Existe uma linha tênue entre a coragem e a covardia.
Ao ser corajoso, você passa por cima de todos os seus medos e age. Em contrapartida, ao ser covarde você permite que eles te dominem.
Depois de pensar muito no que Sydney me disse sobre eu ter falado algo extremamente covarde, eu me perguntei diversas vezes se foi um caso isolado ou se eu realmente sou assim. Cheguei a conclusão de que me considero um pouco das duas coisas: corajosa e covarde.
Nesse momento, sou corajosa por descer as escadas em direção à Corbyn e covarde por decidir fingir que não ouvi a conversa dele com Daniel.
Eu não sei o que pensar a respeito de tudo isso. Sempre foi fácil ter em mente que nunca ficaríamos juntos e isso preservaria a nossa amizade, mas foi antes de saber dos verdadeiros sentimentos dele por mim. Agora, minhas convicções estão todas embaralhadas e eu sinto como se tivesse um anjo e um demônio em meus ombros, ambos discutindo o que é melhor para a minha vida. Espero que eles cheguem a alguma conclusão logo. Até lá...
Miro as costas nuas de Corbyn, enquanto ele frita um ovo e cantarola calmamente. Não faço idéia do que dizer, então não digo nada e apenas fico observando meu melhor amigo.
— Caralho! — Ele exclama ao se virar, claramente assustado ao me ver parada perto do balcão. — Você quase me matou do coração.
— Me desculpe. — Sorrio meio sem jeito, ao passo em que me sento em um dos banquinhos que tem alí. Seco o seu corpo por um momento, até que percebo o que estou fazendo e abaixo a cabeça, em seguida puxo as mangas do moletom amarelo que visto. Ele fica grande em mim, porque é de Corbyn, mas tem a vantagem de estar com o seu cheiro. O loiro, que segura um prato, chega mais perto e o deixa sobre o balcão junto a um garfo. Quando volto minha atenção para o objeto, percebo que ele formou uma carinha com os ovos e um pedaço de bacon. Além disso, fez orelhas com pão e sobrancelhas com a casca do mesmo. Sorrio automaticamente.
— Me desculpe pelo que você passou ontem. — Fala.
— Não foi sua culpa. — Começo a comer.
— Mesmo assim, você não merecia ouvir aquelas coisas. Conversei com o Daniel mais cedo, ele me pediu desculpas e disse que vai falar com você depois que organizar melhor as idéias. — Tusso, engasgada com a comida.
— V-Vocês conversaram, é? — Assim que falo, me arrependo.
Merda. Eu não posso tocar nesse assunto.
— Sim, ele me passou uma mensagem pedindo pra que eu fosse no quarto dele e eu decidi ir. — Diz, ao que se vira para pegar o próprio prato. — Você quer café?
— Não, obrigada. — Tento por um fim a aquele assunto e parece funcionar, pois quando Corbyn se senta a minha frente, ele simplesmente começa a comer em silêncio.
Depois de terminar o café, subo para me trocar e quando digo que já vou, Corbyn insiste em me levar para casa. Dessa vez, vou andando, já que é bem perto. Quando chegamos na minha residência, damos de cara com uma Sydney extremamente elétrica e curiosa.
— Bom dia, queridos. — A morena diz, ao nos ver passar pela porta. Corbyn sorri e oferece a minha amiga um abraço, que é aceito imediatamente.
— Tiveram uma noite boa? — Percebo a malícia em sua voz, e atrás de Corbyn, gesticulo para que ela pare. Entretanto, Syd continua com um olhar sapeca.
— Poderia ter sido bem melhor, se sua amiga não tivesse me chutado enquanto a gente dormia. — O loiro dá de ombros, ao falar com ar risonho e eu o miro, indignada.
— Eu não lembro disso e se eu não lembro, eu não fiz. — Cruzo os braços e meu amigo se vira. Percebo que ele mantém um sorriso simplista, como se a situação fosse divertida mas não engraçada.
— Claro que você não lembra, dormiu que nem uma pedra.
— Então, vocês só dormiram? — Sydney solta.
Se os meus olhos soltassem raios lazer, ela estaria em pedacinhos.
— Na verdade, — Tento enrolar. — também assistimos a um documentário que o Corbs gosta muito e comemos sushi. — Ela me olha por um segundo e eu sinto medo de que a garota fale mais alguma coisa que possa me comprometer, mas ela simplesmente dá de ombros e se senta no sofá. Suspiro, aliviada.
— Syd, você viu a chave de fenda? — Abby entra na sala. — Oh, olá. — Sorri para nós e recebe um aceno de Corbyn como resposta.
— Não tá na sua caixa de ferramentas? — A morena pergunta.
— Foi o primeiro lugar que eu procurei. — Sydney bufa e levanta, ao que passa por Abby e pede para que ela a siga. Assim a loira faz, ao passo em que Corbyn e eu andamos até o sofá, sento no mesmo de forma robótica, nervosa com tudo aquilo.
— Cadê o Levine? — Pergunta, ao olhar ao redor.
— Deve estar dormindo, ele só come e dorme. — Respondo.
— Gato sortudo. — Vejo, pelo canto do olho, o garoto se encostar no sofá e abrir as pernas, relaxado. Sem querer, encaro suas coxas cobertas pela calça de moletom.
Como seria sentar no colo dele e beijá-lo?
Ou melhor, sentar no colo dele e...
— Ah, olha ele aí! — Exclama, ao que pega o gatinho, que passava pelo tapete, no colo. Mordo o lábio com força e desvio o olhar. Preciso evitar pensar besteira.
— Ele gosta de você. — Meus mirantes capturam o gato, que se esfrega na barriga de Corbyn, enquanto recebe carinho.
Definitivamente um gato sortudo.
— Esse é o único felino do mundo que age de forma tão carinhosa. Você o estragou. — Diz.
— Felinos são carinhosos, mas não tem saco pra seres humanos. Eu não os julgo. — Pego Levine do colo do meu melhor amigo e o gatinho se aninha nas minhas pernas e fecha os olhos. Sorrio, com o coração quentinho de amor. Quando olho para Corbyn, ele está me encarando. Quase desmonto sob o seu olhar, mas me mantenho forte.
— Kai? — O loiro diz.
— Sim?
— Eu preciso te contar uma coisa. — Minha respiração falha e meu estômago se revira.
Oh não.
↡
decidi que o próximo capítulo vai ser um especial de 1k, porque já tá muito pertinho
e então, o que será que o corbyn vai contar pra kaia?
xoxo
↠
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𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn besson
ФанфикKaia e Corbyn são melhores amigos, mas para manter essa amizade eles precisam esconder os seus verdadeiros sentimentos um pelo outro. 𝟭𝟯/𝟬𝟱/𝟮𝟬𝟮𝟬 → ?