Abri a porta do hall de entrada, minha intenção era não fazer barulho. o apartamento está escuro e Carol não deve estar em casa, talvez tenha ido ao tal jantar com o amigo dela. Não faria sentido ela ir sozinha, mas talvez seja melhor assim. Tirei meu tênis na intenção de não fazer barulho no chão de madeira, fechei a porta cuidadosamente, ainda não sabia se Carol estava em casa. Passei pela cozinha e ao dobrar o corredor do quarto ouvi um suspiro alto, meu corpo gelou...
— Deixei mensagens... te liguei 15 vezes. — A voz rouca e arrastada de Carol ecoou na sala, ela estava sentada de frente pra janela, havia algo em suas mãos. As luzes da cidade clareava um pouco seu rosto. Ela não está feliz.
— Minha bateria acabou. — Balancei o celular, seus olhos se desviaram. Ok, metade das ligações eu não quis atender, mas também precisava de um tempo. Eu e Carol estamos em um momento delicado, uma fase confusa e isso me assusta. Será que nossa relação terá um fim?
Me aproximei do sofá me sentando no braço dele, coloquei o tênis no chão e suspirei. Não queria que chegássemos a isso, estávamos nem há horas atrás e certamente isso não estava previsto. Carol mudava tão de repente que chegava a me assustar, talvez ela sinta demais ou talvez ela seja bipolar.
— O que será? — Ela perguntou com a voz ainda arrastada, ela está bêbada e digo isso pelo cheiro e a taça de vinho em suas mãos.
— Você está bêbada, é melhor conversarmos amanhã. — Tentei levantar, mas sua mão quente pressionou meu braço.
— N-não. Estamos incertas, vai ser mais fácil se nos decidíramos agora. — Como eu trocaria uma palavra com Carol naquele estado? Meu coração se apertava em sentir isso.
— Venha, vou te colocar na cama. — Os olhos de Carol brilharam, mesmo no escuro aqueles olhos brilhavam mais que toda a cidade. — Hoje eu durmo no sofá, será melhor assim. — O brilho se apagou, ela levantou e se jogou na cama deixando a taça no chão. A cobri e fui até a sala colocando meu celular no carregador, esperando o reiniciar. Amanhã eu iria embora, teria de tomar uma grande decisão.
***
Havia vestido minha camiseta de malha preta, minha calça bege e sapatos sociais pretos. Dei a última olhada em uma Carol desmaiada na cama e resolvi preparar o último café. A ideia de realmente ir e deixá-la me matava, a dor da ideia de magoar Carol não me aquietava. Senti sua presença e a olhei dos pés a cabeça, uma Carol super descabelada e descalça estava em minha frente, a camisa branca amassada junto com seus olhos inchados. Vou sentir falta disso.— Você vai ir... — Os seus olhos cheios d'água quebraram meu coração. A entreguei uma xícara de café e ela aceitou, se debruçou no balcão da cozinha e me olhou com aqueles olhos chocolates.
— Eu te amo, amo de formas infinitas. sei que vamos superar isso, vamos seguir em frente e algum dia vamos nos encontrar por aí... — Deixei uma lágrima escorrer, droga! — isso não acabará com nosso amor, mas sei que o amor não é suficiente pra 5.567 km, não vou deixar de te amar, lembre-se disso. — Depositei um beijo em sua testa e fui ao quarto buscar minha mochila com roupas amassadas. Carol me seguiu.
— Fique com isso, vingue-se. Faça o que achar melhor. — Ela me entregou um pendrive e me olhou com um olhar cheio de significado. Me aproximei segurando em sua nuca e a puxando pra perto, nossos lábios se colaram e como um ato necessitado nossas línguas se tocaram em um beijo intenso e quente. Lágrimas se misturaram, aquele era o nosso adeus. — adeus, Day.
— Adeus, Carol. — Passei por ela e fui como um jato para o hall, olhando pela última vez aquele apartamento e relembrando os poucos momentos que tivemos aqui. A dor, o vazio dentro do meu peito está se espalhando mais uma vez, como na vez em que deixei Dani.
O aeroporto me esperava, junto da passagem caríssima que tenho em mãos. Lá vamos nós, Londres.Notas:
Não queria postar algo tão pequeno, mas o que terá por vir será melhor, talvez um pouco mais doloroso. Espero que gostem mesmo assim, digam o que acham que vai acontecer e me perdoem qualquer erro.
até mais...
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The Moonlight (Dayrol)
RomanceHá quatro meses que a cidade de Londres está sendo vítima de um assassino que mata uma vítima a cada mês. Vítimas que são estranguladas, banhadas e amarradas nuas em suas camas. Cabe a Agente Dayane Limins resolver esse caso que acabará lhe trazendo...