40 ➳ Violino

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Kakashi engole um susto abrupto quando a porta do consultório psicológico se abre, sua mulher sai da sala para onde ele esperava completamente pálida, visivelmente trêmula, abalada.

- Kalmia...? - ele não externa completamente sua pergunta preocupada, antes disso Kalmia agarra seu bebê que brincava com os gizos pendurados no bolso do pai, o colo ligeiro até assusta o menino que resmunga quando Kalmia o aperta, abraçando-o, beijando-o com aflição.

Olhando por cima de seus ombros, Fith assente para Kakashi, o faz entreabrir os lábios sob a máscara, avisando-o que o "quebra-cabeça Kalmia" estava completo. Ele não precisa mais se sentir um maldito mentiroso.

Kalmia amassa a criança que era alheia a tudo e qualquer sentimento ruim, não entendia o arrependimento da mãe, nem sabia que ela o estava apertando porque o havia feito uma coisa horrível, que ela não sabe como iria se perdoar caso tivesse um fim diferente.

Estar ciente do que fizera ao filho, depois a Kakashi, consecutivamente, era tão doloroso quanto sua confusão.

Depois que Kalmia aperta bastante seu bebê de poucos dias, ela ignora a voz da sua consciência dizendo que ela não devia sequer olhá-lo nos olhos. Cheia de vergonha, Kalmia ergue o olhar brilhoso para Kakashi que inclinava a cabeça em sua direção, os olhos cinzentos levemente cerrados.

Ele avalia todos os traços do seu rosto, os olhos lacrimejados, pouco inchados, as bochechas e a ponta do nariz como um tomate. Bastou que as narinas se dilatassem com mínima movimentação, para muito calmo e brincalhão, ele xingar:

- Engole o choro - Kalmia tenta obedecê-lo, aquilo a faz rir, porque ela falha miseravelmente, chorando em seguida, vermelha, e risonha.

Kakashi a abraça, curvando-se um pouco para deixar um beijo em sua testa.

Kalmia não conseguia entender como ele conseguia ignorar aquilo. Como ele conseguia simplesmente passar por cima de uma lástima dessas, pior de tudo, sem sentir raiva dela.

- Chegou uma papelada pra você em casa - e como se eles finalmente tivessem encerrado aquela fase destrutiva para ambos os três, Kakashi muda de assunto como quem literalmente muda de página.

Agarra sua mão na dele, levando a cadeirinha de Kakeru noutra mão, enquanto Kalmia carregava o bebê para casa, com a bolsa do menino atravessada no tronco de Kakashi.

Em casa, pondo o menino rapidamente na cama para ir ao banheiro, Kalmia pergunta porque Kakashi não dorme um pouco, mas bastou voltar para sala do banheiro, secando as mãos na toalha para perceber-se atrasada, ele estava jogado no sofá com roupa e tudo, nem tirou a máscara e bandana para dormir.

Se levasse mais meio segundo, Kalmia riria. Mas foi tempo o suficiente para ela olhar o menino, e sozinha com ele, sentir o coração se afundar no peito. Que tipo de monstro tentaria matar o próprio filho?

Kalmia pega Kakeru no colo, tirando-o do lado de Kakashi e o põe no carrinho verde dado por Gai. Empurra o menino no carrinho até o quarto e antes pega do balcão da cozinha os papéis dos quais Kakashi havia falado.

Ela se sente a pior das pessoas por se permitir sentir qualquer outra emoção que fosse, a não ser vergonha e arrependimento.

Mas ansiosa, ela se senta na poltrona, pondo o carrinho de Kakeru de frente para ela. Procura uma caneta nas coisas de Kakashi e se senta novamente, lendo as cláusulas de pré-contrato e exames da Academia de Ensino Intensificado, inclinada para a cama, ela agiliza aquela leitura, termina com pressa de assinar aquelas coisas, havia algo lhe chamando atenção.

Seu subconsciente em surto, tentando lembrá-la a todo custo do que fez.

Pondo seus papéis empilhados de lado, Kalmia pega anúncios e divulgações circuladas por Kakashi, e por pelo menos dez minutos ela folheia aquilo ali. Na pesquisa dele, todos os apartamentos eram descartáveis, casas de ruas muito povoadas também, a faz ver que ele queria algo muito parecido com o que já tem, porém, maior.

GRITE - Hatake KakashiOnde histórias criam vida. Descubra agora