30 ➳ Inacreditável

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- Não é um parto de risco, ela é jovem e forte, não fique tão preocupado - Kakashi ergue os olhos para o homem que informa, sem deixá-lo entrar enquanto as mulheres da equipe médica trocam as roupas de Kalmia.

- O quê? - ele estava chocado demais para entender o que o médico diz, sua cabeça parecia que estava girando fora do seu cérebro.

Como isso é possível?

Kakashi tem vontade de rir, mas está assustado demais pra isso. Não lembra de já ter ficado tão surpreso, nem tão ansioso, muito menos tão medroso assim.

- Quando as dores dela diminuírem - o grito de Kalmia sobressai-se sobre a voz do homem, faz Kakashi olhar assustado para a porta fechada em sua frente. O médico sorri, balançando a cabeça levianamente. - Quando as dores dela diminuírem você pode entrar pra acompanhar a chegada do bebê, mas isso vai levar mais uns quinze minutos.

- Quinze? - ele infartaria em três.

- Deixe ele comigo - completamente alheio e transtornado, Kakashi não reconhece de imediato a voz dela, mas logo Sakura sai detrás do homem, ajoelhando-se na frente do seu sensei que, sentado, parecia em estado de pânico.

- Me desculpe - ela diz e Kakashi só faz encará-la. Sakura não sabia se ele de fato estava ouvindo-a ou não. - Eu vi uma alteração há oito meses, quando vocês terminaram. Mas ela me disse que foi uma despedida, não uma transa - Kakashi leva a mão aos olhos, fechando-os e massageando a própria têmpora ao ouvir aquilo.

- As sessões para a doença do sangue rompeu um coágulo grosso que impedia a fertilização do útero, e eu só entendi quando vocês voltaram, quatro meses depois que ela já estava grávida - Sakura diz. - Nem um enjôo, nem uma barriga, a menstruação ativada...

- Toda a oscilação de humor, as mudanças no corpo, a fome desastrosa, a depressão, só queria ficar em casa chorando... - Kakashi quer morrer ao perceber, tardiamente. Muito tardiamente.

Sakura estava louca para abraçá-lo e comemorar aquilo, mas como médica, e amiga tanto de Kakashi quanto de Kalmia, ela entende que a felicidade recairia devagar sobre eles, o choque era muito grande para dar lugar ao lado bom da coisa.

- Sensei... - Sakura sopra, fazendo-o erguer apenas os olhos. Kakashi não ergue o tronco, nem a cabeça, nem as mãos. Apenas os olhos. - Se a sua cabeça está assim imagine a dela...

No quarto, Kalmia chorava inconsolavelmente. Chegava a soluçar, o nariz já estava entupido e as dores passavam aos poucos, dando lugar a um pavor desesperador, uma vontade incontrolável de acordar e aquilo ser apenas um sonho estranho.

Um filho? Há, Kalmia ri. É impossível. Impossível. Não pode ser verdade... Ou ela não quer que seja verdade?! O que Kakashi estaria pensando dela?

Kalmia chora ao lembrar que teve contrações a noite toda, e chora ainda mais porque a sua negligência de se afundar na banheira hoje cedo poderia ter matado a criança. Ela chora ainda mais ao olhar por dentro de sua roupa, os seios realmente estavam maiores, mas a barriga... A barriga continua intacta, sem um relevo sequer. Ela devia ter se afogado? - é o que pensa.

Kalmia fecha as pernas instintivamente quando o médico ergue seu roupão. Ele se afasta, amigável, espera-a digerir a informação. Mas ela não consegue, sua cabeça estava prestes a explodir. Aos poucos, ela deixa o médico tocá-la, com as mãos dentro das luvas azuis descartáveis, ele tira a cabeça dali sorrindo, assente em direção à outra enfermeira de jaleco que parece entender que Kakashi já podia entrar.

- Vamos lá, mamãe? - quando o escuta falar, Kalmia entra em pânico.

A pele fica branca, os batimentos cardíacos quase explodem a máquina ao lado, faz o cirurgião e sua equipe abrir a porta rapidamente, pedindo que Sakura venha de pressa.

GRITE - Hatake KakashiOnde histórias criam vida. Descubra agora