18 ➳ Acidente

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- Are, are... - Kakashi suspira, cansado. - Não, acho melhor não - e recusa o convite de Gai para saírem para jantar. Ele não estava no clima, não queria se divertir nem esquecer.

Afinal, um término era parecido em todos os lugares do mundo: ela supera e logo se envolve com outro, enquanto ele se isola, e se afunda cada vez mais.

Queria sofrer um pouco mais, na verdade, não estava pronto para superá-la. E também não queria sair e correr o risco de encontrá-la - novamente.

- As chances são mínimas - Gai fala sobre o amigo encontrá-la. - E você não pode ficar trancafiado em casa só porque não quer vê-la.

- Mas eu quero vê-la, esse é o problema - Kakashi suspira, angustiado. - E eu estou trancafiado há 47 anos, não muda nada.

- Hai, hai, hai - Gai bufa, derrotado. - Vá comprar alguma coisa pra jantarmos então.

Kakashi o olha, sobrancelha erguida.

- Eu não, vai você - Gai semicerra os olhos, lembrando-o que é um cadeirante agora.

- Are, are... - Kakashi se ergue com preguiça, odiando pensar que com certeza vai encontrá-la.

Kakashi fecha a porta da casa de Gai, guardando as mãos nos bolsos em seguida. Depois ele caminha sob as luzes dos postes por poucos minutos já que a casa de Gai era bem mais perto do centro do que a dele.

Kakashi ia caminhando pelas sombras das calçadas, como realmente estivesse se escondendo. Ele era muito bom nisso, ser um soldado de infiltração excepcional lhe deixa invisível.

- Oi - e a dona do restaurante preferido de Gai até se assusta quando ele chega sem deixar nem sombra para ser percebida. - Desculpe, não quis assustá-la.

- Oh, Rokudaime-sama - a senhora de idade ri, nervosa pelo susto e feliz pela presença de Kakashi. - Você tem que parar de chegar sem ser visto, menino - ela diz, arrancando uma gargalhada baixa dele.

- Desculpe, desculpe, estou tentando mudar - ele ergue uma das mãos sobre a cabeça, os olhos fechados ao se desculpar.

- O mesmo de sempre pra você? - ela pergunta, já sabendo que Kakashi jantaria com Gai. Por isso logo vai preparar duas marmitas bem quentinhas e recheadas quando ele afirma.

Kakashi se demora pelo menos mais dez minutos. Depois ele paga, agradece, pega a encomenda e vai caminhando de volta.

Numa rua escurecida perto do Ichiraku, Kakashi se sente um adolescente recalcado. Vê-la agarrada com outro lhe fazia sentir uma coisa estranha, mesmo que ela parecesse tão diferente de quando eram eles caminhando juntos pela Vila.

Mas... Isso não é da sua conta - é o que Kakashi decide, ao dar meia volta e pegar um caminho diferente.

Kalmia lamenta ter chegado tão longe. Ter engordado os três quilos que Sakura pedira, e já ter feito tantos experimentos secretos com Orochimaru pra agora, simplesmente perder tudo, ao se recusar a passar por isso.

Kalmia tem vontade de chorar, ele apertava seu pulso com tanta força que quase instantaneamente fica roxo, as marcas dos dedos perfeitamente delineadas na pele clara.

Como ela daria um basta? Como o afastaria sem causar um escândalo que provavelmente acabaria com a carreira brilhante dele? Ou pior, alguém iria acreditar nela? Uma estrangeira que já foi vista mais de mil vezes ser acompanhada por ele nas madrugadas.

Não, ninguém acreditaria nela. Até mesmo agora, ela lhe disse que não se sentia bem, que precisava voltar para casa e então ele pediu-lhe um beijo para compensar o tapa de mais cedo, quando Kalmia se afastou ele agarrou-lhe o pulso, dizendo que ela estava o deixando nervoso, as pessoas estavam reparando muito nele e os olhando estranho.

GRITE - Hatake KakashiOnde histórias criam vida. Descubra agora