Olha quem está com o celular bommm!
Olha quem vai publicar que nem loucaaa!
Olha quem está completamente de voltaaa!
Vamos de capítulo sofrido?
Boa leitura, meus bichinhos!
❤Kalmia sente como se pequenas faíscas de um meteorito em decomposição caíssem em direção aos seus olhos. Não conseguia abri-los, nem erguer a cabeça, é como se toda gravidade tivesse a sugado, e ela não tem força o suficiente pra simplesmente respirar.
Ela luta. Por longos segundos. Até que seus olhos, dolorosa e gradativamente se abrem.
Kalmia acorda no hospital.
Olha em volta, com muita claridade no rosto, sente os olhos arderem, mexendo muito vagarosamente a cabeça.
Vê o pé metálico da sua cama, depois sobe o olhar pela coberta cinza. Há bandagens firmes espremendo seus pulsos, e quando os olha, sente dor.
Sua dor não é maior que o medo, o pavor histérico que lhe atingiu ao perceber-se amarrada à cama, na cabeça dela, como um animal.
Um som estrangulo ecoa de sua garganta, a faz avisar que está chorando, muito assustada.
Kalmia não entende de imediato, mas esta era uma maneira eficaz de impedir que ela tentasse - novamente - machucar a si mesma durante a noite. Kakashi se odiou, mas não conseguiu negar tal tratamento, pensando que isso pudesse ser o melhor pra ela.
Imediatamente, quando a percebe acordada, o homem levanta da cadeira em que dormiu, completamente dolorido e estressado, engole em seco por ter os olhos cansados e confusos dela acompanhando seu movimento rápido de abrir os cintos que a prendiam como num manicômio.
Kalmia pisca, perturbada. Depois sobe os olhos pra ele.
- Onde ele está? - Kakashi sente que todo o peso que carregava nas costas desde o momento que ela foi para o hospital, prestes a dar a luz, cai de seus ombros quando Kalmia quer saber do menino.
- Por que eu estou aqui? - antes que Kakashi se recompusesse, Kalmia pergunta, a voz meio grogue, os olhos escurecidos.
Quando ouve sua segunda pergunta, Kakashi solta a respiração, sentando-se cuidadosamente em sua frente. Ele cai em si e percebe que Kalmia não lembra o que aconteceu - como os médicos lhe disseram que provavelmente seria -, não lembra o que fez, não se recorda de ter tentando asfixiar a criança.
Kakashi precisa pensar rápido.
Tremia entre lhe falar, lhe conscientizar, fazê-la enfrentar o mal que causou ou omitir, fazê-la nunca lembrar, ignorar que aquilo de fato aconteceu.
- Ele está em casa, com Hinata - Kakashi decide, mentindo, beija sua testa com tristeza. O menino ainda estava recebendo tratamento hospitalar, já haviam combinado com o Sexto que poderia levar o menino pra casa um dia antes da alta de Kalmia.
Mesmo que tenha se sentido aliviada, bastou perceber outra fez os pulsos enfaixados para senti-los doídos, como tivessem dilacerados.
- O que é... - Kalmia o afasta, minimamente, apertando um dos pulsos com a mão.
Kakashi engole em seco.
Isso ele poderia esconder? Seria certo esconder? Ah, o que ele está fazendo? Como se ele soubesse o que é certo nessa cena completamente conturbada... Como se ele fosse bom o suficiente pra escolher o que ela deve ou não saber...
- Amor... Você... - Kalmia se arrepia quando ele para, engolindo em seco, toda a atenção lúcida dela sobre sua fala. E com muita dificuldade nos nós da garganta, o homem lhe conta: - Você tentou suicídio, Kalmia...
Dopada de remédios, Kalmia sorri.
- Por que eu faria isso? - pergunta, achando graça do que ele falou.
Quando percebe que Kakashi não brincava, permanece sério e até com uma feição entristecida, Kalmia chora. Um som estranho escapa dela, envolto do seu riso, misturado ao susto do que ele lhe dizia.
- Por que eu... Logo agora, com você, com o bebê, logo agora que eu tenho uma família - ela ri nervosa. - Não faz sentido...
Kakashi passa a mão enluvada pelo contorno do seu rosto pálido, afagando-lhe os cabelos meio presos, meio soltos, bem bagunçados.
Ele não consegue lhe responder.
Se sente um covarde, mas não tem coragem de contar que ela está doente.
E mesmo que ele não tenha respondido nenhuma de suas perguntas até agora - Kakashi se odeia por não saber responder -, Kalmia insiste em lhe trazer ainda mais questões.
- Como está... Meu bebê? - ah, ele sabia que ela iria quebrá-lo desse jeito.
Kakashi baixa a cabeça, engolindo sua maldita comoção por debaixo da máscara que subitamente parecia sugar seu oxigênio. Quando Kakashi pensa que não pode se sentir pior, dolorosamente, Kalmia acrescenta:
- Eu... Não lembro de conhecê-lo... - quando ouve seu sopro sentido, Kakashi chora.
E isso assusta Kalmia.
- Por que... Você está assim, amor? - ela o puxa pela mão, encostando a testa dele em seu ombro.
Kakashi estava cansado. Se sentia exausto, entorpecido.
Só consegue reagir ao vê-la preocupada, tirando os tubos de oxigênio, puxando como fosse uma figurinha animada a agulha de soro cravada em sua veia.
- Pare - ele tenta segurar sua mão. - Pare, pare - Kakashi não a deixa tirar, cada gesto dela o deixava mais e mais deprimido.
- O que você tem? Vamos embora... - ela sussurra, nervosa, confusa.
Kakashi a vê dopada. Totalmente dopada.
- Nós não podemos - ele diz. - Você... - se corrige, atrapalhado. - Você não pode sair, minha flor - Kakashi acaricia seu braço, a faz perceber que não estava em um quarto de maternidade.
- Kakashi... - sabendo o que viria agora, Kakashi ofega. Fecha os olhos tentando com que a falta de visão o impeça de senti-la chorando. Mas, chorando, Kalmia pergunta: - Onde eu estou?
Por um longe segundo, ele lhe deu silêncio.
Estava tentando, bravamente, desde que ela acordou, não assustá-la mais, não fazê-la sofrer, impedir que a verdade arrasasse com sua mente. Mas, merda... Sua reação estragou tudo.
Ele não conseguia mais ser forte.
Não depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias.
Ele só queria estar com ela, em casa, dormindo abraçados ou implicando um com o outro pela casa. Não queria ter caçado Saturo, nem queria que ela estivesse grávida. Não queria vê-la doente e não suporta a imagem de tê-la asfixiando o menino.
- Onde eu estou? - quando ela enfatiza a pergunta, Kakashi arrepia-se.
- Na ala psiquiátrica - diz, lamentavelmente. - E precisamos ficar, por mais alguns dias...
Kakashi lhe dá um instante para assimilar. E antes que o instante acabe, o ninja ergue o baldinho de metal pra ela vomitar toda a medicação, os analgésicos, os antidepressivos, e tudo o que comeu no último dia. E mesmo sem os remédios musculares, ela não sente dor nas pernas, isso porque não sente o próprio corpo.
- Merda - Kakashi pragueja, afastando-se o suficiente para gritar. -Enfermeira! - chama.
Kalmia nem sente seu nariz sangrar, mas isso foi mais do que suficiente pra alarmar Kakashi que grita outra vez:
- Enfermeira! - imediatamente ele é educadamente expulso da sala, não antes de ver Kalmia apagar.
Depois desse quadro, a medicação dobrou, então, ela não ficou mais cinco minutos acordada.
Agora já são seis dias em que ela está internada. Recebe tratamento psicológico, medicação regulada e apenas dez minutos de visita por dia. O isolamento total do menino ajudou na recuperação emocional, e a conversa que Kakashi teve com o psiquiatra, acordando que nenhum dos dois falasse sobre o ocorrido, adiantou o acompanhamento em quase 100%. Em dois dias ela estaria liberada.
Ele poderia, finalmente, ter sua família em casa.
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GRITE - Hatake Kakashi
Fanfic#1 lugar em Kakashi - 09/08/2020; #1 lugar em Naruto - 28/11/2020; Kalmia, com um nome tão peculiar, mas uma história muito comum e monótona. Tentando recomeçar sua vida que havia acabado antes mesmo de estourar a Quarta Guerra Ninja, se muda para K...