WAKE UP

CAP 37 - You're not an angel

sininho: Oi, será que podemos conversar?
Sina enviou logo cedo, enviou uma mensagem a Noah, dizendo que o esperaria na praça da cidade, as cinco da tarde, mas ele não respondeu. Pensou que talvez ele não quisesse falar com ela, porque ele nem se quer viu a mensagem. Se sentiu mal por isso - Hina tem razão, é melhor eu deixar ele de lado. Vai ser difícil, mas nem tudo é tão fácil assim - pensou ela, a caminho da escola.

- Okay, esperem um minuto aqui que eu vou chamar ele - disse Heyoon, saindo da sala, estava se referindo ao engenheiro musical. Champ Change estava no Stúdio de gravações.
- Bom, ele vai chegar um pouco atrasado hoje, então tenham paciência - disse Heyoon, voltando ao estúdio e entregando a eles uma garrafa d'água e alguns copos descartáveis.
-Obrigada baby - agradeceu Noah.

- Ele não responde as minhas mensagens - disse ela, caminhando pelos corredores da escola com Hina e Shivani
- Nossa, que escroto! - disse Shivani, indignada - acho que ele não te ama mais
- Concordo - concordou Hina, parando para abrir seu armário e pegar alguns livros, Sina fez o mesmo.
- Não estou vendo a Yoon em lugar nenhum - disse Shiv
- Acho que ela não vem hoje - disse Sina, num tom cativante
- Talvez esteja atrasada - disse Hina, e deu de ombros.
- Agora me lembrei, ela disse que não viria porque tinha algo para resolver no Stúdio ou algo assim.
- Oi meninas - se aproximou aos pulinhos, Bianca
- Oi - responderam em coro
- Eu fiz a ultrassom ontem e... é menino
- Sério? Ah, parabéns - disse Sina, animada
- Obrigada amanhã mesmo vou sair para comprar as coisinhas dele. Mas tchau, tenho que ir ali - disse ela, seguindo seu rumo e esbarrando de leve em Hina
- Espera - disse alto Sina, impedindo ela de seguir seu trajeto - eu preciso falar com você depois... é importante
- Tudo bem - disse Bianca, desmanchando seu semblante - depois da aula então, daqui a pouco entro na sala, vou resolver algo primeiro
- Okay.
Hina esperou ela se afastar o suficiente para que não ouvisse nada.
- O que aconteceu?
- Nada
- Por quê quer falar com ela então?
Perguntou Hina, batendo forte a porta do armário. Continuaram a conversa seguindo o trajeto até a sala.
- Eu... bom... não é nada demais.
- Ah não Sina - disse Hina, ficando na frente dela, impedindo-a de andar -, por favor não me diz que...
- O quê? - perguntou Shiv, meio confusa e muito nova naquela conversa
- Ela acha que Bianca não quer dizer quem é o pai porque acha que o pai é o Noah, por favor - disse Hina, ainda olhando para Sina, que arqueava a sobrancelha
- O quê? - disse Sina, indignada
- O que foi então?
- É só... não... Hina...
- O que tem de tão importante assim para falar com ela então? E porque se ofereceu para ajudar ela, esperava que ela ficasse vulnerável e falasse algo?
- Como é?
- Por favor, pára, você não é nenhuma santa.
Sina ficou boquiaberta e calada por alguns segundos até atropelar Hina e caminhar irritada até o banheiro, desviando o caminho da sala.

Não havia ninguém no banheiro, ela entrou em uma cabine, trancou a porta, abaixou a tampa e se sentou em cima do vaso. Sentiu uma dor no peito e começou sua respiração começou a falhar. Fechou os olhos e tentou manter a calma.
- Sina? - Shiv entrou no banheiro perguntando por ela. Sina abriu os olhos. - está tudo bem?
- Sim - respondeu Sina, segurando o choro.
- Que bom então. Não vai assistir a aula?
- Não
- Okay - disse Shiv, suspirando.
Ela se sentou no chão do banheiro, que por sorte, estava limpo. Colocou a mochila ao lado, tirou um refrigerante em latinha da bolsa e um pacote de Doritos, e começou a comer. Sina ouviu o barulho e o cheiro do salgadinho.
- O que está fazendo? - perguntou Sina, seus olhos estavam lagrimando e a máscara de cílios estava se desfazendo com as lágrimas, mas se esforçou para a sua voz não falhar com o barulho do choro.
- Comendo, eu não tomei café da manhã, por quê? Quer um pouco? - disse ela, lambendo os dedos
- Não, quero saber o que está fazendo aqui, por quê não vai para a aula?
- E por quê você não vai?
- Não estou a fim
- Eu também não.
Sina fungou, pegou um pouco do rolo de papel higiênico e limpou as lágrimas. Se olhou no espelho da maquiagem e tirou o excesso de cílios do rosto. Abriu a porta e saiu do banheiro, sentando-se ao lado de Shivani, que a ofereceu o salgadinho mas ela recusou. Elas ficaram ali por um longo tempo caladas, Sina não parava de mexer no zíper da bolsa, abrindo e fechando.
- Sabe... - começou ela, suspirando - eu descobri que minha vida toda foi uma mentira - Shiv parou de mastigar para dar total atenção ao que ela falava -, meu pai nem sempre foi quem dizia ser. É inacreditável. Meu pai na verdade é uma pessoa horrível, um ser desprezível, e que teve a coragem de matar a própria esposa e acabar com a vida dos próprios filhos. -  Shivani estava totalmente perdida naquela conversa, e um pouco assustada... mas resolveu ficar calada e escutar - Não posso imaginar o quão difícil foi para a minha mãe viver com ele, e ela aguentou tudo por mim... por sorte chegou meu pai e a tirou daquele pesadelo. Felizmente ela conseguiu se livrar dele, mas a única coisa que eu não entendo é porque não me contaram aquilo antes.
- Talvez por medo. Pelo o que você me falou ele é uma pessoa horrível e sua mãe queria que você ficasse bem longe dele - Shivani começava a entender a história, e ficaria animada com a história se ela não fosse verdade, se não estivesse vendo Sina segurando o choro para contar.
- É, talvez. Tal pai, tal filho. E se o filho da Bianca nascer sem saber que é seu pai? Pode muito bem ser o Noah e a gente não sabe
- Mas faz muito tempo que eles não se veêm
- Você acha? Eles podem ter se encontrado escondido, assim que a gente terminou. Ele está muito diferente.
- Não, ele sempre foi assim - disse Hina, entrando no banheiro. Se sentou ao lado de Shivani, pegando um pouco de doritos - a aula de matemática está um saco. Me desculpe, eu não deveria ter falado daquele jeito.
- Tudo bem.