Forks

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A chuva não parava, eu olhava pela janela de um casebre que havia alugado com o Policial Picon, irmão de Jade, ela não me deixou vir sozinha porque acreditava que eu arrancaria a cabeça dos Harrys ou apenas daria um tiro em cada um, em algum lugar que os faria sangrar tanto que em 15 minutos seus corpos murchariam por falta dele. Além de chover as 7h da manhã, haviam relâmpagos em um céu completamente escuro, não estava nem cinza, estava quase preto. Isso me deixava triste, isso me lembra o porque de eu nunca ter voltado.

— Você já está aí faz 30 minutos. Nesse tempo eu aluguei um carro. Um volvo, aqueles altos que você gosta. — Leonardo tirou minha atenção da janela e me fez voltar o olhar para ele. Um gosto amargo surgiu na minha garganta, a angústia estava me consumindo.

Obrigada, vou precisar. — Falei sentando no sofá duro do casebre, um sofá tom de bege igual os outros móveis da casa. — Podemos ir? — Ele assentiu e me jogou a chave do carro.

O caminho foi rápido, chegamos na delegacia em 20 minutos no máximo, ainda demorou por conta que Léo me fez parar em um café para comprarmos um cappuccino. Mas fomos bem recebidos na delegacia de Forks, Delegado Mckay tinha por volta de uns 50 a 60 anos, cabelos completamente grisalhos e olheiras fundas, os dedos haviam marcas amarelas de cigarro e os dentes eram também amarelados, ele fumava e tomava muito café, explicava a pele péssima.

— É um prazer, Detetive Limins, sou Joseph Mckay. — Ele estendeu a mão e eu a apertei, assim fez Leonardo também. — Me acompanhe até minha sala. — Pediu e assim fizemos.

Sua sala era simples, uma mesa, duas estantes com alguns livros sobre direito em casa lado da mesa, nas paredes haviam duas janelas de cada lado, as persianas estavam entreabertas e a iluminação da sala não estava tão boa. Ao entrar pude sentir o cheiro de nicotina e a mofo, ele se sentou em sua cadeira barulhenta e Leonardo se sentou a frente dele, continuei em pé. Fiquei 10 horas seguidas sentada em um avião, remoendo o que deveria fazer e como fazer isso em silêncio. Sem alarde algum. Mas não cheguei a nenhuma conclusão.

— Você sabe porque vim...
Falei sentindo a angústia me derrubar novamente.

— Sim, sua chefe me contou. Fico feliz em ajudar. Forks tem uma ótima reputação.
Ele começou a se gabar da reputação dessa cidade pequena que não há nem habitantes suficientes para que haja um homicídio.

— O meu plano é invadirmos a casa essa noite, por volta das 2h da manhã, provavelmente não vão estar na casa. Não posso colocar Caroline em risco.
Falei sentindo meu maxilar travar, eu estava com raiva. Ódio. Meu coração batia tão devagar que uma hora falharia. Mas eu precisava ser forte por Carol.

— Senhorita, sei que tem uma relação com a Senhorita Biazin, não acho que seja adequado que participe.
Falou e meu coração parou antes de pular fortemente em meu peito. Não sairia desse caso por nada nesse mundo. Nem que me matem!

— Eu sou a melhor pessoa para lidar com isso. Não importa o que tenho com ela, eu sou a pessoa adequada. Agora ouça meu plano...

Era de tarde quando saímos da delegacia, Mckay é o tipo de cara que aceita melhor uma ideia vinda de um homem. O típico homem machista de uma cidadezinha. Voltamos para o casebre onde ouvi o plano de Leonardo sem a menor intenção de fazer aquilo. Eu quero fazer algo diferente. Quero agir sozinha.

Me deitei na cama frouxa de um dos quartos, ela gritou quando me deitei nela, o colchão era tão mole que afundei assim que deitei. Era pior que cama de hotel. Estava com fome, mas sem energia nenhuma de colocar algo em minha boca. Penso se Caroline está comendo, dormindo bem ou se hidratando. Se está vivendo bem. Não posso acreditar que seus pais a mantém em cativeiro. Não consigo acreditar em tanta ruindade.

Meu celular apitou.

"Preciso que veja o que achamos."

Era Jade, havia me mandado uma mensagem de texto e algumas fotos. Eram identidades falsas, com documentos que provavam o pagamento de Rose a Paul e a transferência de Isaías para Paul. Alguns e-mails também, combinando o acidente. Meu peito bateu tão forte que doeu no meu peito.

"Finalmente temos provas"

Eu apaguei, não sei como, mas apaguei naquela  cama velha, cama que guinchava a cada movimento. Foi um sono doloroso, eu via Ela.

— Filha?
— Mãe? C-como...?
— Não temos tempo, querida.
— Mãe eu sinto muito por...
— Me ouça. Eles sabem que você está aqui.
— Os Harrys?
— Sim, vão tirar Caroline da cidade essa noite. Você não tem tempo.
— O que eu devo fazer?
— Siga um jaguar prateado, eles vão estar com um Volvo velho, mas Rose está com Caroline no jaguar.
— Mãe?
— Querida você não tem tempo.

E assim eu acordei, era 19horas, minha arma e distintivo estavam ao meu lado. Os coloquei e corri para sala onde Leonardo estava sentado trocando mensagem com alguém. O joguei seu casaco e sai, sem dizer nada, apenas o ouvindo vir atrás de mim com questionamentos.

— Precisa me dizer onde vamos.

— Estão saindo da cidade.
Meu carro corria deslizando pela mata aberta e molhada, eu sentia o perigo. 100km/hr gritavam no meu painel e o carro ameaçava sair do chão. Os olhos de Leonardo mostravam que ele achava que eu estava blefando.

Jade atendeu no primeiro toque. A voz pesada com a respiração trêmula, estava estava... correndo?

— Mal hora.

— Preciso que rastreie um Jaguar prateado, placa 164-UYP.

Desliguei e continuei correndo, a música tocava baixo e me dava um ar de indestrutível. Aquilo era delicioso.

Chegamos a uma estrada longa, logo à frente a enorme cabana, havia um volvo saindo. Isaías. Ele me despistaria. Mas passei por ele direto, o jaguar deveria estar mais à frente. Meu carro saiu do chão por um momento e Leonardo gritou. O impacto no chão causou um enorme enjoou, mas que engoli e continuei correndo.

O telefone no painel do carro tocou.

— Está na interestadual. Há 5km de você.
Disse Jade mais calma.

— Ok.

Desliguei quando a ouvi me questionar.

Quando entrei na interestadual me senti perdida, tantos carros... mas nenhum como um jaguar. O carro de Isaías estava atrás de mim, ele bateu na minha traseira e tirou meu carro de uma faixa.

— Atira no pneu dele.
Ordenei.

— Day não.
Meu sangue ferveu.

— EU MANDEI ATIRAR NO PNEU DELE!
Gritei olhando seus olhos verdes lagrimejarem. Ele se posicionou na janela e no primeiro tiro o carro virou e bateu em uma mureta.

O jaguar corria mais que meu carro e eu não tinha certeza se o alcançaria. Cheguei tão perto que pude abaixar meu viro, apontar a arma e ver o carro girar com os dois tiros em casa pneu traseiro que dei. Caroline estava ali, mas preferi que não estivesse quando o carro saiu da estrada e bateu em uma enorme árvore.

The Moonlight (Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora