Durante o sábado de manhã, passamos o tempo inteiro na praia; surfamos, jogamos futebol de areia e os meninos até tocaram violão. Já a tarde, após um almoço delicioso que Sydney preparou com a ajuda de Jonah, fomos dar uma volta pelo centro; compramos algumas lembrancinhas, Corbyn até me deu uma pulseira hippie cor-de-rosa bem legal.
Agora, são mais ou menos 16:00, voltamos para a casa faz pouco tempo, mas já estou de banho tomado e comendo uma tigela de cereal, porque passear me dá fome.
De repente, como chegaram, a calmaria e o silêncio que estavam presentes na casa, se foram. Ouço uma discussão vinda do andar de cima e parece ser algo sério, então, muito triste, largo o meu cereal e corro para o local de onde o barulho está vindo. Ao chegar, me deparo com Abby, Jack, Sydney e Jonah parados, quase que em um círculo.
— Você não pode estragar a viagem. — Abby está de braços cruzados, ao que diz. — Não seja imaturo, Jack.
— Imaturo? — O loiro exclama e passa a mão pelo cabelo. Noto que ele está muito nervoso. — Se você não queria estragar a viagem, deveria ter me chutado antes! — Ele gesticula bastante, e apenas com essa frase entendo do que se trata.
Sydney e Jonah simplesmente os encaram, sem saber o que fazer mas claramente com a intenção de fazer algo.
— Eu não te chutei! Você perguntou se eu quero namorar de verdade e eu disse que não. — A loira aumenta o tom de voz. Isso me assusta um pouco, pois raramente a vejo nervosa a ponto de se exaltar.
— Isso é a porra da definição de chutar alguém! — O cantor dá um passo a frente. Automaticamente, me meto no meio dos dois e coloco as mãos sobre o peito de Jack, em uma tentativa de afastá-lo.
— Melhor tomar cuidado com a boca e manter uma distância segura, Avery. — Digo, calmamente e ele se afasta um pouco, mas mantém uma expressão facial nada boa.
— Não é assunto seu, Kai. — O garoto diz.
— Não vou deixar você falar desse jeito com a minha amiga. Melhor você se acalmar, antes que piore as coisas. — O encaro, sem qualquer sinal de fraqueza em meu rosto.
Pela minha visão periférica, vejo Corbyn colocar a cabeça para fora do quarto e franzir o cenho, em seguida sair do mesmo e parar ao lado de Jonah.
— Que gritaria toda é essa aqui? — Pergunta.
— Quer saber, essa viagem acabou pra mim! Eu vou pra casa. — Jack se vira para entrar no quarto dele.
— E como você pretende voltar? Andando? — Digo, debochada.
Não me entendam mal, eu adoro o cara mas ele não sabe se controlar.
— Se for preciso. — O loiro bate a porta atrás de si, quando nos abandona no corredor.
Me viro para Abby, para ver se ela está triste mas a única coisa que vejo em seu rosto bonito é uma expressão dura, como a de uma mãe que acabou de repreender um filho malcriado e assistiu ele reclamar do quanto ela é injusta.
— Vem, você não pode ficar muito tempo de pé. — Ela me acompanha até o meu quarto e se senta na cama de Corbyn. O loiro não volta mais para o local, acho que sabe que é um momento entre nós duas. — Quer me dizer direitinho o que houve? — Digo e recebo um olhar cansado.
— Nós transamos ontem a noite. — Abigail diz, como se não fosse nada demais. — E então essa manhã, ele ficou sendo muito romântico comigo na praia, até me olhou enquanto cantava. Eu me senti culpada, de verdade. Quis dizer a ele como me sinto, dizer que não tenho certeza se quero alguma coisa sólida, mas eu tive medo de estragar a viagem, então decidi esperar. — Ela cruza os dedos da mão esquerda nos da direita, e continua: — Mas agora a pouco, quando saí do banho, ele me perguntou se eu quero namorar com ele, pra valer...
— E você o rejeitou? — Sento ao lado dela, na minha cama, que ainda está junta da outra. Abby assente e solta um longo suspiro.
— O quão complicados sentimentos e relacionamentos podem ser, Kai? Porque se ficar pior do que isso, eu não vou saber como agir. Na verdade, já não sei. — Seguro a mão da minha amiga, para passar segurança e vejo uma pequena lágrima escorrer em sua bochecha. — Eu nunca quis que ele saísse magoado...
— Eu sei. Vai ficar tudo bem. — Digo, ao que passo a mão pelas costas da loira. — Quer que eu peça pro Corbyn dormir lá com ele hoje? Você pode ficar aqui comigo, vai ser menos estressante.
— Não precisa. Vou tentar conversar com ele, ainda temos o dia de amanhã aqui, não quero que a viagem acabe por nossa causa. — Ela diz e eu assinto, pois ela está completamente certa em tentar resolver de uma forma madura.
Pouco depois disso, Abby resolve ir para o outro quarto e Corbyn entra no nosso. Ele caminha até mim, que permaneço sentada na cama.
— E aí? — Não é um cumprimento, mas balanço a cabeça para ele como se fosse. — Vamos ter que voltar antes do combinado? — Ele insiste.
— Não sei, mas ela disse que vai tentar conversar com ele com mais calma. — Dou de ombros e me jogo para trás na cama. — Queria que as coisas fossem mais simples, sabe? Tipo, as coisas do coração.
— Se fossem, talvez não tivesse graça. — Escuto o cantor dizer e volto meu olhar para as costas dele, já que o mesmo ainda está sentado. Talvez ele tenha razão.
Amar e ter alguém que te ama; ambas são coisas perigosas, e acho que no mesmo nível de periculosidade. Ao amar, você entrega o seu coração para outra pessoas sem nenhuma garantia de que ela vai protegê-lo e, ao ser amado, você recebe o coração de alguém e às vezes, não tem idéia do que fazer com ele. Isso tudo pode dar muito certo, mas também pode dar, muito, muito errado. Entretanto, a recompensa faz o risco valer a pena.
Ao menos, eu rezo por isso.
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𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn besson
FanficKaia e Corbyn são melhores amigos, mas para manter essa amizade eles precisam esconder os seus verdadeiros sentimentos um pelo outro. 𝟭𝟯/𝟬𝟱/𝟮𝟬𝟮𝟬 → ?