele, em meio à todo aquele caos, se aqueceu imensamente ao descobrir que ainda estava.
— Eliza? — Ainda de pé ao lado do altar, Mary chamou a dama assim que esta passara completamente calada por si. — Sidney? — Visto que a primeira apenas se desculpou antes se apressar em direção à sacristia, Mary resolveu apelar para o cunhado, que instantes depois também passou.
— Por favor, Mary, ajude Thomas a manter em ordem este lugar. — O pedido fora feito e logo ele também entrava.
Não adiantaria dar explicações hipotéticas se nem mesmo ele compreendia ainda o que acontecia.
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Sanditon - Segunda Fase (Fanfic)
FanfictionDar continuidade a algo que a incomparável Srta. Austen criou é uma honra, mas uma imensa responsabilidade, também. Ainda assim, resolvi escrever essa fanfic porque, como todas as fãs da série, me vi completamente desnorteada com a maneira como tud...