03 ➳ Toque

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Kalmia estava surtando em frente ao espelho. Há muitos anos seus cabelos não ficavam assim: rebeldes e indomáveis.

Ela já havia escolhido seu vestido e uma sandália de plataforma plana, o rosto não estava muito ruim e as unhas estavam pintadas. A única desgraça que estava lhe dando vontade de chorar eram os cabelos completamente armados, num empasse entre o liso e o cacheado, ela o odiava.

Em poucos minutos o homem estaria ali e ela não sabia o que fazer com o cabelo. Estava ficando nervosa e com vontade de desistir, mas ela queria isso. Ela queria muito ter essa sensação. Por isso, a muito contragosto, Kalmia prendeu seus cabelos para cima, num coque estranho e caído, deixando vários fios soltos em seu rosto.

Às 20hrs em ponto, Kakashi estava em sua varanda, recostado na madeira completamente bonito.

Os cabelos pareciam mais domados do que hoje cedo - mil vezes mais bonitos do que os dela, Kalmia lamenta -, a bandana não cobre mais o olho, deixa uma enorme cicatriz que atravessa o lado esquerdo de seu rosto à mostra. Aquilo era... Completamente sexy.

- O-olá - Kalmia sussurrou, um pouco tímida. Com as mãos nos bolsos, Kakashi descruzou os pés e ofereceu um braço à ela.

Não sabia se a elogiava, pra falar a verdade. Nem ela sabia se devia comentar o quão cheiroso ele estava. Estava estranho, muito estranho, mas nem um pouco constrangedor.

E conforme eles caminhavam de braços dados, atraindo o olhar de absolutamente todos os que os podiam enxergar, ela sentia seu estômago se revirar em borboletas. Logo em seguida Kakashi sentiu um aperto sofrido em seu braço, mas não ousou imaginar que era porque ela tinha acabado se reparar que o veria sem máscara.

Ah! Eles iam caminhando devagar sob a luz da Lua e além dos braços cruzados, às vezes os quadris se colidiam, arrastando-se um ao outro de lado, na verdade, o quadril dela roçava na coxa dele, se levar em consideração a desproporção de suas alturas e Kalmia estava levando.

Ela estava levando muito. Quase precisava andar unindo suas pernas uma na outra, completamente excitada com aquele simples contato, que nem um toque era.

Ela nunca tinha sentido isso. Seus hormônios estavam enlouquecidos, não era normal. Que diabos tem esse homem?

- Chegamos - Kakashi diz, parando em frente a um restaurante informal, podia ser chamado de bar. Sim, era um bar - Kalmia reparou ao ver alguns jogos no fundo do local de pouca luz.

Droga, tudo ali era meticulosamente sedutor.

Aquilo era a cara dele - aparentemente.

- Gostou? - Kakashi quer saber, puxando a cadeira pra ela sentar.

- Parece ótimo - Kalmia olha em volta e adora quando ele pede para trazerem algumas bebidas. Ela afasta um pouco suas pernas, disfarçadamente sob a mesa, tentando refrescar o local que esquenta a mais de 50 graus com a possibilidade de ela ver seu rosto.

Quando dois copinhos chegam, ela logo vira-o em sua boca. Aquilo era o sinal que Kakashi queria: ela não o chamou pra sair só porque havia o ofendido antes, ela também estava interessada. Talvez desde o dia em que se viram pela primeira vez, como ele.

- Quer jogar alguma coisa? - merda, quando ele bebeu o shot sem que ela visse?

Kalmia pisca algumas vezes, pra se certificar de que estava tudo bem e ela não havia se embebedado com apenas um gole de saquê.

- S-sim - ela diz levantando-se e o seguindo até o fundo do bar. O coração dela explode no peito quando sente a mão dele pegando a sua, por breves segundos, ele só queria saber como era a sensação. Era agradável.

Kakashi oferece um taco de sinuca para ela e lubrifica a ponta do que ele usaria, esperando que ela reagisse negativamente, mas não aconteceu. Ela não deu pra trás, mas foi sincera com ele:

- Esse jogo vai ser fácil pra você, eu sou péssima nisso - ele ri com sua voz de desdém, indo para o lado oposto dela.

- Não se preocupe - ele põe todas as bolinhas no centro da mesa, encaixadas no suporte triangular. - Vou te deixar uma brecha pra ganhar desta vez - ela ri, gostando do senso do cara. - Só desta vez.

Kalmia mordeu o lábio interior quando ele se apoia sobre uma das pernas, esticando suas costas bem marcadas sobre o taco que começa a jogada.

Ela não sabia se estava arrepiada porque ele deixou claro que teriam outras vezes ou se foi o fato de que, em três minutos, ele já lhe deu uma bebida, uma olhada, já tocou sua mão e agora está jogando com ela.

Kalmia tinha muitos motivos para morder os lábios, tentando controlar as batidas frenéticas do seu coração.

- Você não estava mentindo então - ele faz piada se referindo ao que ela disse sobre não ser muito boa, depois de já ter finalizado seis vezes em cima de suas jogadas.

- Não fique contando vitória antes da hora, eu posso surpreender você - ela diz, e ele gosta. Não acredita, mas gosta. O jogo dela era péssimo e ela não parecia muito concentrada, mas Kakashi não podia cobrar isso dela.

- Está aí a sua chance de me surpreender - Kakashi debocha, mostrando a jogada que ele prometeu entregar-lhe de bandeja.

Isso a deixa nervosa.

Muito nervosa.

E ela mal consegue posicionar o taco entre seus dedos sem tremer. Quando ela precisa inclinar o quadril e relaxar as costas, tudo fica pior, Kalmia paralisa, com vontade de morrer, fervendo de vergonha.

E todas as células do seu corpo tremem quando ela o sente encaixado atrás de si. Seus olhos se umedecem e ela literalmente treme de nervosismo, cheia de tesão.

- Essa mão... - Kalmia geme quando ele arrasta a mão sobre a sua, inclinando seu corpo sobre o dela e cola o rosto quente atrás de seu pescoço exposto. - Relaxe - ela fecha os olhos com os lábios secos, tudo o que menos conseguiria fazer era relaxar.

A boceta pulsava quente pelo calor escaldante do corpo do homem sobre o seu. Indo mais a fundo na situação que já era péssima, Kakashi espalma a mão sobre a barriga da mulher, bem perto da virilha. Ele se arrepia quando ela não consegue disfarçar, joga a cabeça pro seu ombro e esfrega as coxas unidas uma na outra.

Com a mulher toda arrepiada dentro do seu abraço, apertando-a levemente contra seu membro, ele conduz a última jogada dela, propositalmente fazendo-a errar a tacada.

Ainda atrás dela, ele deixa o taco sobre a mesa e a mulher espalma as mãos suadas sobre a mesma. Devagar, ele se aproxima e sussurra pra ela:

- Eu ganhei.

GRITE - Hatake KakashiOnde histórias criam vida. Descubra agora