_𝕆𝕟𝕫𝕖.

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(Leiam esta cena ao som de 'Dinosaur - Inner Sanctum/The Nesting Grounds')


A soldado Mayla caminhava atrás de seu amigo de tropa, Thomas. Sim, num treinamento militar os laços se formam e se apertam rapidamente, pois faz parte das práticas e da conduta que a equipe cuide e preze uns pelos outros, portanto a narradora não exagera ao usar a palavra 'amigo' para se referir a alguém que a mulher conheceu há menos de duas semanas. 

Os dois tinham passos cautelosos e olhos atentos à vegetação densa, com as armas a postos. As árvores eram altas, muito altas, com cascas grossas, folhas tímidas mas em enorme quantidade e não eram muitas as árvores que davam flores. A maioria era, como aprenderam com o doutor Logan Greenwood, Gimnospermas — plantas vasculares com sementes como os pinheiros ou as sequoias. 

O odor refrescante e úmido que essas plantas exalavam, e suas sombras intensificavam, abriam-lhe os brônquios e bronquíolos, enquanto o som das folhas abrindo espaço para os seus pés lhe proporcionava a inigualável sensação de liberdade.

Os cientistas, que vinham logo atrás sendo guiados por Pietro que analisava rochas e a composição geomorfológica da região, caminhavam admirados com a biodiversidade do cretáceo. Estavam, sem dúvidas, no 'boom' da vida na Terra. 

— Então... — começou Mayla — Você e a Elisa se conheceram aonde? Parecem muito... íntimos.

O soldado Thomas sorriu ao pensar na ruiva, ficando grato só de lembrar que ela está viva e logo logo estará bem.

— Nós somos irmãos. — o soldado notou a expressão confusa no rosto da amiga, o que o fez dar uma risadinha — No sentido de que crescemos juntos. Não biológicos. Nós crescemos no mesmo orfanato, éramos tipo... melhores amigos. Só que aí ela foi adotada.

Ele falou, e Mayla sentiu um tom de tristeza em sua voz.

— E você?

— Nah... eu não sou tão adorável. — ele respondeu. O rapaz nunca teve  uma família em sua vida.

— Eu discordo. — a soldado falou, e Thomas Carter acabou corando. 

Ele perguntaria, em seguida, o que ela vê de adorável nele, mas o farfalhar pesado das folhas chamou a atenção dos dois adiante, que ergueram as armas. O barulho vinha na direção deles, e era muito grande e pesado.

— AFASTEM-SE! — Thomas gritou, e Mayla correu para puxar os cientistas para longe. 

Thomas Carter começou a disparar, mas o objeto não parava.

— THOMAS! SAI DAÍ! — Mayla gritou quando percebeu que não era um dinossauro, e sim uma enorme que despencava. O soldado Carter rolou para o lado, esquivando do tronco que por pouco não o atingiu quando fez o chão tremer com sua queda.

— Estão todos bem!? — Nancy pergunta em voz alta.

— Tudo bem! — Logan responde, se levantando e limpando os joelhos. O chão tremeu novamente, e outra vez mais, e os passos colossais se aproximavam. Thomas, um pouco tonto, levantou já com a arma a postos.

— Não atira! — Julieta gritou, mas Thomas manteve a arma alta, procurando pela cabeça do animal.

E encontrou.

Uma cabeça relativamente minúscula para um lagartão gordo e pescoçudo. Uma parte dele dizia para atirar múltiplas vezes, enquanto sua porção racional o fez respirar fundo e aceitar que aquele titã era um herbívoro pacífico e a maior preocupação do grupo precisava ser evitar as suas patas.

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