"Um epílogo é uma peça literária em que se faz a recaptulação e o resumo da ação, trazendo o desfecho aos leitores, o seu final..." – este seria, cruamente, o conceito simples do fim.Mas, de olhos fechados na varanda ensolarada da minha casa, eu respiro o ar ameno da primavera repleta de flores no nosso jardim e me vejo longe, muito longe do fim.
– Mamãe? – sorrio, de costas, a ouvi-la tão dócil, tão benditamente querida, como eu e muito menos o seu pai, nunca fomos na vida. – A senhora pode me ajudar? – Kaizuka estava enorme, com apenas dez anos já bate no meu ombro, será alta como o pai, assim como é o seu irmão.
– Claro, meu amor – viro-me para minha filha, pegando em minhas mãos a fartura exuberante, muito parecida com a minha, de seus cabelos, na cor exata do prata de Kakeru e Kakashi.
Prendo os cabelos de Kaizuka em um coque alto, idêntido ao meu, firmando-os com a presilha larga em formato de flor, rosinha, que combinavam com nossas roupas de ballet.
Mesmo que eu esteja constantemente com medo de explodir tamanha é a minha felicidade, hoje, especialmente hoje, sinto uma apreensão descomunal, algo que eu nunca pensei que seria possível uma simples mulher na minha idade sentir.
Kakeru não completou doze anos, mas é um jounin da Aldeia da Folha. Kakashi e ele falaram sobre isso durante todo o ano passado, e ele andava animado, risonho, completamente focado no treinamento árduo com seu pai. Mesmo os tendo assistido de perto, não pensei que me sentiria tão aflita ao deixá-lo partir, de saída para sua primeira missão fora de Konoha.
Eu os apoiei, e amei ver o quanto Kakashi está literalmente feliz por tê-lo fielmente seguindo seus passos, mas não posso deixar de pensar que meu coração não aguentará suportar por muito tempo, tamanha é a minha preocupação.
Nesse exato momento, Kakashi deve estar se despedindo dele, com um abraço - imagino eu -, já que eles são tão grudados que chega a me irritar.
Eles estudam juntos, saem juntos, jogam juntos, treinam juntos e só deixaram de tomar banho juntos - sim, eu perdi o meu marido -, quando Kakeru completou dez e se tornou chunnin, superando seu pai em quase quinze pontos na classificação geral da Academia Ninja nos últimos cinquenta anos.
A relação dele com Kaizuka é diferente.
Muito diferente.
Ouço-a contar o compasso da música, flexionando os joelhos como eu, erguendo os braços acima da cabeça como eu, girando, tão lenta e graciosamente que me dá vontade de chorar.
Kakashi é perdida e completamente apaixonado por ela.
Eu sei, do fundo do meu coração, que esse sentimento o assusta. Porque ele vê Kakeru crescer, e quer empurrar suas costas, impulsionando-a a voar. Kaizuka ele vê, e quer guardar.
Conversamos muito sobre isso, e às vezes Kakashi enlouquece com nós três. Apesar de terem os seus cabelos - e Kakeru principalmente - todos os seus traços e trejeitos, ambos têm exatamente a minha personalidade.
Falam demais, brigam demais, sonham demais, enlouquecem, tudo demais, demais, ao extremo.
Porém, exatamente por isso, ele sabe que não importa o que faça - ele não pretende fazer -, nada e nem ninguém seguraria Kaizuka. Ela é uma menina definitivamente selvagem, e entre mim e Kakashi, não conseguimos medir quem a ama mais por isso.
Ela é muito mais preguiçosa do que Kakeru - e com certeza isso ela puxou de mim -, mas se juntasse a minha determinação com a determinação de Kakashi, Konoha teria a maior determinação do fogo jamais vista, esta seria a determinação de Kaizuka.
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GRITE - Hatake Kakashi
Fanfiction#1 lugar em Kakashi - 09/08/2020; #1 lugar em Naruto - 28/11/2020; Kalmia, com um nome tão peculiar, mas uma história muito comum e monótona. Tentando recomeçar sua vida que havia acabado antes mesmo de estourar a Quarta Guerra Ninja, se muda para K...