Capítulo XXVIII

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Mesmo com o oceano atrás dele, perante o olhar emocionado de Charlotte, a imagem de Sidney era a única a se destacar.

Aquela cena conseguia superar em inúmeras vezes o mais secreto e sublime de seus sonhos. O homem que amava ajoelhava-se diante dela, segurando-lhe a mão enquanto a fitava com tanto amor quanto era possível um olhar transmitir.

A chuva permaneceu, mas diminuiu em intensidade, como se a natureza lhes desse um presente, oferecendo sua benção para protagonizarem a cena.

— Desde que me apaixonei por ti sonho com este exato momento, mas é extremamente curioso como nenhuma das palavras imaginadas conseguem ser suficientes para que agora possa lhe dizer tudo o que desejei incontáveis vezes lhe falar. — Um sorriso discreto ocupava os lábios dele. — Não quero me lembrar de nada que tenha vivido antes dele. À partir de agora tudo o que desejo é ser um novo homem, com uma nova vida; uma vida que preciso saber se você, a única mulher que um dia amei, estaria disposta a compartilhar. — Sidney cerrou os olhos. — O que escuta agora é minha voz, Charlotte, mas saiba que o pedido que tenho a lhe fazer ressoa também em cada uma das batidas de meu coração...— Ele respirou fundo. Charlotte também o fazia, mesmo que não estivesse em condições de notar. — Case-se comigo, Srta. Heywood — disse, enquanto puxava a mão dela de encontro ao próprio peito, levando-a a tocá-lo sobre o tecido molhado do casaco — Desejo lhe dar meu sobrenome, meu corpo e minha alma. Pertencer inteiramente a ti, a ponto de esquecer-me quem já fui enquanto não a tive ao meu lado para me completar.

Charlotte já estava chorando, mas ao final de tais dizeres, sentiu a garganta se fechar.

O fato, entretanto, não a impediu e responder àquilo pelo que ansiava o próprio coração.

Sua felicidade estava ali, resumida em uma oferta. Naquele momento perfeito, que fora capaz de fazer valer cada lágrima derramada e parecia atender a cada prece feita.

Balançando a cabeça, ela confirmou:

— Sim... — Precisou registrar também em seus dizeres, apesar de ter a voz completamente embargada.

Sidney se levantou em seguida, tomando-a em seus braços, fazendo os corpos unidos de ambos girar.

Deus, como amava aquela mulher.

Como a queria consigo, ao seu lado e para si.

Era indescritível a felicidade que sentia ao saber que logo poderia amar Charlotte de todas as maneiras que desejava e que, junto dele, a levaria a descobrir também todas estas formas maravilhosas de amar.

Em seguida, após colocá-la com delicadeza no chão, aproximou-se dos lábios da amada, sendo absurda a necessidade que sentia de beijá-la.

— Como...? — Charlotte sabia a intenção dele e, por mais que compartilhasse (e muito) da mesma necessidade, fora incapaz de se conter.

Para ter certeza de que aquele momento era real, e de que tudo estava verdadeiramente resolvido, precisava ter certeza sobre como Sidney havia conseguido se livrar de tudo que os impedia até então.

— O filho de Eliza não me pertence. — Ele respondeu. As mãos que a prendiam na cintura sequer fizeram menção de se afastar — Sei que parece confuso, e prometo que lhe explicarei tudo mais tarde, quando for devido, mas...

Levando o dedo indicador a pousar suavemente sobre os lábios dele, Charlotte mordeu o interior da bochecha, engolindo seco na sequência. Encarando-o tão próximo, conseguia notar o alívio que ele transmitia com a realidade que acabava de compartilhar.

— Sidney, há algo que preciso lhe dizer...

A jovem iniciou, mas logo um burburinho começou a ecoar do outro lado da igreja.

Sanditon - Segunda Fase (Fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora