Capítulo XXXI

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Com suas paredes constituídas por largas e longas toras de carvalho, Charlotte sentiu-se invadida por aromas que remetiam sua infância ao entrar na cabana de caça.

— Faz muito tempo que não venho aqui. — Girou em torno do próprio eixo, observando ao redor do único cômodo.

Localizado em uma clareira, no extremo da propriedade oposto ao lago, o lugar era rodeado por árvores e mata, com o aroma rústico do campo impregnando cada centímetro quadrado.

Sidney admirava a nostalgia que tomava conta dela, apoiado com as costas na porta, tendo os braços cruzados.

— Costumava acompanhar vosso pai nas caçadas? — questionou.

— Sim, principalmente quando éramos criança. Chegamos a passar dias aqui, acampados como se não estivéssemos à poucos quilômetros de casa. — respondeu ela, com saudosismo. — Mas conforme o tempo foi passando, eu e Alisson começamos a nos tornar mais independentes... Podíamos retornar para casa, para dormir, e voltaavamos na manhã seguinte. — Sorriu. — O colchão em nosso quarto, certamente, é mais confortável do que o de palha de centeio. — Observou na direção da cama simples que ocupava o centro do cômodo frente a uma lareira apagada.

Sidney também observou o móvel e sorriu discretamente, sabendo que não teria como discordar.

Mas então, de repente, o cavalheiro percebeu que Charlotte parou por um instante sua análise, focando de modo mais específico os olhos sobre si.

— Sei que não deve nem chegar perto das cabanas de caça que conheceu, mas gosto verdadeiramente deste lugar. — confessou ela, com certa timidez.

Ao observá-la de volta, Sidney notou que do alto do telhado rústico, também feito de madeira, a iluminação Sol conseguia penetrar por algumas frestas, despejando filetes de sua luz dourada sobre a figura dela.

Parker se aproximou de Charlotte, no centro da cabana, fitando-a com nada menos que devoção em seu olhar.

— Posso ter conhecido outras, mas, sem sombra de dúvidas, esta se tornou minha favorita. — disse com a voz baixa, tocando com delicadeza em sua bochecha, onde um daqueles pontos de luz se encontrava. — Além de me ter sido apresentado por você, este lugar consegue lhe deixar ainda mais bonita, até mesmo reluzente... — Tocou com o indicador da outra mão sobre o ombro de Charlotte, fazendo-a desviar o olhar e compreender a que se referia.

Ter o toque de Sidney novamente sobre si, ainda que de modo tão discreto, fez toda a pele dela arrepiar.

Os lábios de Charlotte tornaram-se entreabertos, quando ela notou que Sidney deu um passo à frente, aproximando mais os corpos, enquanto mantia o olhar fixo sobre si.

Experiente como era, Parker compreendeu que o gesto sutil denunciava em sua amada o princípio da excitação.

— Sempre soube que era iluminada, Srta. Heywood — brincou ele, com a voz rouca e ligeiramente baixa — e temos algumas outras provas aqui... — O dedo dele escorregou um pouquinho, alcançando a lateral do corpo dela, na região da costela direita, onde outro ponto de luz se encontrava.

O corpo de Charlotte reagiu discretamente.

— E outra aqui... — O dedo deslizou novamente, subindo um ligeiramente, na direção do estômago, logo abaixo dos seios.

Seguindo o toque dele com os olhos, inteiramente enfeitiçada, Charlotte suspirou, sendo impossível evitar.

Parker a ouviu suspirar, e soube que também tratava-se de expectativa.

Sanditon - Segunda Fase (Fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora