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— Ah, olha quem resolveu dar o ar da graça. — Sydney diz, ao que segura uma xícara entre as mãos e balança as pernas, pois está sentada em um banquinho na cozinha.

— Do que você tá falando? Eu moro aqui. — Pego um objeto de porcelana igual no escorredor de pratos e em seguida, encho ele com chá. Me sento em frente a morena, que me olha com um ar zombeteiro.

— Mora, mas ou você tá na casa do seu namorado ou fica no quarto falando com ele o dia inteiro. — Minha amiga bebe um gole, sem tirar os olhos de mim.

Ele está me provocando, mas eu não vou cair nessa.

— Você e o Jonah pararam de sair?

— Sim, — Sydney dá de ombros. — já faz alguns dias.

— E você não quis me contar? — Incrédula, bebo um longo gole do chá, que por sinal, é de erva-doce.

— Do mesmo jeito que você não contou pra mim quando transou com o Corbyn.

— Syd, você descobriu isso faz semanas. A gente já transou umas dez vezes depois disso e você ainda não superou que eu não te contei da primeira. — Digo, ao passo em que reviro os olhos.

— Não interessa, minha filha. Você escondeu isso de mim, logo eu, quem mais te apoiou pra você sentar naquele pau. — Me engasgo ao ouvir a última parte, em seguida começo a rir.

— Você não existe.

Após algumas xícaras e uma boa conversa sobre pênis, decido subir, pois não venho me sentindo muito bem nos últimos dias. Meu corpo inteiro dói, não tenho apetite e até vomitei algumas vezes, por isso me jogo na cama com tudo e fico de baixo das cobertas durante muitas horas, até que ouço uma batida na porta e resmungo para que quem quer que seja, entrar.

— Ei, — Reconheço a voz de Hailey e abaixo um pouco meu endredom branco. — ainda na merda? — Ela se senta ao meu lado.

— Sinto como se eu fosse morrer a qualquer momento. — Digo, com um tom melodramático e ela sorri.

— Deixa de ser mole. — A garota me dá um pequeno empurrãozinho e eu gemo. — A Abby deixou sopa pra você na geladeira. Quer que eu esquente?

— Ela saiu? — Me deito de lado e fico toda enroladinha, provavelmente estou parecendo um sushi.

— Sim, foi ver o Jack.

— E não voltou ainda? — Franzo as sobrancelhas, confusa. Depois da viagem, Abigail mal dormiu na casa do affair. Eu achei que ela finalmente fosse terminar tudo o que há entre eles, mas me enganei. Se bem que, eles já estão nessa situação faz bastante tempo, não sei o porquê de eu ainda esperar que tudo se resolva, para o bem, ou para o mal.

Hailey dá de ombros e ao olhar para a televisão, sugere:

— Ei, e se a gente assistir um filme juntas antes do jantar? — Detecto animação em seu timbre, isso me faz sorrir.

— Pode ser Barbie? — Faço um biquinho fofo e a garota bate palminhas, animada.

— Você leu a minha mente. — A morena pega o controle na mesinha de cabeceira e se acomoda ao meu lado, ao que se desfaz de suas pantufas de unicórnio. O quarto está escuro e só o abajur evita que fique um completo breu, então quando a luz da TV invade os meus olhos, resmungo, pois sinto incômodo. — Qual filme?

— O melhor. — Me sento ao lado da minha homemate e a miro. Obviamente, estou testando ela.

— Ok. — Ela diz, simplesmente e procura em algum site pirata, Barbie: A Princesa e a Popstar.

— Também é o seu preferido? — A encaro, surpresa. Ninguém, exceto eu, considera esse o melhor.

— Você tá brincando? — Hailey sorri para mim. — "Aqui estou, sendo quem eu sou..." — A morena canta.

— "Dou tudo de mim, sei o que quero." — Completo, animada.

— "Lá vou eu, com muita emoção..."

— "Brilho na escuridão." — Finalizo o trecho da música, ao que rio como uma criança feliz. De repente, me sinto meio culpada por não ter ido com a cara dela no início.

Por causa da minha mãe, eu sempre julguei meio mal as garotas que conheço. Ela insistia em dizer que feminismo é besteira e que eu deveria ir com tudo na competição feminina, porque se eu acreditasse que não deveria, acabaria perdendo sem me dar conta.

É claro que eu tenho idade o suficiente, e bom senso, para saber que não devo tentar ser melhor que outras mulheres e nem nada do tipo, mas às vezes vacilo um pouco.

— O que foi? — Minha colega diz e eu percebo que estou a tempo demais encarando ela.

— Ah, — Suspiro e miro os meus dedos. — é que eu te julguei mal. Eu realmente não tinha ido com a sua cara no começo. Me desculpe por isso.

— Ei, — A garota segura a minha mão. — eu sei que tenho cara de nojentinha, então não se culpe. — Solto uma gargalhada ao ouvir isso.

— Tudo bem. — Ficamos sorrindo uma para a outra, até que ela volta a atenção para o televisor e dá play.

Assisto o filme quase todo, ao passo em que me deito no colo da garota em algum momento, mas pouco antes do final, meus olhos se fecham e eu acabo cochilando. Estou quase em sono profundo, quando sinto Hailey tirar a minha cabeça de cima de si. Me viro e tento engatar no sono, porém não consigo. Por fim, abro os olhos e, surpreendentemente, encontro a morena mexendo nas gavetas da minha escrivaninha, ela parece procurar por algo. Quando a garota se vira para conferir se eu ainda estou dormindo, fecho os olhos novamente. Ouço minha homemate suspirar e poucos segundos depois, a porta do quarto bate, em um claro sinal de que ela saiu, então me sento na cama.

O que ela queria? Será que ia pegar algo emprestado? Mas se fosse realmente o caso, pedir faz mais sentido do que fuçar minhas coisas enquanto eu estou dormindo.

Acabei de depositar a minha confiança nela e Hailey já jogou tudo fora, mas ela não sabe que eu a vi, então decido tirar proveito disso.

Onde há fumaça, há fogo e eu vou descobrir qual é a desse incêndio.

eu tô sem tempo pra escrever, mas prometo que vou me organizar melhor e voltar a att bastante

xoxo

𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora