23 ➳ Proposta

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Kalmia não nota na hora, mas as pernas indolores depois de uma noite inteira de diversão era um pequeno indício de um avanço medicinal. Ela chuta as sandálias para o lado e a luta contra seu próprio corpo não a impede de sorrir.

Kakashi sempre foi cuidadoso e organizado, não, na verdade, ele chega a ser metódico, mas agora ele a olha empurrar o calçado para um canto e simplesmente não se importa. Kalmia é bagunceira, e o Sexto parece estar nem aí pra isso.

- O quê? - Watanabe o chama de seu transe pessoal, achando graça da cara dele. Kakashi dá de ombros, dizendo que não era nada.

- Tenho algo pra você - automaticamente, a mulher olha pra todos os pacotes de presentes embrulhados ali. Kakashi tira as luvas e faz cara de entediado ao dizer: - Não são meus - a faz rir.

Antes de ele abrir uma gaveta inferior na estante da sala, ela se põe perto dele, puxando a máscara para baixo. - Agora sim - sorri.

Kakashi se volta à Kalmia e a pequena estatura balançando pra frente e para trás expõe todo o entusiasmo dela. Nem parecia que há poucos minutos os olhos grandes se fechavam pesados, pedindo pra ele para irem para casa.

- Ai... - Kakashi acha graça do suspiro dela ao pegar o pergaminho, desfazendo o lacinho cor-de-rosa que o enfeitava como um presente.

- Eu sei que... - ela tem certa dificuldade em ler o documento e ouvir ao fundo a voz baixa que explicava o presente. - Você não precisa de mim - ela ri, ouvindo-o e lendo linha por linha do documento. - Pra nada, na verdade! Muito menos pra conseguir algo que certamente, uma hora ou outra, será seu - os olhos úmidos sobem para mirá-lo.

- Você poderia facilmente gerenciar aquele lugar, na minha opinião, enfim - os dedos de Kalmia suam segurando um contrato de trabalho emitido pelo líder do Comitê Gerencial de Konoha, Iruka-senpai.

- Foi uma casualidade eu ter o conseguido, mas você só assina se quiser...

Kalmia pisca algumas vezes, engolindo em seco. Por que ela não estava feliz? Aquilo parecia fantástico, há três semanas atrás. O ocorrido com Ákira... Afetou seu raciocínio lógico?

- Eu... - engole em seco, enrolando outra vez o pergaminho. Não podia negar que não fosse tudo o que tem a dizer a ele, esse presente seria a coisa mais gostosa que ela ganhou.

A passos lentos, Kalmia se aproxima de Kakashi, fica na ponta dos pés e se apóia nos ombros dele para beijar o lado direito do seu rosto. - É perfeito... - ela sussurra e fecha os olhos ao sentir o toque quente em sua cintura. - Obrigada...

Kakashi respira profundamente o cheiro dela, antes de Kalmia se afastar. Entristecida, a mulher põe o presente sobre a bancada, decidindo que pensaria naquilo depois. Quando retorna, segura a mão do namorado, fazendo-o segui-la até o centro da sala; com toda liberdade que sabe que tem, Kalmia empurra a mesinha de madeira para fora do espaço.

Kakashi sorri, balançando a cabeça negativamente.

- O quê? - ela morde um sorriso, fingindo não entender a reação do homem.

- Eu não danço - o tom é dócil. - Eu agradeço se você me poupar disso - Kakashi diz, como súplica que a faz rir.

- Nós não dormimos ainda - a voz mansa o obriga a cuidar todos os movimentos dela, se atendo aos mínimos detalhes. - Tecnicamente, ainda é meu aniversário, não é?

Sim, ela estava certa. Kakashi não gostou de descobrir esse lado dela, mas agora é tarde. Não há tempo, nem meios de voltar atrás.

- Não me chantageie, amai - o olhar derrama todos os sentimentos nela. Kakashi a olha de cima e o soltar brusco do ar de seus pulmões balança alguns fios do cabelo dela enquanto Kalmia pede:

GRITE - Hatake KakashiOnde histórias criam vida. Descubra agora