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Está todo mundo aqui; minhas amigas, meus amigos e até algumas pessoas avulsas que são amigas dos meninos ou das meninas. A festa está rolando na parte traseira da casa, onde fica a piscina e tudo mais. Abby decorou tudo com um tema artístico, assim como o meu bolo. Ela e Sydney cuidaram da maior parte dos preparativos, e até a idéia da festa foi delas, porque eu não costumo pedir a atenção das pessoas, nem no meu aniversário.

Me encosto no batente da porta, ao que observo as pessoas alí presentes; a maioria dança ou conversa, mas tem um ou outro amigo meu comendo, pegando alguém e Luke acaba de jogar Zach na piscina. Tudo parece bem.

— Kai, você se lembra onde tá a vela? Eu esqueci. — Sydney aparece na minha frente.

— Acho que sei, vou buscar. — Digo e a morena suspira aliviada. Syd garantiu que eu ficasse feliz o dia inteiro, pois ano passado o meu aniversário foi muito triste, porque Corbyn não pôde vir a Los Angeles no dia. Percebi que qualquer detalhe fora do planejado a deixaria louca, então apesar de eu não saber realmente onde a vela está, me encaminhei até a cozinha para procurá-la. — Tem que estar aqui. — Comento comigo mesma, ao passo em que vasculho as gavetas. Me abaixo e procuro no armário de panelas, sem motivo aparente. Vai que, né?

— O que você tá procurando? — Me assusto ao ouvir a voz de Corbyn e levanto rapidamente. Eu já o vi essa noite, mas toda vez que os meus olhos o miram novamente, não consigo não pensar no quanto ele está bonito. Sua camisa preta com uma imagem estranha, sua calça, também preta, baixa e seu tênis, que eu apelidei carinhosamente de "sapato de palhaço", o deixam muito charmoso a luz do luar.

— Que susto! — Exclamo. — Não se chega por trás de alguém assim. — Vejo um mirar pecaminoso tomar conta dos olhos do loiro e o repreendo: — Nem pense em fazer alguma piada idiota sobre chegar por trás.

— Eu não ia. — Corbyn dá de ombros, mas eu sei que ele ia porque o pequeno sorriso sapeca em seus lábios o entrega.

— Até parece. — Me viro e volto a procurar a vela, dessa vez no armário em cima da pia.

— Kai, você tem um minuto? — Meu amigo diz.

— Agora? — Me viro para ele, e percebo que em suas mãos, há uma caixinha vermelha de veludo. Meu coração para na mesma hora.

Ele vai, sei lá, me pedir em casamento? Isso seria catastrófico.

— Eu tenho mais um presente pra você. — Diz, simplista. — Feche os olhos. — Eu o obedeço e em poucos segundos sinto ele me virar com cuidado, em seguida passar algo pelo meu pescoço. — Pode abrir. — Quando meus mirantes capturam as imagens do ambiente de novo, olho para baixo  instistivamente e vejo um colar delicado de ouro. O pingente dele é uma chave bonita e antiquada, com algumas pedrinhas na parte superior.

— O que...? — O encaro, sem saber o que significa.

— Eu pensei muito em como faria isso, mas percebi que não adianta planejar demais algo que deve ser fluido e que depende do clima certo, não da ocasião. — O loiro segura a minha mão esquerda, e prende meu olhar no seu. — Vai parecer extremamente clichê, mas esse pingente representa a chave do meu coração. Você é a dona dele, então nada mais justo do que ela ser sua. — Sorrio ao ouvir tais palavras, mas antes que eu possa dizer algo, ele prossegue: — Você não sabe, Kai, mas eu te admirava mesmo antes do trabalho de física. Via você passar pelo corredor, tão bonita e pensava se o seu interior seria lindo como o seu exterior. Quando eu descobri que sim, não consegui evitar de me apaixonar. Esse sentimento me corroeu por anos, mas aqui estamos.

— Rimou. — Digo, ao que dou uma risadinha nervosa.

— Sim, — Ele sorri. — rimou. Enfim, eu só quero que você saiba que durante todo esse tempo, eu torcia pra  que a nossa relação se tornasse uma típica história dos melhores amigos que se apaixonam. Não é que se tornou? — Corbyn abaixa um pouco a cabeça e depois volta a me olhar. — Nós nos tornamos a droga de um clichê, mas quer saber? — O loiro faz uma pausa. Sinto o meu coração bater como um tambor no meu peito e me pergunto se alguma vez na vida já experimentei um sentimento tão forte como o que estou sentindo agora. — Eu espero viver esse clichê pra sempre com você. — No momento em que penso que meu melhor amigo terminou de falar, ele passa uma mecha de cabelo para trás da minha orelha e segura o meu queixo. — Você quer namorar comigo? — Diz, ao passo em que olha profundamente nos meus olhos.

— Eu... — Começo a dizer, mas em seguida perco a voz, e sei que fiquei em silêncio por tempo demais quando vejo as sobrancelhas do loiro se arquearem.

Eu sonhei com esse momento por tanto tempo que não consigo assimilar que está mesmo acontecendo. Ele realmente está me pedindo em namoro?

Permaneço presa em seus olhos, com tanta vontade de gritar de felicidade que mal me seguro, mas ao mesmo tempo com dificuldade de escolher uma resposta.

"Mas é óbvio? "

"Claro!"

"Sim."

"Com certeza."

Qual a expressão correta? Qual é mais apropriada para demonstrar o quão feliz eu estou com o pedido dele?

Sem pensar muito mais, apenas digo:

— Eu quero pra caralho! — E me jogo em seus braços. Os braços que sempre me acolheram e me reconfortaram nos meus piores momentos. Eu desejo mais do que tudo padecer no abraço dele, pois é o único lugar onde a realidade nunca vai me pegar.

Me dar a chance de amá-lo foi a melhor decisão que eu tomei em anos, e eu vou com certeza me dedicar para que o que nós dois temos, que é algo raro e precioso, seja duradouro.

Não digo em voz alta, mas tenho total convicção de que o nosso clichê, é o melhor de todos os tempos.

𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora