CAP 20 - Farewell

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A igreja estava silenciosa, escutando a oração do pastor Jonh pela mãe dele:
- Estamos aqui hoje para nos despedir de uma mãe, uma filha, uma esposa... - dizia o pastor e fez todo aquele discurso chato que Noah odiava escutar, e sua cabeça estava em outro lugar, ele olhava pela grande janelanda igreja, desenhada com vidraças coloridas, o São Jorge, através dele podia ver que
a chuva caía forte naquela manhã, a cor do clima combinava muito com o dia, as nuvens bem fechadas e cinzentas pintavam o ar. - E agora vamos fazer um minuto de silêncio - terminou o pastor. E seguiu-se um minuto de puro silêncio e se podia ouvir um choro sussurrado de Sabina, e Noah a abraçou, consolando-a, Sina estava sentada à sua direita, de olhos fechados e cabeça baixa. Toda a família do Noah estava lá; Avós, Tios, Tias, Primas, os meninos da banda, os amigos de escola do Noah; Hina, Sabina, até mesmo a Bianca, Josh, os pais da Sina, alguns antigos amigos de negócios do seu pai, todos sem excessão estavam vestidos de preto. Depois houve aquele estranho momento em que pessoas que ele nunca vira na vida dizer que sua mãe era uma pessoa maravilhosa e que agora estava em um lugar melhor, na maioria eram senhoras da mesma idade da sua mãe. Sina estava ao lado dele o tempo inteiro, dividindo um guarda-chuva, agora, todos acompanhando quatro homens levando o caixão até o carro; havia quatro, que estavam prontos para seguir o quinto, que estava bem na frente, eles iriam para o cemitério, fazer o enterro do corpo. Sina, Noah, Saby, Josh e Hina foram no mesmo carro.

No enterro, foi uma choradeira só, o pai do Noah não estava lá também, mas ele não ficou nenhum pouco surpreso. Inclusive, desconfiava que ele havia cometido aquela atrocidade. Noah não chirou em nenhum segundo, mas Sabina estava sendo abraçada por ele, pois estava em prantos, enquanto os rapazes colocavam o caixão dentro da cova. Noah sentia raiva.

- Não há alguém de quem você desconfia?
- Sim, meu pai. - disse Noah na delegacia três dias depois do enterro, as investigações seguiam. Sem digitais na faca, o criminoso tomara muito cuidado. Sem câmeras, sem provas, as câmeras da casa dos pais dele não funcionavam havia um tempo, mas ele tinha certeza que foi o pai dele quem tirou para não ter vídeos ou provas que o flagrasse saindo com uma faca na mão ou algo do tipo.
- Por quê?
- Bom, eles não se davam muito bem e... certa vez ele a agrediu, você pode não acreditar mas ele a espancou e ela me acusou
- E por quê ela faria isso?
- Porque queria livrar a pele dele de mais um processo. Tem esse amigo, um dos sócios da companhia desse cara - disse ele, se referindo ao qual ele não queria mais chamar de pai. - E esse amigo tem uma filha que gosta muito de mim, mas eu não e... o cara e a mamãe usaram isso para conseguir dinheiro desse sócio
- Pode nos dizer o nome desse sócio?
- Sr. e Sra. Wilson. A filha deles é Bianca Wilson.
Noah contou todos os detalhes, ele apenas não foi o principal suspeito porque estava nos Estados Unidos e teve provas disso.

Dois dias depois, a polícia bateu na porta da casa do Josh, e Noah foi detido; um cara chamado Collin ligou e "confessou" que Noah o havia contratado para matar a própria mãe e foi preso, ficaram na mesma cela, ele havia levado um documento que comprovava 30 mil havia sido transitado da conta do Noah para a dele. Mais um escândalo. Sina ouviu uma garota comentando nos corredores e percebeu a ausência dele na escola.
"você viu? depois que essa garota apareceu na vida dele tudo começou a desandar"
"quando estava com a Bianca não fazia essas merdas"
Ela já estava no limite. Tinha ido do céu ao inferno em questão de dias, só queria distancia de todo aquele pesadelo.
- Terapia é a melhor solução - disse Sabina, que desde o enterro da mãe do Noah, se aproximara mais dela e da Hina. - Não estou brincando, isso me ajudou muito quando meu cachorro morreu.

Outubro

Duas semanas que Noah estava preso suspeito de mandar matar a própria mãe, e o pior, estava cada dia mais se afundando em uma depressão desgraçada, ele não contou à ninguém mas naquele mesmo ano se havia cortado os pulsos duas vezes, Sina notou isso certa vez, mas não comentou nada. Seu aniversário de dezoito se aproximava e ele passava raiva e se segurava todos os dias para não cair na porrada quando descobriu que o cara com quem dividia a cela, era o mesmo que mentira sobre ele ter mandado matar sua mãe. - Você, obedecendo um pivete de dezessete anos? - riu o policial - é muita necessidade de dinheiro - debochou o policial. O cara se chamava Collin, tinha 28 anos e essa era a única coisa que Noah sabia sobre ele. Ele era muito esquisito e todos perceberam isso; à noite ele ficava na porta da cela falando sozinho, mas para Noah, ele dizia que era uma tal de Anabel, que segundo ele era sua melhor amiga. Aquele cara era louco. E quando Noah perguntava o por quê ou quem mandou ele acusar Noah de ter matado a própria mãe, ele voltava e conversava com uma tal de Nicole, que segundo ele, era a namorada dele do ensino médio. No dia seguinte, ele apareceu de cabeça raspada, o que o deixou com mais cara de psicopata ainda. Mas quando os policiais vinham entregar comida, ele era o que se poderia chamar de cara mais normal do mundo, Collin também era muito narcisista, quando eles conversavam, por exemplo, sobre a teoria da terra plana, Noah mentiu que acreditava, só para deixar ele irritado, e ele tentou provar de todos os ângulos que ele estava certo, espumando de raiva.
- Mas quando olhamos para o horizonte vemos o mar reto, não redondo.
- Mas é óbvio seu garoto burro, agora, se olhasse do espaço, veria que está completamente equivocado.
- Seu professor o fez acreditar nisso?
- Não, garoto idiota! É a verdade, sua mula.
Noah riu da expressão de raiva dele.
- Mas e então, foi meu pai quem te mandou aqui, não foi?
- Nicole? - disse ele, olhando para o lado - sim, meu amor, podemos sair amanhã à noite.
Noah revirou os olhos... era sempre assim.
Ele passou a receber as visitas do Josh e da Sina. Uma vez por semana. O resto da banda não foi nenhuma vez, Josh deu o recado de que eles não queriam mais Noah como vocalista e Simon também o eliminou do contrato.
- O quê? - disse Noah, um pouco mais alto do que deveria
- Disseram que você estava acabando com a imagem deles.
Nesse momento, Noah apertou as mãos de tanto ódio por alguns segundos e quando Josh o foi consolar:
- Olha cara, eu sinto...
Noah soltou um grito alto de raiva, como se fosse um ogro, assustando o amigo, se levantando da cadeira, nem mesmo Josh entendeu a sua atitude e os policiais o seguraram e o levaram à força de volta para a cela.
- Simon Fuller, eu te odeio - ele gritava, deixando Josh constrangido - Xix, eu quero que você se foda!

Novembro

As provas de fim de ano estava chegando e com ela, a ansiedade que os alunos sentiam. Sina estava tranquila, pois independente da nota do que eles chamavam de 'provão final', estava bem em todas as matérias, de todos os semestres, ao contrário de Hina, que estava meio mal em Francês e Biologia, Sina prometeu que a ajudaria. As visitas do Noah estavam suspensas desde aquele ocorrido. Dia 6 de novembro:
- Happy birthday to you, Hmhappy birthday to you, happy birthday, Noah... happy birthday to youuu - Noah acordou e deu um salto, assustado, Collin estava ao seu lado com um bolinho, uma pequena vela acesa em cima dele.
- Cara, o que está fazendo?
- É seu aniversário, não é?
Noah o olhou com indignação, a loucura dele ultrapassara dos limites.
- Ah, obrigado?
- De nada, boa noite, pode voltar a dormir.
Noah pegou o bolinho e Collin voltou para a cama e dormiu, como se nada tivesse acontecido. Noah dormiu as noites seguintes muito nervoso, o que esse cara poderia fazer enquanto ele dormia?
Dia 12, suas visitas voltaram ao normal. Sabina o abraçou forte.
- Me desculpe não ter vindo antes, estava cheia de coisas para fazer - disse ela, abraçada no pescoço dele antes de o policial o mandar parar
- Muito contato.
- Oh, como você está?
- Bom, bem mal... e você?
- Poderia estar melhor... as provas finais estão um saco, ai me desculpe não podermos ter comemorado seu aniversário, por favor!
- Tudo bem, eu entendo perfeitamente
- Ai que bom!
Ela contou sobre tudo, ele se segurou para não perguntar sobre Sina, que era a pessoa que mais sentia falta.
- As pessoas estão comentando muito? Na escola?
- Na escola?
- No geral
- Bom... na internet, nem tanto quanto antes. Na escola... a mesma coisa... é, é isso. Porque estão todos ficando malucos com essas provas 'tá todo mundo maluco. Então, não se preocupe, vai ficar tudo okay!

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