CAP 22 - Talking to the moon

161 9 4
                                    

- Ai 'tá quente, quente, quente - dizia Sina, tirando a torta de morango do forno e colocando emcima da mesa, mesmo com uma luva na mão ainda queimava, ela tirou a luva e soprou a mão. -, mas acho que ficou bom... pelo menos o cheiro está gostoso. - Ela olhou ao redor, já havia preparado o frango, um bolo que na verdade faltava fazer a cobertura e estava suja a mesa de farinha de trigo - Ai 'tá tudo uma desgraça!
- Quer ajuda? - perguntou a mãe dela, entrando na cozinha com as compras
- Ai, está muito frio lá fora, trouxe o molho de tomate que você me pediu
- Obrigada
- Papai vai sair mais cedo do trabalho, não vai?
- Vai sim, e sua vó está vindo
- A sua mãe?
- Não...
- Ai que saco, se ela falar mal da minha roupa eu vou tacar essa torta na cara dela
- E sua prima Dyarra também
- Que saco, duas nascizistas chatas
- Eu também não gosto mas seu pai as convidou então
- Começamos bem! - disse Sina, sarcástica e suspirando.

Quando chegou a noite, Sina estava com uma linda calça jeans escuro e uma blusa vermelha com mangas compridas e botões pequenos perto do peito e um tênis preto. Alguém tocou a campainha e ela atendeu, deu um boa noite seco para Dyarra e sua tia, Anni, que era quase tão alta quanto a filha, um pouco menor e mais gorda mas eram idênticas o rosto, não tinha como dizer que não eram mãe e filha. Anni deu o casaco para ela segurar e nem a olhou nos olhos. Sua prima pelo menos deu um abraço. Sina mexeu os lábios para sua mãe, da cozinha "Já começou".

Noah estava na sala da casa da avó do Josh, ela era realmente uma senhora e tanto, já havia xavecado o Noah mais vezes mais do que ele fora em toda a sua adolescência, usando adjetivos antigos, inclusive "pão". E estava jogando xadrez com ela na enorme sala que tinha uma gigantesca estante cheia de livros, uma grande janela à direita e do lado do sofá, onde estavam sentados tinha umas três garrafas de whisk, que ela ofereceu à ele e Jacob tomou uns cinco copos.
- Não dou ao Josh porque ele ainda é um bebbezinho - disse ela e Noah riu
- Eu sou mais velho que ele - gritou Josh, do outro lado da sala, conversando com seu pai.
- Mas você ainda é um neném - debochou Noah fazendo voz de bebê.
Josh revirou os olhos.
- Se eu soubesse que iam se dar tão bem, teria deixado ele em casa - disse Josh baixinho, para o seu pai
- Um menino tão bom com um pai tão desgraçado, como pode?
- Uhum...

Sina não disfarçava a cara de enjôo quando Anni abria a boca para falar da Dyarra e sobre si mesma, a cada palavra da tia era uma revirada de olho.
- Eu quero me matar - sussurrou ela ao ouvido da mãe, quando estavam reunidos na sala, esperando o jantar.
- Eu também, mas tenha paciência, é só essa noite - respondeu ela baixinho para a filha, segurando um falso sorriso no rosto. O pai ria o tempo todo das piadas sem graça da irmã. Sina e Letícia eram literalmente as únicas pessoas infelizes naquela sala. O único momento em que a Sina quase riu de verdade (mas se segurou) foi quando Anni contou que Dyarra havia ficado com um cantor famoso, mas a garota ficou constrangida e repreendeu a mãe, mas ela continuou contando. - Não acredito que ela está mentindo só para não ficar por baixo, tão cínica - pensou ela. E de repente lembrou dele. Desejou estar com ele e não ali, ouvindo sua tia falar asneiras. - Ele está passando o natal sozinho, provavelmente - mas mal ela sabia que ele estava um pouco mais distante e fora de uma cela. Sua mente estava longe agora, por um momento esqueceu que parte da sua família estava ali e decidiu sair e quando tocou na maçaneta:
- Ei, aonde vai? - perguntou o pai dela
- Ah... eu vou ver a neve... eu acho - ela saiu batendo a porta um pouco mais forte do que devia. Letícia percebeu que ela estava incomodada com algo.
-Letícia, sua filha é estranha - soltou Anni, e Let não se deu o trabalho de esconder a raiva que estava sentindo. Sina percebeu que as luzes coloridas que havia pendurado lá fora estavam cobertas por neve, no chão, era a primeira vez que via aquilo, ela pegou o celular e tirou uma foto. Havia algumas crianças na frente de suas casas brincando e jogar bola de neve, Sina cruzou os braços um pouco por conta do frio, se sentou na escadinha da frente de sua casa e observou a lua; pensando nele.

Noah olhava pela janela da sala, resolveu ficar sozinho porque a família do Josh estava na enorme cozinha bebendo vinho, tendo conversas chatas, e não podia ficar perto das primas dele porque uma delas havia dado em cima dele, chegando bem perto dele com o seu decote, ele estava um pouco vulnerável por conta das várias doses de Whisky, mas naquele momento ele só lembrou dela; agora, observando a lua por aquela enorme janela, morrendo de saudades.
- Vai tomar no olho do seu cú - a avó do Josh entrou na sala rindo, mostrando o dedo do meio para alguém, estava mais bêbada do que ele. - ah, o que faz aí meu jovem?
- Ah, oi, nada...
- Ela não se importa com você, pare de pensar nela
Noah riu
- Anda, conte-me o que está se passando nesse coraçãozinho?
Ela perguntou, passando a mão no meio do peito dele, onde ficava o coração.
- Ele... está pesado - responde ele, e deu um sorriso meio forçado
- Nada que uma dose de cachaça não resolva
- Não, não, não a senhora... passou da conta
- Olhe só, tão preocupado comigo. - ela sorriu tocando no rosto dele - mas me diga, o que está acontecendo?
- Ah, minha namorada...
- Oh, uma garota
- É, pois é ela... eu acho que só atrapalho a vida dela às vezes
- Por quê você acha isso?
- Por eu ser quem eu sou, pela vida que eu tive, por meus pais, tudo é mais complicado do que seria para uma pessoa normal e... tenho medo de que ela encontre alguém melhor que eu, o que muito provavelmente vai acontecer - ele finalizou, chorando
- Ai meu querido não deixe que isso aconteça. Escute, sei que o amor é muito difícil, acredite em mim, você só precisa fazer um pequeno esforço mas lembre-se: só é amor de verdade quando os dois lutam por ele.

Srta. Deinert saiu porta a fora procurando pela filha e ela sen encontrava sentada, olhando a lua e as estrelas.
- Ei - ela disse carinhosamente, sentando ao lado da Sina e oferecendo uma caneca com chocolate, estava quente - o que foi?
- Nada, estou bem
- Não está não. O que houve? foi alguma coisa que aquelas otárias disseram?
- hum-hum - negou Sina, parecendo uma criança.
Let observou a filha olhando as estrelas.
- Entendi - suspirou ela - ai filha, eu não gosto de ver você assim, com o coração tão pesado, ainda por cima por um homem
- Eu também não
- Escuta, eu não sou a melhor pessoa para dar conselhos amorosos mas uma coisa que eu te digo é: sempre se coloque em primeiro lugar de tudo, primeiramente é você, depois ele.
Houve um breve silêncio entre elas.
- Entendi. Obrigada. - disse Sina, finalizando a conversa.
Ouviu-se o barulho do sino do relógio marcando meia noite... a cidade inteira naquele momento estava se abraçando, desejando um feliz natal à todos. Sina abraçou sua mãe e deu feliz natal.
- Te amo filha
- Também te amo.
- Ai minhas costas - ela pegou a sua caneca de chocolate e levantou - você não vai entrar?
- Daqui a pouco eu entro.
Sina pegou o telefone, mandou a foto das luzes cobertas de neve para Hina, Any, Bailey, Saby e... apenas um "Feliz Natal" para o Noah, apesar de ter certeza que ele não veria, pois não estava com seu celular. Um minutos depois veio uma resposta:
Saby💕: Feliz Natal😘 uau, essa foto é da sua casa?
Ela apenas guardou o celular no bolso, meio decepcionada porque esperava que Noah a responderia. Ela então resolveu entrar, mas assim que virou as costas, um carro estacionou em frente a sua casa e ela ouviu barulho de porta de carro batendo, muito forte e se virou.
- Valeu pela carona
- De nada.
Lá estava Noah, sorrindo para ela. Caminhou até ela bem devagar.
- Oi - disse ele
- Demorou hein
- Ah, me desculpa é que eu... tive um imprevisto. Você está linda. Mas e aí? como é que vai a vida?
- Por enquanto tudo bem
- O que estava fazendo aqui sozinha?
- Como é?
- Você, estava aqui sozinha, antes de eu chegar, certo? Estava esperando alguém?
- Ah não só que a família do meu pai não é lá muito agradável
- Ah sim
Houve um silêncio constrangedor entre eles.
- Vem vamos dar uma volta - quebrou o silêncio, Noah.

WAKE UPOnde histórias criam vida. Descubra agora