_𝕍𝕚𝕟𝕥𝕖 𝕖 𝕌𝕞.

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Hoje se iniciava uma missão especial para Thomas Carter: preparar mais um novato para unir-se ao corpo armado de Terra Nova. O Comandante Taylor insistiu que seria uma boa ideia, e mesmo que Thomas discordasse da suposição do mais antigo, optou disciplinadamente por acatar suas ordens.

Era cedo e o solo tinha algumas poças d'água pela chuva que se estendeu por toda a noite e agora continuavam a ser irrigadas por uma fina garoa gelada. Thomas ajeitou uma vez mais seu uniforme, sempre milimetricamente alinhado.

Soldado — Guzmán chamou,e Thomas bateu as mãos nas laterais do corpo unindo os pés com marcialidade. Um outro rapaz caminhava atrás de seu superior. — Descansar. O senhor está responsável pelo treinamento inicial desse jovem, entendido?

— Sim senhor. — Thomas respondeu atentamente, mas a postura do soldado não agradou Guzmán, que repetiu a pergunta.

— ENTENDIDO!?

—SIM SENHOR! — o soldado falou com força e determinação, e a potência de sua voz assustou o novato.

— Muito bem. — Guzmán falou mais alto que o necessário, apesar de não mais estar gritando. — À vontade.

E depois do comando, o superior saiu.

O novato tinha pele clara e cabelo louro, acompanhados pelo par de olhos azuis e um nariz fino com algumas sardinhas. Thomas estendeu a mão para ele e o rapaz o cumprimentou.

— Soldado Thomas Carter. — se apresentou o mais velho.

— Nicklaus Ziegler. — respondeu o novato. É, aquela seria uma grande jornada para ambas as partes.


(***)

Aquila caminhava a passos rápidos, apertando uma mão na outra enquanto sua mente dava voltas e voltas. As engrenagens giravam em sua cabeça, iniciando múltiplos circuitos de pensamentos mas jamais os concluindo. 

Já conversara com Kimberly Houghlin. Ele realmente gosta muito dela, e e ela disse que gostava dele também. Então o que pode dar errado? Você já conquistou a garota, Aquila — pensou consigo — a garota mais bonita da Colônia, a mais corajosa, mais forte. Ela gosta dele também. E Aquila precisa fazer isso direito, fazer tudo certo, porque ela não merece nada menos do que isso.

Parou de andar quando percebeu ter chegado ao seu destino: a casa dela. Já entrara ali várias vezes, mas dessa vez seu coração parecia querer saltar de seu peito para bater na porta. Respirou fundo tentando se acalmar um pouco, e naquele instante sua mente o traiu. Poderia dar a volta e ir embora. 

Precisava bater na porta. E falar. Sim, precisaria falar com as pessoas certas. Mas sentia como se sua mão fosse segurada por uma força invisível enquanto estava estendida no ar. E no exato instante em que encheu-se de coragem para bater, a porta foi aberta.

Aquila?  — a voz de Tom fez o garoto estremecer e engasgar com a própria saliva. Não conseguiu responder, então o homem voltou a falar — Quer entrar?

— Q-quero... — foi tudo o que o rapaz balbuciou.

Aquila sentiu o olhar atento de Tom sobre si e desejou ter um casulo para se esconder daquele homem que parecia muito maior agora. 

— Você está bem, garoto? — o Houghlin sentou-se confortavelmente no sofá e indicou que o menino se sentasse na cadeira a sua frente — Está um pouco pálido.

Oi Aquila! — Amy dissipou um pouco da tensão ao cumprimentar o rapaz — A Kim tá lá no quarto. 

— Não! — Aquila respondeu rápido demais, e se arrependeu. Engoliu o seco, avaliando suas palavras antes de falar. Respirou fundo novamente e olhou para Tom — Eu quero conversar com o senhor. E com a sua esposa.

Terra Nova - ᴀᴘᴘʟʏ ғɪᴄOnde histórias criam vida. Descubra agora