secrets and lies

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Minhas mãos deslizavam pelo seu corpo, eu sabia que não poderia continuar com isso ou aconteceria a mesma coisa que aconteceu na última vez. Eu e Carol precisamos conversar e dizer o que esperamos uma da outra. Não sei se Carol está disposta a me ter de novo, na verdade eu nem disse a ela que desejo isso, mas pelo menos ela ainda me ama e isso é um começo bom, não é?

Separei nossos lábios vendo a expressão séria em seu rosto, o V formado em sua testa mostra uma, talvez, indignação. Ela veio em minha direção de novo, ela queria mais e eu também, mas não irei beija-lá até falarmos sobre o que rolou nesses dois últimos anos.

— Estava com saudade... — Falei quebrando o gelo, Carol voltou a sentar em seu lugar ao meu lado. Ela ainda estava ofegante, mas logo acertou sua respiração relaxando em seguida.

— Eu também estava, você sabe. — Sua voz transmitia uma frieza incomum. Eu sentia que eu voltaria a Londres sem Carol. Minha ideia não é levá-la, minha ideia é ficar junto a ela sem importar onde seja. Preciso lhe dizer isso.

— Eu vim porque quero ficar com você, mas dessa vez pra valer. — Saiu um longo suspiro de seus lábios, parece que ela já escutou essa história muitas vezes. Eu sempre lhe disse isso, não é?

Nos primeiros dias sem Carol eu sentia uma enorme dor no meu peito, tudo que eu fazia me lembrava ela. Assistir um programa de televisão me fazia lembrar de quando brigávamos para decidir o que assistir, quando tal música tocava eu lembrava das danças malucas que ela fazia de vez em quando. Quando eu tomava meu café e não tinha para quem levar uma outra xícara, ou até brigar pelo último gole de café. Era uma dor insuportável que se manteve presente por dois anos. Eu apenas aprendi a lidar com ela.
Mas não quero que essa história se repita.

— Eu sei que já falei isso antes, milhares de vezes. Você não precisa voltar comigo, eu posso ficar e... — Carol respirou tão fundo que me fez parar de falar, ela quer me dizer algo não é? Ela está se preparando. O que está havendo, Caroline?

— Eu estou pretendendo me mudar, Day... pelo menos por um tempo. Eu percebi que tenho 25 anos e sempre vivi presa aos meus pais... — Ela engoliu em seco. — vou viajar, talvez por um bom tempo. — Meu rosto estava queimando, talvez seja o nervosismo de estar vendo Carol ir embora dessa vez. Não posso deixar ela ir assim... não sem mim.

— Eu vou com você. — Falei decidida e Carol riu. — Estou falando sério, eu voltei na intenção de ficar com você e vou ficar onde quer que seja. — Ela tocou em meu rosto, fez um carinho gostoso.

— Pelo que te conheço, você precisa sempre de um plano. Eu não tenho um plano. — Ela acha que vou desistir assim? Ah, Caroline, não vou te deixar escapar de novo.

Meu plano é você, é te fazer feliz. — Ela se levantou, voltando para a cozinha e levando as xícaras de café. — Você ainda me quer? — Perguntei vendo ela colar os olhos em mim. Minha garganta secou, senti um medo enorme dela dizer que não.

— Sim, mas esse não é o problema. — Ela balançou a cabeça. A ilha de sua cozinha nos separava, eu queria toca-lá, abraçá-la e dizer que não há mais problemas.

Talvez eu esteja sendo muito otimista.

— Não há mais problemas... — Ela revirou os olhos, ela estava abalada. Estou fazendo ela ficar mal.

— Eu não consigo confiar em você... — As palavras saíram de sua boca como uma facada, eu vou ser egoísta senão entender o lado de Carol.

Engoli toda dor que estava sentindo naquele momento. Passei pela ilha, me aproximei de Carol e a abracei, sentindo seus braços passarem pelas minhas costas. Apertei seu corpo no meu e encostei meu queixo no todo de sua cabeça, aquilo nos faria relaxar.

— Sei que não vai passar a confiar em mim de uma hora pra outra, também sei que te magoei muito durante esses anos. — Respirei fundo ainda colando seu corpo no meu. — Mas permita que eu te reconquiste, permita que eu tente de novo. Eu prometo fazer o certo agora, e o nosso certo é ficarmos juntas. — Carol encostou seu nariz em meu pescoço, eu soube nesse momento que não teria uma resposta agora, mas que uma hora ela me diria o que deseja.
                                   ***
Acordei com Carol me sacudindo, havíamos dormido em seu sofá. Carol me olhava assustada, a encarei adormecida ainda. Um barulho na porta me despertou.

— Carol... — Uma voz masculina berrava do outro lado da porta. — sou eu. Abra a porta. Sei que está em casa, Caroline. — Ele batia na porta insistentemente.

— Quem é? — Perguntei me levantando e pegando minha mala. Carol estava com um olhar estranho, medo.

— Eu te explico depois, mas você precisa se esconder. — Ela segurou em minha mão e me puxou até um armário que havia em seu quarto. Não pude reparar em algumas mudanças que ela fez em seu quarto, principalmente as cortinas que tampavam totalmente a claridade das enormes janelas. — Entra aí. — Eu obedeci me sentindo mal por tal pedido de Carol. Ela fechou a porta e tudo ficou escuro.

Eu podia ouvir os pés de Carol batendo forte no assoalho de madeira, ouvi ela destrancando a porta e a abrindo. A voz masculina invadiu a casa com reclamações de como ela demorou tanto para abrir a porta, Caroline se desculpava o tempo todo e disse que dormiu no sofá e perdeu noção do horário.

— Você dormiu a noite? — A voz parecia mais calma. Escutei um "sim" vindo de Caroline. — Então por que estava dormindo agora? — Quem é esse cara e por que está controlando o sono de Carol?

— Acordei muito cedo, já são 10 da manhã? — Ele respondeu um sim seco, ficaram em silêncio por alguns minutos e ele voltou a falar.

Vá se arrumar, vamos almoçar. Seu tom autoritário me incomodava.

— Eu estou com cólica, não vou conseguir sair... — Era uma desculpa, Carol teria me dito senão estivesse bem.

— Então nós não vamos... er... cê sabe... — Carol está saindo com esse homem? A ideia faz meu peito doer e estômago se revirar.

— Acho melhor voltar outro dia, talvez daqui há 1 semana que é o tempo que demora para passar. — Depois disso tudo ficou em silêncio, o que estava me preocupando. Ouvi a batida na porta e os passos voltando.

Caroline me encarava nervosa, vermelha e totalmente nervosa. Ela está escondendo algo e eu preciso saber o que é. Segredos e mentiras, Caroline? Nunca tivemos isso. Nem ela sabia por onde começar.

— Está saindo com alguém? — Perguntei seca ainda dentro do armário. — Por que nos beijamos... — A relembrei.

— Não sai com ele ainda. — Ainda? Ela me ajudou a sair do armário. Por que eu estou tão chocada? Também sai com pessoas durante esse tempo, por que ela não poderia?

— Entendi. — Voltei para a sala de estar. Não acho uma boa ficar no apartamento de Caroline, isso poderia interferir em sua vida. — Bom, preciso ir.

— Para onde vai? — Não quero ir, mas preciso ficar em um hotel, pensar sobre o que houve e decidir como reconquistar Caroline, se é que vou poder conquista-lá.

— Um hotel. — Ela me olhou preocupada, mas preciso ser forte e ir. Fui até a porta, vendo o seu olhar cair sobre minhas malas. — Sabemos que não posso ficar. Jante comigo? — Pedi vendo ela me olhar surpresa.

— Vou pensar sobre. — Abri a porta e sai, indo em direção ao enorme corredor que me levaria ao elevador.

Eu não olhei para trás, mas deveria? Deveria voltar e beijar Carol em despedida? Não. Você prometeu conquista-lá sem repetir os erros. Mas antes de entrar no elevador, eu a olhei e ela me encarava, sorri recebendo um outro sorriso de volta.
Ao chegar na recepção uma notificação chegou em meu celular. "Jantar? Não me parece uma má ideia. As 20h00?"

Pelo visto será inesquecível.


Notas
espero que gostem, mas foi um capítulo rápido só para tentar agradar vocês. Me digam o que esperam e o que acharam sobre o carinha da porta lá.
bjos e até...

The Moonlight (Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora