Sina estava no seu home office fazendo algumas pesquisas numa sexta a noite qualquer, de pijama, cansada do trabalho. Escrevendo um artigo científico para o assunto de biologia daquela manhã, não desgrudar da sua cabeça mais. Até ouvir uma pedrada na sua janela, olhou para trás mas não se importou, pois poderia ser os meninos de seis anos da casa ao lado, filhos de sua vizinha. Mas tacaram de novo, outra pedrinha pequenininha, ela foi abrir a janela para ver quem era; Noah, atrás de sua casa com algumas pedrinhas na mão e estava pronto para tacar outra quando ela abriu, mas se segurou e deu um sorriso de desculpas, Estava muito frio e a brisa do vento bateu forte na janela, ela pediu para ele esperar com um sinal e foi pegar seu casaco de crochê branco e saiu do quarto em direção à sala, enrolada nele, seus pais estavam assistindo ao noticiário na televisão e não a notaram sair. Lá estava ele, enquanto ela se aproximava, ele aumentava o sorriso, como se fosse a primeira vez em que a via na vida, como se fosse a mulher mais linda do mundo; e aquilo de certa forma era verdade na cabeça dele.
- Você está parecendo uma vovózinha - debochou ele, rindo
- O que quer essa hora da noite? perguntou ela, séria
- E-eu...
Eles nem notaram que o pai dela espiava pela janela, afastando um pouco a cortina e observando os dois conversando.
- O que está fazendo? - perguntou Silvana, a Srta Deinert, comendo um balde de pipoca.
- Shhh - disse o seu marido
- O que foi? - perguntou ela de novo
- Sina está com aquele garoto de novo, lá fora, o tal do cantor
- E o que tem demais nisso? anda, saia daí - disse ela, tacando pipoca nele - deixe a menina namorar.
Ele ficou bravo quando percebeu que ela estava andando com ele agora, segurando sua mão, indo para algum lugar.
- Ela foi embora, 'tá satisfeita agora? - perguntou ele, bravo e se sentando no sofá.
- Ela tem 16 anos mas é uma menina muito responsável, sempre volta no horário, deixe-a ir
- É muito corajoso da sua parte. Eu ainda não me acostumei
- Depois eu mando mensagem perguntando se está bem, pare com isso homem!
Ele cruzou os braços, a única pessoa em que ele não mandava naquela casa, era ela.Eles estavam caminhando na rua escura, ele de calça jeans e só com a camisa agora, deu o seu moleton para ela, que estava com um pijama muito fininho. Ela com as mãos no bolso do moleton e ele as mãos no bolso da calça, tanto de frio quanto nervosos.
- Eu escolhi esse horário porque sabia que não corria risco de ter alguém para tirar fotos, sabe? - explicou ele, tentando quebrar o silêncio, mas falhou miseravelmente, porque ela continuou calada com as mãos no bolso.
Era a segunda vez que saíam juntos, novamente, em cinco semanas.
- Eu comecei a série que você me indicou
- Qual?
- Ah... - ele fechou os olhos fazendo esforço para lembrar o nome.
- Gossip Girl? PLL? How i met your mother? - chutou ela
- Não, a... Friends! isso, friends. E eu tenho que dizer, eu achei maravilhosa você tem um gosto incrível eu morro de rir a cada episódio
- Obrigada, eu te disse que é boa, a Hina não quer ver nada dessa... a gente pode assistir juntos qualquer dia
- Por mim seria ótimo.
Houve um longo silêncio entre eles enquanto andavam, na penumbra da noite fria, bagunçando os cabelos de ambos. E Sina reparou, ele ficava muito lindo de cabelo bagunçado na frente, meio cacheadinho.
- O que foi? - perguntou ele, com ela o olhando
- Nada - disse ela, desviando o seu olhar do dele. Mas ele continuou a olhando. Ficaram calados até chegar na casa dele. Era muito longe da dela, até passaram pela escola, e não era tão longe da escola.
- Chegamos! - disse ele, tirando a chave do bolso. De fora, já notou que a casa dele era a mais luxuosa dali, comparada com as outras, como a sua, de dois andares só que muito maior e muito mais bonita. Ele abriu a porta para ela e a fechou quando ela entrou, ela impressionada com a beleza do lugar, um lustre enorme bem no meio e uma enorme escada no meio que dava para os quartos, as paredes brancas um cômodo do lado esquerdo sem porta, era a sala, com uma enorme televisão também. Ele ficou a olhando, ela maravilhada com a casa e ele com o expressão dela de impressionada.
- Desculpa, é falta de educação - disse ela quando notou que ele a olhava
- Não, o que é isso! Fique à vontade. Vem, vamos subir.- disse ele, pegando na a mão dela na escada, que dava para os quartos.
- Seus pais não estão aqui? - perguntou ela, antes de subir
- Eles não vão se importar
- ah... Ok - disse ela, subindo com ele até seu quarto, que parecia mais um quarto de hotel com uma cama de casal, uma mesa com um computador e um banheiro nele, com uma banheira.
Ela riu.
- O que foi? - perguntou ele
- Dá última vez que eu vi não estava arrumado assim, deu para ver pela tela
- É, eu não queria passar vergonha então...
- Hum, sei
Ele não acendeu as luzes, apenas um abajur. Ela tirou o moleton e ficou só com o pijama.
- Bom, o que estamos fazendo aqui?
- Ah certo... eu estava... bom, pensando no que você havia me falado sobre as minhas músicas e tal então eu resolvi mudar um pouco as coisas, sem toda aquela barulheira de sempre se referindo a coisas... impróprias. - ele pegou o violão e sentou na cama, ela se sentou do lado dele. - sei que você tem bom senso e eu ainda não falei com ninguém sobre isso então...eu tentei algo novo, quero sua opinião antes de falar com qualquer assessor ou com a banda, ou qualquer coisa do tipo
- Mostra!
- Tudo bem... estou nervoso - disse ele e começou a tocar a música.
Sina escutou com bastante atenção, a melodia era linda, a letra maravilhosa e ela remeteu aquela letra à Bianca. "seus amigos dizem que não sou bom o bastante para você e talvez estejam certos. Sei que te faço acordar cedo quando volto para a casa tarde" tinha tudo a ver, talvez fosse, talvez não.
- Good intentions o nome - disse ele, quando terminou, sorrindo e tapando o rosto com vergonha.
- Eu achei maravilhosa - elogiou ela
- Obrigado.
- De onde tira tanta inspiração?
- Ah, eu... - começou ele, coçando o pescoço com a mão direita - sei lá tenho boas idéias ou me inspiro na história de algum personagem. E então, o que você acha?
- Acho que deve conversar com seus... chefes ou sei lá o que são
- É bem diferente do que o público 'tá acostumado a me ouvir cantar
- É. O choque de realidade vai ser muito grande
- Tenho medo. Já pensou? eu entro no palco e estão todos esperando para dançar e ouvir putaria e de repente... Good Intentions!
Ele riu, imaginando a cena
- Você levaria muito ovada e vaiada - disse ela, rindo.
Os dois começaram a rir, até que pararam e se olharam nos olhos por um tempo. Ele suspirou e largou o violão no chão. Ela ficou tímida, com as mãos entre as pernas, como se estivesse com frio, mas não estava e começou a balançar a perna direita, nervosa. Sentiu o toque dele na sua perna.
- 'tá tudo bem? - perguntou ele
- 'tá, 'tá tudo bem sim - disse ela, meio agitada
- eu vou pegar uma água, 'cê deve 'tá com sede.
Ele se levantou e saiu. Mandou mensagem para a Hina:estou na casa do Noah
Ela demorou dois minutos para responder:HINA❤: SININHO SAIA DAÍ AGORA
HINA❤: AAAAA EU SABIAAANoah voltara com a água, dando para Sina beber, encostado na porta, com as mãos no bolso, olhando para ela. Ela ficou o encarando por um tempo, no quarto meio escuro, iluminado apenas por um abajur e as luzes dos postes na rua, com a janela aberta. Não sabiam tudo sobre um ao outro mas se conheciam o bastante para entender aquela troca de olhares e o que se passava na cabeça de ambos; Sina captou o sinal. Talvez, só talvez... já estivesse apaixonada, mas não queria, prometeu a si mesmo e para a Hina. Mas a vontade de ficar perto dele era tão grande, se falavam tão pouco pessoalmente ou então quando estavam separados por uma tela, que a vontade de se abraçar só aumentava. Ela o encarou por um tempo e se levantou, colocando o copo no chão e caminhou bem devagar até ele, à centímetros do seu rosto.
- Oi - disse ele, bem baixinho, dando um sorriso tímido e olhou ligeiramente para baixo.
Ela segurou seu queixo e o olhou nos olhos, ele lentamente se aproximou de seu rosto, segurando sua nuca e a beijou. Ela o pressionou contra a porta, com as mãos entre os cabelos dele. A batida do seu coração acelerou quando ele a abraçou forte, colando seu corpo ainda mais no dela. Estavam ficando mais fervorosos e agitados, com pressa. Ele segurou de leve a alcinha da blusa dela na intenção de tirá-la, passou o polegar de leve pelo pescoço dela chegando até o queixo. Noah estava muito concentrado no toque para pensar, mas Sina, o afastou por um momento e parou de beijá-lo. Não poderia passar dali, era um campo muito perigoso e principalmente se tratando dele. Viu como era seu relacionamento com a Bianca, e no momento em que pensou nela, uma onda de culpa passou por seu corpo.
- O que foi? - perguntou ele
- Nada, eu... - disse ela, se afastando dele e esfregando o rosto, depois sorriu ironicamente.
- Sina, o que foi? - perguntou ele novamente, confuso
- Eu não posso, isso... - disse ela, apontando para ambos - não pode acontecer
- O quê?
- É eu... me leva de volta para a casa, desculpa - disse ela
Ele ficou paralisado por um tempo, olhando decepcionado para ela. Até que se moveu indo em direção à uma porta, que Sina ainda não tinha visto, era um closet, muito bem iluminado, estava procurando algo entre os moletons pendurados... Pegou uma camisa preta com uma foto do Michael Jackson no meio e deu para ela
- Vai precisar disso, é mais quente do que esse pijama
- Obrigada
- Você tem razão... as pessoas falam e... Depois de toda aquela confusão eu acho que é melhor parar por aqui... Eu sei, não é o tipo de coisa que eu me preocuparia, mas...
Ela olhou para ele, meio triste, só queria ficar com seu corpo grudado no dele. Mas a Hina tinha razão... se realmente estava gostando dele e acontecesse algo, iria sentir falta ou ficaria destruída por dentro. Era confuso, ao mesmo tempo em que parecia ser o cara com os maiores defeitos do mundo, era o cara mais incrível do mundo; a forma como olhava para ela como se fosse a coisa mais preciosa do mundo, fazendo ela se sentir especial, como a ambição dele a inspirava, que a fazia pensar que poderia chegar a qualquer lugar, e aquela música que ela queria ouvir pelo resto de sua vida.
Ele a levou de volta para a casa no carro, mas no meio do caminho ela quis dar uma passeada, ele estacionou o carro e partiram; No maior silêncio, exceto pelo barulho dos grilos e alguns regadores automáticos na frente de algumas casas, dois deles assustaram Sina, que fez o Noah se segurar para não rir. Ela de repente lembrou de good intentions e não se segurou para perguntar:
- Dssculpa mas... eu não pude deixar de notar a letra
- Como? Ah, sim entendi
- Eu interpretei de uma forma; você é o cara que ferra com a vida dela e faz uma musiquinha para aliviar... mas o que você realmente queria dizer com tudo aquilo?
- Bom... de certa forma você está certa. Mas não, quando eu a escrevi eu estava pensando no meu momento, eu estava refletindo sobre meu cenário atual. Sabe? Tipo... uma pessoa parece que praticamente é impossível de você ter por perto porque você causa mal a esta pessoa, e as pessoas ao redor dela sabem disso... Sina.
Ela suspirou, captou esta mensagem também... a letra de certa forma se encaixava com os dois.
- Noah, você não me causa mal nenhum
Repentinamente ela se arrependera do que dissera, pois poderia ser apenas uma coincidência e na verdade aquilo tudo se referia à Bianca... mas ele não esboçou nenhuma reação. Ele a deixou na frente da casa, sem chegar perto da porta, acenando um tchau quando ela entrou. Quando ela chegou ao seu quarto, mandou mensagem para a Hina:
Eu cheguei em casa, não aconteceu nada.
Hina pelo visto estivera ansiosa esperando por notícias, porque respondera quase que imediatamente.
Hina❤: Uffa!
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WAKE UP
Fanfiction[+14] [CONCLUÍDA] Noah e Sina se conhecem em uma escola de classe alta da Inglaterra, e ambos se apaixonam mas erros cometidos por familiares no passado, acabam desencadeando vários crimes, o que os impedem de ficar juntos. Sina | Se eu soube...