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Ajeito a minha blusa, logo após bater na grande porta de madeira da casa da Why Don't We.

Faz alguns dias que o ''evento Corbyn'' aconteceu e eu dei a ele espaço para pensar, mas já estou começando a ficar desesperada. Por isso, resolvi vir até aqui e tentar conversar com ele.

— Hey, bom te ver. — Diz Daniel, ao que me permite entrar. Retribuo seu cumprimento com um sorriso amigável. — O Corbyn tá no quarto jogando. 

— Como você sabe que eu vim ver ele? — Digo e assisto enquanto um sorriso se desenha nos lábios do loiro e ele abaixa a cabeça, ao soltar uma pequena risada.

— Quem mais você viria ver? Eu? Ou melhor, o Zach? — Ele se vira, ao passo em que começa a andar para longe e pouco tempo depois, o perco de vista, pois ele sobe as escadas.

Me encaminho até o andar de cima também, e ao chegar de frente ao quarto de Corbyn, respiro fundo e encaro as palmas das minhas mãos. Estou nervosa.

E se ele me rejeitar? Quer dizer, ele disse para Daniel que gosta de mim, mas ele pode não querer nada comigo.

Esse pensamento quase me faz ir embora, mas antes que eu possa o fazer, a porta do quarto é aberta. Corbyn arregala os olhos, ao passo em que eu faço o mesmo. Ficamos quietos, e eu o observo de cima a baixo; ele está só de bermuda e seu cabelo loiro, que sempre está arrumado, agora se encontra emaranhado embaixo de um boné ao contrário. Ele me dá passagem, como um convite silencioso para que eu entre e assim faço. Noto que seu quarto está completamente bagunçado. Estranho, o quarto do meu amigo nunca fica menos do que perfeitamente arrumado. Respiro fundo e me viro, ao passo em que tento sustentar o olhar do garoto sobre mim.

— Corbs, — Digo, com cuidado. — eu...

— Eu passei esses dias pensando muito no que aconteceu e ainda não entendi o porquê de você ter me beijado. Então, por favor, explique. — Assisto ele cruzar os braços, a espera de uma resposta e engulo seco.

De repente, todos os sons externos começam a fazer um barulho ensurdecedor na minha cabeça; consigo ouvir a goteira do chuveiro, Jack cantando no quarto ao lado e até um cachorro latindo na rua. Tudo muito alto.  Acho que é o nervosismo a flor da pele.

Respiro fundo e digo rápido, quase initelingível:

— Eu tô apaixonada por você. — Corbyn arregala os olhos pela segunda vez desde que cheguei e fica, pelo menos, uns dois minutos sem dizer absolutamente nada. 

— Você...tem certeza? — Ele pergunta e eu apenas assinto, sem coragem de falar algo além daquilo. — Há quanto tempo? 

— Há cinco anos. — O loiro abaixa a cabeça e coça a nuca, claramente sem reação.

— E por que você só tentou algo agora? 

— Eu achava que era unilateral. — Corbyn me encara novamente, com uma das sobrancelhas arqueada.

— E como você descobriu que não é? — Engulo seco de novo. Vou ter que contar.

— Na última vez que dormi aqui eu ouvi você dizer pro Daniel. — Suspiro e miro os meus pés. 

— Então, durante todos os dias depois disso você fingiu que não sabia de nada? — Ele não parece bravo, mas fico receosa e apenas balanço a cabeça em positivo. — Por que?

— Porque eu tinha medo de tudo isso estragar a nossa amizade, e ainda tenho! Eu só cansei de me segurar por causa do meu medo, que se foda o meu medo! Você quer saber o porquê de eu ter feito tudo isso? Porque eu sou completamente maluca por você desde os 16 anos. — Grito, em seguida percebo que a minha respiração está ofegante. Observo Corbyn se aproximar lentamente, ao que estende as mãos, como se fosse me segurar. Meu melhor amigo abre a boca para falar, mas antes que possa, Jonah surge no quarto, como uma bala.

— Gente! — Ambos o encaramos. O olhar no rosto do cantor é desesperado e eu sei que algo muito ruim aconteceu, por isso meu estômago se embrulha e eu começo a me sentir mal.

— O que foi, Jonah? Diz de uma vez. — Corbyn fala, após o moreno ficar em silêncio por alguns segundos.

— A Abby sofreu um acidente de carro. — Ao ouvir isso, tenho certeza de que minha pressão baixou, porque só consigo ver a escuridão.

No momento em que abro os meus olhos, estou deitada na cama de Corbyn e quando me dou conta de tudo, levanto desesperada.

— Ei, calma! — O loiro, que só percebi agora estar sentado ao meu lado, diz, ao passo que segura os meus ombros. — Você desmaiou, precisa ficar um pouco deitada.

— A Abby... — Digo, acelerada.

— Os meninos foram pro hospital junto com a Syd, eles vão mandar notícias. 

— Não! Eu preciso ir até lá. — Me solto de suas mãos e levanto, ao que caminho até a porta. Antes que eu possa sair pela mesma, Corbyn segura o meu pulso e me puxa um pouco, sem força.

— Espera. Eu vou me trocar e a gente vai juntos. — Assinto e cruzo os braços. Não me importo nem um pouco quando vejo o garoto tirar a bermuda, ao que fica só de cueca na minha frente. Tudo o que se passa pela minha mente é em como uma das minhas melhores amigas está.

Meu Deus, e se ela morrer?

Começo a roer as unhas, ao passo em que ando de um lado para o outro, em pânico. 

Abigail deveria estar em um casting agora. Como ela sofreu esse acidente? 

Milhares de pensamentos começam a correr pela minha cabeça. Milhares de teorias do que pode ter acontecido.

Quando Corbyn vem até mim, já devidamente vestido, eu o olho sem saber o que fazer e ele apenas acaricia o meu ombro. Eu sei que ele quer que eu fique calma porque não temos nenhuma informação, mas é isso o que me desespera.

Eu preciso vê-la e saber se ela está bem. Até lá, não vou conseguir desacelerar o meu ritmo cardíaco.


𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora