Sidney ficou imensamente aliviado ao chegar na casa do Dr. Madson, há apenas dois quilômetros da casa Parker, e encontrá-lo lá. Não demorou muito mais do que trinta minutos para que o doutor, enfim, pudesse examinar Lady Babington, em uma sala privativa que Mary ofertou lhes com toda a cortesia.
Acontece que, ao caminhar pelo corredor de onde havia auxiliado-os a chegar, Sidney ouviu um som baixo, similar a alguns sussurros, provirem de trás de uma das portas, sendo estes seguidos de fortes soluços.
O som era tão delicado que o homem imaginou tratar-se de uma de suas sobrinhas e, preocupado, colocou-se cômodo a dentro sem nem mesmo antes buscar confirmar.
Nem mesmo os cortes profundos de centenas de espadas em seu peito teriam-no feito sentir tanta dor da maneira como a cena que vira o fez.
Com o corpo curvado, apoiando-se com o quadril no parapeito da janela, Charlotte chorava copiosamente, fazendo o corpo tremer em espasmos que seguiam os soluços profundos e doloridos que ele outrora escutava.
— Charlotte... — Sem olhar para trás, Sidney fechou a porta de costas, caminhando em seguida até ela. — Por Deus, Charlotte.
Aproximou-se até praticamente tocá-la, mas notou que os espasmos e o choro tornaram-se mais intensos assim que ela o ouviu.
Graças as mãos que tampavam seus olhos, Charlotte não conseguia vê-lo, mas era completamente consciente de sua proximidade ali. Assim que ouviu os passos de Sidney a se aproximar, desviou o corpo, caminhando então na direção oposta da sala, tendo a necessidade de retirar as mãos dos olhos para abraçarem com força ao próprio abdômen.
A chegada dele a fizera sentir-se ainda pior. O desespero que a tomava figurava-se em ânsias profundas e ela temia desmaiar.
— Por favor, deixe-me só. — A voz dela era tão comprometida que ele quase não fora capaz de escutar.
Charlotte mantinha-se de costas, mas ele conseguia ver que o corpo continuava a tremer.
— Sequer pense que estarei próximo de fazê-lo até que me conte o que está acontecendo consigo. — Com o peito ainda destruído, Sidney voltou a aproximar-se dela, rodeando-a para ficarem de frente.
Charlotte voltou a virar-se, e seu choro seguia intenso, tornando-se a cada instante mais profundo e dolorido. Muito mais do que ela podia suportar.
— Sidney, por favor, me deixe sozinha. — Voltou a pedir, levando uma das mãos imediatamente aos lábios, ao notar que dizer o nome dele fazia aquela ânsia nervosa voltar.
Charlotte jamais havia vivenciado tamanha dor.
— Já lhe disse que não deixarei. — Começando a sentir em si mesmo o desespero, Sidney a segurou pelo braço, forçando Charlotte a se virar. — Deus... — Deixou os olhos passearem pela face dela, vendo-a tomada pela dor, e soube que nada no mundo seria capaz de atingi-lo da forma como aquela imagem o fez. — Ah, Charlotte...
A puxou imediatamente para seus braços, acomodando-a junto do próprio peito enquanto, em um primeiro momento, sentiu que as mãos trêmulas dela o empurravam.
— Por favor, me solte... — A fala saía em meio ao choro, mas ele sentia que a força que ela empregava não era suficiente como se quisesse de fato o afastar.
— Shhhh... — Sidney a apertou ainda mais em seu abraço, deixando-a afogar os soluços e lágrimas em seu casaco enquanto o próprio corpo tremia em decorrência dos tremores dela. — Fique calma... — Buscava acalentá-la, desesperado em vê-la daquela maneira.
Após apenas alguns segundos da tentativa falha de se afastar, Charlotte deu vazão ao que realmente desejava o próprio coração, e utilizou as mãos que outrora o afastavam para puxá-lo ainda mais para si, com todas as suas forças, amassando-lhe por completo o casaco.
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Sanditon - Segunda Fase (Fanfic)
FanfictionDar continuidade a algo que a incomparável Srta. Austen criou é uma honra, mas uma imensa responsabilidade, também. Ainda assim, resolvi escrever essa fanfic porque, como todas as fãs da série, me vi completamente desnorteada com a maneira como tud...