The Distant Chalet

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Me lembrei da porta abrindo e o som o que a mesma fez quando foi estourada por policiais, meu rosto queimando mesmo na chuva, a raiva, o ódio e o medo que eu sentia naquele instante, eu não sei expressar em palavras. A ideia de encontrar Caroline sem vida me corroía. A ideia fixa de que seus pais seriam capazes de fazer qualquer coisa para guardar um segredo estava fazendo meu coração disparar, a meu punho tremia mesmo com arma na mão. A casa estava vazia, completamente vazia e foi quando eu soube que haviam sumido com Caroline, não me restava dúvidas de que a mesma estava correndo perigo. Estavam todos afundados até o pescoço. Fizeram buscas por todos os lugares que os Harrys poderiam estar, mas nada da minha pequena.
Era por volta das 7h00 da noite enquanto estavam todos na delegacia sentados em frente ao meu telefone grampeado. Esperando qualquer ligação, qualquer mesmo, uma ligação que nos desse pistas de onde poderia estar a mulher que roubou meu coração naquele bar, naquele momento não importava mais registros ou identidades falsas e cada segredo dos Harrys... Tudo o que importava era encontra Caroline com vida. Não demorou muito para o que a ligação surgisse e meu telefone tocasse em cima da mesa em alto e bom som, meu antigo chefe me deu a ordem de atender e agir com cautela, mas minhas mãos tremiam e minhas pernas bombeavam embaixo da mesa. Coloquei o telefone no ouvido e respirei tão fundo que me faltou ar.

Alô?
Eu não sabia como agir. A voz não saía e meu coração quase faltava pular da boca.

Você está sozinha?
Era Rose, conheceria aquela voz em qualquer lugar, o timbre de sua frieza e cautela.

Havia muito barulho, Eu sabia que eles estavam no lugar movimentado e com criança. Talvez um parque de diversão em qualquer lugar público, mas não faria sentido, pois como estariam ali com Caroline sem ela pedir ajuda?
Nada minha mente fazia sentido que Caroline não estava no mesmo lugar, e que é isso seria a garantia que teriam se nós pegássemos eles, não entregaria o Caroline a não ser com acordo para reduzir a pena ou algo assim. Provavelmente na mente deles ainda estamos com os arquivos, e com todas as provas. Isso significa que não viram Caroline escondendo os arquivos ou algo assim.

Sim. Estou.
Falei pausadamente, menti tão mal que seja lá onde Caroline está ela viria me dar um cascudo.

Eu queria fazer perguntas. Perguntar onde Caroline está e porque não a entregam e se rendem. A voz rouca outro lado do telefone voltou, e o som de música e crianças gritando estava mais alto agora.
Tudo o que eu consegui cogitar foi que:

• Você está em um lugar público
• Estão sem Caroline.
• Há música e crianças no lugar.
• Ela está em movimento, mas andando.

Se procurar a polícia garota morre.
A voz estava firme eu sentia sinceridade, a raiva me percorreu, mas eu precisava agir com cautela e mostrar que estava em sua palma da mão.

Você merece um prêmio... Prêmio de pior mãe do mundo. Você está sacrificando sua filha por dinheiro.
Meu tom de voz se elevou ao sentir o gosto amargo do medo por causa dessa frase.

Sem sarcasmo.– Ordenou. — Vou te dizer apenas uma vez, você irá achar todas as provas que a Caroline escondeu...— Boa garota. — E quando achar assim que me entregar prova por prova, te darei Caroline.

Eles me tiraram meus pais, não teria mais nada de mim.

Escute Dayane, mas se eu sentir o cheiro de polícia, Caroline morre.

Em toda essa história houve apenas um vilão, minha inocência. Eu sempre senti que havia algo errado na morte de meus pais desde o momento que não quiseram investigar. Não me tornei policial para provar que estavam errados, mas para acabar com a corrupção que existe nesse cargo. Mas eu não fiz nada, não mudei nada, não aceitei que embaixo do meu nariz existia uma família me fazendo de marionetes.

11 anos atrás.

Era inverno, os Harrys estavam dando um jantar em celebração ao natal. Não era natal. A celebração começava cedo, como os mesmos diziam. Renan e Rafael estavam a mesa, havia um lugar vazio e eu não entendi o porque.

— Ela não vem?
Ouvi da escada quando estava descendo mais cedo.

— Melhor assim...
Disse Rose a seu marido.

Renan e Rafael não eram diferentes, eram mais velhos que eu, mas crianças ainda. Sei que não me aceitavam direito, mas por quê?

— Vocês sabem... vocês percebem que falta um lugar a mesa.
Renan bateu na mesa com força, não me lembro sua idade, mas ele era mais velho que Rafael é mais respeitado pelos pais.

— Renan, sente-se.
A voz de seu pai foi firme, mas tão calma que não percebi o estresse.

— Vocês aceitam uma de fora, mas quem deveria estar dentro dessa casa vocês não aceitam. Quando vão aceitá-la?
Ele se referia a mim, aquilo doeu, eu estava com meus 14 e acabara de ser o meu primeiro ano sem meus pais.

Estávamos no chalé de inverno dos Harrys, ficava em Forks, Washington. Longe, mas eles diziam que era como eles gostavam... distante. O chalé era mais para uma mansão, não visitavam senão fosse o inverno, aquilo me deixava louca já que outras pessoas moravam na casa, os caseiros. A casa tinha muitos quartos e uma sala com uma lareira maior que 5 pessoas de pés sobre o ombro de cada uma. Não entendia o porque de ser tão distante.
Naquela noite, Renan saiu do chalé e correu para um celeiro que tinha no meio da mata, mas que ainda fazia parte da propriedade, ele ficava de frente para um lago. Naquela noite tive medo da rejeição de Renan, então apenas comi a ceia antecipada e aguardei para a volta à Londres.

De volta à atualidade.

— Quanto tempo eu tenho?
Perguntei sentindo meu estômago embrulhar com medo da resposta.

— Você tem no máximo, 48horas. Nada mais, nada menos.
A ligação foi encerrada, mas eu soube que precisava seguir minha intuição e não ter medo da rejeição.

Todos na sala me olhavam, esperançosos com o que viria de minha boca, na verdade... eu nem deveria estar na investigação. Eu tinha 48horas para fazer algo tão arriscado que poderia me custar a vida, pior... poderia custar a vida de Carol.

— Eu sei aonde estão.
Disse sentindo a dúvida pairar no ar, mas sinceramente, entre tantos anos com os Harrys eu me tornei uma boa ouvinte, principalmente de ruídos.

Notas:

Sei que demorei, mas eu sempre volto. Tentei trazer uma ação, Carol sumiu e Dayane está assumindo o controle... por enquanto.
Espero que gostem, fiz esse capítulo com carinho. Espero que sintam o que Dayane sente. Mas me perdoem pelos erros e pela na digitação, algumas coisas passam desapercebido.
Volto logo, até mais...

The Moonlight (Dayrol)Onde histórias criam vida. Descubra agora