16 ➳ Saudade

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- Como ela está indo? - Namira estava louca para ter uma dança quente com Kalmia. Queria testar seu ritmo, queria moldá-la para ser sua parceria nos festivais fora do País do Fogo.

- Bem - Ákira diz, sem tirar os olhos de Kalmia. - Muito bem.

Namira sorri.

- As alunas da Tinna já acabaram por hoje, minha garota torceu o pé e os homens da Rou alcançaram a perfeição - ela abraça o sensei. - Estou morrendo de inveja.

- Se anime - Ákira sorri, vendo o Sol deixar de alumiar o salão particular que ele moldava Kalmia. - Encontramos o nosso Cisne Negro.

- Já estou excitada - ele ri alto do comentário, acaba chamando atenção e desconcentrando Kalmia.

- Faça uma pausa - ele fala um pouco mais alto, trazendo os passos doloridos dela para perto deles. - Se quiser, está liberada por hoje.

- Não - direta, decidida. - Vamos passar o Ato 2.

- Você quem manda - o sorriso se direciona à Namira que também sorri, verdadeiramente excitada.

- Quem você escolheu pra dançar com ela esse número? O Yamine-san?

- Eu - Namira se impressiona com a decisão do diretor. - E ela vai dançar os três números.

Namira ri.

- Não se empolgue tanto - pega sua bolsa para ir para casa. - Ela está empolgada com a dança e não com você - desta vez é Ákira que sorri.

- Não estou empolgado com ela - ele diz, vendo Kalmia se aproximar para adentrar mais uma madrugada ensaiando. - Estou empolgada com o palco que ela pode nos levar. E ela sabe disso. Vamos chegar na Vila da Chuva juntos!

- Sayonaha, Senpai - Namira ri, saindo.

Em quatro horas depois, os pés de Kalmia estavam ensanguentados outra vez. O sangue incomoda Ákira porque agora ela usava todo o salão, corria, fazia aberturas maravilhosas, espalhando todo o sacrifício com os pés que manchavam o chão.

Era comum. Aquela cena era comum. É isso que significa dar a vida pela dança. É isso que faz dela uma boa bailarina.

Ela devia estar morta de fome, já que está ali há mais tempo do que o sensei pôde contar. É, ele também estava perdido no tempo. Só fazia uma coisa: olhá-la. Fixamente. Não perde um movimento, um gesto, uma finalização.

Na recepção já havia cinco horas que ninguém trabalhava. Tudo no completo escuro, faz Kakashi pôr a chave na maçaneta da frente com cuidado, opta por nem ligar as luzes.

- Assustador... - Boruto cochicha animado, olhando os instrumentos e espelhos em volta.

Seguindo as ordens do sensei, Mitsuki meio sonolento, procura imediatamente o registro de água, fechando-o. Não seria seguro desinstalar toda a estrutura anti-incêndio do teto da Acadêmia e repor um sem riscos e eficiente se o registro não estivesse fechado. Kakashi não queria ficar ali mais tempo do que o necessário.

- Tomem cuidado com os espe... - Kakashi sequer consegue terminar de instruir, Boruto já havia empurrado Sarada sobre os espelhos móveis do saguão, obrigando Mitsuki a segurá-la usando seus braços elásticos para agarrar o objeto.

- Seu idiota - Sarada xinga, socando o colega que se desculpava pelo descuido infantil.

- Are... - Kakashi suspira, arrependido, deixa-os para trás e sobe no teto, esperando que eles o sigam.

No salão de Kalmia, Ákira tira os sapatoa de dança, sem se importar em sujar os pés com os machucados dela. A música nunca para. Então Kalmia nunca pode parar. Ele queria sincronizar seus corpos, para dançarem juntos, precisavam parecer a continuação do corpo um do outro.

GRITE - Hatake KakashiOnde histórias criam vida. Descubra agora