❥ Capítulo 2

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Victoria Freitas
28 de fevereiro
Rio de Janeiro

Chego no escritório de advocacia do Caio, quinze minutos atrasada e tudo culpa do engarrafamento que eu peguei. Corro para o elevador que estava quase fechando e Luciana segura a porta para mim.

- Obrigada Lu. - Aperto o botão do terceiro andar, onde eu trabalhava com os acompanhamentos dos processos penais, junto do Léo.

- Nada amor. - Luciana trabalha no setor de atividades burocráticas, para mim é a mais chata que tem. Ela faz faculdade comigo também, estamos no penúltimo período e eu não vejo a hora de me formar para exercer minha função. - Sua sorte é que o Caio não vai vir hoje, parece que uma parente da família faleceu. Mas, a esposa dele que veio trabalhar, essa mulher é insuportável, consegue ser pior que ele. - Realmente, Daniele é insuportável, esnobe e nojenta.

- Qual desculpa eu dou pelo meu atraso? - Ela me olha sem resposta também.

Já não basta ter que lidar com o Caio todos os dias, tem a jararaca da mulher dele. Ela era advogada mas trabalhava em casa, pelo o que eu sei. Mas quando o Caio precisa faltar, o que é raro, ela que fica no lugar dele. Caio é um verdadeiro idiota, ogro e insuportável, ele não tem empatia com ninguém e se acha pelo fato de ser um dos melhores advogados do Rio de Janeiro. Quando eu cheguei para trabalhar aqui, ele me tratava feito lixo, eu podia dar o meu melhor, e infelizmente ele sempre fazia questão de criticar qualquer coisa, seja pela palavra "comum demais" como ele fala ou por uma falta de vírgula antes do "mas". Ele até melhorou um pouco com o passar dos anos, ainda mais quando eu comecei a tacar o foda-se, ele brigava comigo, mandava eu refazer, só faltava chorar, porque eu passava noites sem dormir lendo os processos que eu tinha que analisar e passar para ele, depois de um tempo eu fui apenas aceitando e ignorava, ele percebeu e me deixou quieta, mas quando ele implica com alguém, chega da pena. Prepotente demais.

Mas,o engraçado que fora do escritório, ele é outra pessoa, bêbado então. Lembro-me bem quando a gente foi comemorar um processo que deu certo, com todos do escritório, inclusive a mulher dele, que até fora do escritório é nojenta, não sei como não se toca. Ele brincava com a gente, fazia piadas, tem noção disso? Não, ninguém tem, porque ninguém tava sóbrio demais para gravar aquele momento.

- Atrasada,Victoria. - A voz fina me faz revirar os olhos por dentro quando eu entro na minha sala.

- Eu sei, me desculpa. Cheguei atrasada porque o engarrafamento não estava ajudando, senão eu teria chegado no meu horário normal. - Falo a verdade mesmo sabendo que ela iria chiar no meu ouvido.

- Saísse de casa antes. - Minha língua coça para da um passa fora nela, até porque ela não é nada minha, é apenas a esposa do meu chefe, nada mais.

- Uhum. - Sento na minha mesa e deixo minha bolsa na minha cadeira, abro meu notebook e pego uma pasta na gaveta da minha mesa com todos os processos que eu precisava analisar para entregar para ele. - Posso ajudá-la em alguma coisa? - Pergunto quando vejo que ela ainda estava na minha sala. Léo que estava concentrado no seu computador, dividia o seu olhar para ela e para mim.

- Não, apenas vendo como vocês trabalham. - Arqueio minha sobrancelha sem entender qual era a dela, será que deixou de ser advogada para ser FBI?

- No que isso te interessa? - As palavras saem da minha boca sem eu nem pensar, quando fui ver, já tinha dito.

Merda.

- Eu quero. Acho que se eu fosse você, pensaria nas suas palavras antes de dizer o que pensa. - Fala antes de sair da sala.

- Puta que pariu Victoria, o que tu tem na mente? - Léo diz quando ela sai.

- Aí Leonardo, me erra. - Estava sem paciência hoje, já não basta ter chegado atrasado e respondido a mulher do meu chefe, agora tem gente querendo me dá sermão. Odeio isso, sei que é ignorância minha, mas o que eu posso fazer? Além do mais, ela não é nada minha, não devo nada a ela e sim meu chefe.

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