_𝔻𝕖𝕫.

84 10 149
                                    

Uma semana se passou desde o incidente. Houve um cortejo, e o caixão foi carregado pela Colônia nos ombros  de Pietro, David e outros três soldados. Foi um momento comovente, e triste, em que muitos carregavam o pensamento de que a ordem natural é sempre que os filhos enterrem seus pais, mas nunca o contrário. Essa é uma dor inimaginável.

Infelizmente, acidentes assim são comuns em Terra Nova. É um ambiente perverso, onde a Seleção Natural e a aleatoriedade são as maiores forças vigentes.

Rowan Griffin acordou nessa manhã quente, como todas as outras, com a pequena Hope ao seu lado. Sua filha de sete anos teve pesadelos todos esses dias após a morte de Alex, mesmo sem conhecer a garota. Rowan sabe que sua garota é durona, e muito forte, mas ela ainda é uma pequena criança e o cenário não foi dos mais favoráveis.

A mulher se levantou, se arrumou com sapatilhas, uma blusa branca e saia, pintou os lábios num vibrante vermelho e voltou para o quarto, vendo que Hope agora estava toda esticada de bruços no meio da cama. Sorriu, e acariciou as costas da menina.

— Bom dia, bom dia, bom dia... hoje eu estou tão feliz! — Rowan cantarolou, balançando a sua filha que começava a despertar. — Vamos, Hope, ou vai se atrasar para a escola.

Então pegou o ursinho de pelúcia que caiu no chão durante o sonho agitado da filha, colocando-o sobre sua bochecha e estalando beijinhos.

— Bom dia, Dolg... — Hope fala com a vozinha arrastada, e lutando para manter os olhos abertos.

— Só o Dolg recebe bom dia? — Rowan reclamou, então fez uma voz mais grave enquanto mexia o brinquedo no ar. — "É, mamãe, ela não vai te dar bom dia!"

Hope riu da palhaçada de sua mãe.

— Bom dia, mamãe. — a pequena se sentou, pegando o ursinho enquanto gargalhava. — Essa não é a voz dele! 

— Ah! Eu tenho certeza que é sim! Ele sempre fala assim comigo. — a mãe se defendeu.

— Não, assim ele parece um urso do mal. — então Hope tornou a própria voz ainda mais aguda para imitá-lo. — "Essa é a minha voz, mamãe! Eu sou um ursinho bonzinho e cheio de amor para dar!"

Isso arrancou uma risada de sua mãe, que logo se afastou da cama.

— Está bem, Hope e Dolg, hora de se arrumarem para ir para a escola! Vamos vamos!

A menina pulou da cama, e ela e seu melhor amigo foram tomar café da manhã. Depois de tudo pronto, Rowan, Hope e Dolg foram até a escola, aonde a mamãe deu um beijo na testa da pequena, deixando a marca de seu batom ali.

— Oops! — ela riu enquanto esfregava o dedão para limpar a testa da filha.

— Mãe... — Rowan sentiu um tom de tristeza na voz de Hope, e encontrou seus olhos azuis. — Quando você vai voltar?

A mulher respirou fundo, segurando o rosto de sua filha com as duas mãos antes de responder.

— Voltarei antes do Festival da Colheita, está bem? Vou ver sua apresentação e você vai sentar do meu ladinho quando o Andrea Bocelli estiver cantando. Acho que volto em três dias. Mas ei — então tocou a pontinha do nariz de Hope, que sorriu — Você vai ficar com o tio Jim e a tia Liz, está bem? Você vai poder ficar brincando com a Maddy e com a Zoe. Vai ser bem legal! E o Dolg está com muita saudade da Zoe.

— A  Maddy não vai ficar brincando com a gente se o Mark estiver lá não... — Hope comentou, e Rowan riu ao ver a filha enciumada por conta do soldado Reynolds. 

— Mas a Zoe vai brincar com você!

— Vai... Ela é minha melhor amiga. Depois do Dolg.

Terra Nova - ᴀᴘᴘʟʏ ғɪᴄOnde histórias criam vida. Descubra agora