Capítulo XXXVII

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Georgiana deu um abraço apertado e saudoso em Charlotte assim que a jovem chegou em sua casa.

— Ah, minha querida, como senti saudades! — disse, animada. — Sei que você e Sidney precisavam de tempo, mas duas semanas de núpcias? —Apertou os olhos, maliciosamente.

Charlotte ruborizou.

— Poderia lhe dizer que ainda foi pouco. — Sussurrou, vendo a Sra. Griffiths surgir ao fundo.

Georgiana deu uma risadinha travessa.

— Sra. Parker, como é bom vê-la! — A preceptora fora extremamente cortês consigo, para a surpresa da jovem.

— A Sra. Griffiths acredita que ter uma dama casada em meu círculo de amizades poderá interferir positivamente em meu juízo.

Charlotte mordeu os lábios, tentando não sorrir e demonstrar que notava na fala da amiga um tom afiado de ironia.

— Com toda certeza. — Afirmou a preceptora. — E além disso, sei que acompanhar a Sra. Heywood na organização do próprio lar a fará ver que casamento pode trazer inúmeros prazeres e benefícios à uma jovem.

— Bem, sobre os prazeres... — a pupila murmurou.

— Georgiana! — Charlotte seguiu contendo o riso, mas deu uma leve cotovelada na amiga.

— Como disse? — A senhora ergueu uma sobrancelha.

— Ela disse que concorda. — Charlotte se adiantou, puxando a amiga de lado. — Se nos der licença, Sra. Griffiths, havíamos combinado de ir até a casa de chá, onde Lady Susan nos aguarda.

— Oh, sim, é claro. — A preceptora realizou uma vênia em direção às jovens, que retiraram-se em seguida.

Já na rua, as duas finalmente riam livres, como as duas boas amigas que eram.

— Ainda temos alguns minutos até o horário que combinamos com Lady Susan, Charlotte. — Georgiana salientou, puxando um pouco mais o braço da amiga para si. — Vamos, não seja cruel, desejo detalhes.

— Ah, eu bem sei que deseja. — Charlotte fez uma expressão humorada de desespero. — Deus me salve de algum dia ficar à sós com você e Alisson. Não terão qualquer sutileza em realizar um interrogatório. — Brincou.

— Não nos culpe. Sabe como o mundo é cruel e omisso às solteiras. — Georgiana fez um biquinho de dar pena. — Você sentiu dor? — Perguntou sem qualquer ressalva.

— Será que podemos guardar os detalhes mais específicos para quando estivermos em casa? — A jovem olhou ao redor. Estavam no meio da rua, pelos céus.

— Ah, não vejo a hora de conhecer vossa casa! — Finalmente um assunto para distraí-la. — Mal posso acreditar que você e Sidney viverão em Sanditon. Será sempre uma razão agradabilíssima para voltar. — Apertou-a carinhosamente a mão enluvada.

— Ainda estamos alterando alguns aspectos na decoração, mas logo estará pronta.
— Mesmo assim, não conseguiram segurar a expectativa e mudaram-se para lá... — A amiga sorria enquanto dizia, percebendo o olhar de Charlotte tornar-se sonhador e distante.

Perdida em lembranças da tarde anterior, quando ela e Sidney haviam cruzado a porta da frente da casa na colina, onde desejavam criar os herdeiros que levariam o sangue dos Parker e Heywood.

[...]

Os olhos de Charlotte estavam presos em cada detalhe do hall de entrada, onde uma escada de mogno se destacava ao centro, lançando-se ao alto em direção à ala privativa. As paredes eram revestidas com papéis de parede em tons claros, entre o bege e o areia, e vasos brancos com flores frescas repousavam em toda parte.

Sanditon - Segunda Fase (Fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora