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Eu posso estar enganada, mas segundo a experiência que adquiri nos meus míseros 21 anos de vida, ver o sol se pôr na praia é possivelmente a coisa mais bonita do mundo e traz uma calmaria sem explicação. Ao menos, é o que sinto enquanto estou em cima de uma prancha de surf, há poucos metros de distância da areia, com Corbyn também em uma prancha ao meu lado. Minhas pernas estão uma de cada lado do objeto e tenho água até os joelhos, meus cabelos não estão muito molhados mas toda vez que uma lufada de vento os alcança, eu sinto um leve arrepio de frio. Observo atentamente o horizonte, o céu limpo e majestoso, ao passo em que o mesmo fica cada vez mais escuro.

— Eu posso te perguntar uma coisa? — Digo para Corbyn, de repente, mas não viro meu rosto para ele, continuo com o olhar preso na imensidão.

— Sim, qualquer coisa. — Ouço sua resposta e só aí, o miro.

— Por que você parou de dizer que me ama? — Ele abaixa a cabeça, então tento explicar o motivo da minha pergunta: — Tipo, você dizia sempre e aí, há algumas semanas, simplesmente parou. Não que seja sua obrigação, mas fiquei preocupada.

Ainda não está escuro o suficiente para ficar perigoso estar dentro do mar, e as ondas não são tão fortes nessa parte do litoral. Toda via, ao virar um pouco a prancha, vejo de soslaio as luzes da casa de praia começarem a se acender.

— Quando eu dizia que te amava, eu falava sobre amar você como pessoa. Muito antes de me apaixonar por você, eu amei a sua personalidade, quem você é. É só que... — O loiro suspira e me encara. — Percebi quando me mudei e nós voltamos a nos ver muito, que a partir do momento em que eu me apaixonei por você, a essência do meu amor mudou. — Franzo o cenho, não entendi uma palavra. — É complicado de explicar, Kai.

— Continue tentando. — Peço, em tom de súplica.

— Antes de me apaixonar, meu amor era baseado em admiração e respeito, depois, passou a ser baseado nisso tudo e em paixão. Entendeu agora? — Ele suspira.

— Entendi, mas como isso justifica você ter simplesmente parado de dizer que me ama do dia pra noite?

— Eu senti que desde que eu te amo de uma forma diferente há tanto tempo e só te dizia que te amava da forma antiga, eu tava te enganando. Quer dizer, eu sei que é confuso, porque eu nunca expliquei pra você e nem nada, mas no meu íntimo eu sabia que estava meio que mentindo. — Quando ele finaliza a linha de raciocínio, eu penso por alguns segundos antes de remar com as mãos para um pouco mais perto dele.

— Você me ama de uma forma diferente, isso quer dizer que ainda me ama. Agora que eu sei, pode voltar a dizer. Gosto de ouvir. — O rosto de Corbyn se ilumina em um sorriso caloroso, e nesse momento, quando vejo seus cabelos loiros e meio molhados balançarem com a brisa, percebo que ele nunca esteve tão bonito quanto está agora, completamente exposto, de uma forma sentimental, para mim. Gosto de ver seus sentimentos e de saber seus pensamentos, porque todos eles me encantam e me fazem sentir mais do que amada, apreciada.

— Tudo bem. — Ele diz, simplista. — O bom de sermos amigos há tanto tempo e de dizermos "eu te amo", é que não precisamos ficar com frescura pra saber quem vai dizer primeiro e tudo mais.

— É verdade. — Passo uma mecha de cabelo para trás da orelha.

— Se bem que, — O garoto me olha meio indignado, meio curioso. — você raramente diz que me ama e não responde quando eu te digo isso.

— Eu não sei, só era muito estranho falar que te amo, sem ser no sentido em que eu realmente queria dizer. — Dou de ombros. — Acho que é parecido com isso tudo que você explicou.

Noto que a esse ponto, já está escuro e precisamos sair do mar, então faço um sinal com a cabeça, no sentido de indicar para sairmos e ele assente.

Quando guardamos as pranchas na garagem e entramos em casa, eu ainda de biquíni e Corbyn só de calção de praia, nos deparamos com uma cena peculiar na sala: Zach sentado no sofá e Syd bem próxima dele, provavelmente tirando cravos do rosto do garoto.

— Ai! — Reclama o moreno.

— Fique quieto! O seu rosto parece um vestido de bolinhas de tanto cravo que tem nele. — A garota diz, espremendo a face do cantor como se tivesse um bicho sob a pele dele.

— Isso não é um pouco nojento demais pra se fazer na sala? — Digo, ao que pego uma toalha disposta na arara que existe ao lado da porta e começo a secar o cabelo.

— Shh! Preciso me concentrar. — Diz Sydney, sem sequer tirar os olhos dos cravos de Zach. Corbyn estremece ao meu lado, enojado.

— Os meninos já voltaram do mercado? — Pergunto. Daniel, Jack e Jonah saíram há algumas horas com uma lista de compras feita pela morena, mas não reparei se já haviam voltado. Chegamos perto da hora do almoço, por isso resolvemos almoçar pizza, mas todo mundo concordou que não poderíamos passar o fim de semana comendo delivery.

— Sim, Jonah disse que faria uma macarronada pro jantar. — Ao ouvir a resposta da minha amiga, meu rosto se desdobra uma expressão de puro choque.

— Você deixou ele cozinhar? — Pergunto, totalmente sem reação. Sydney nunca deixa ninguém cozinhar quando ela está presente, no máximo nos obriga a ajudar ela quando a comida é trabalhosa, mas nunca fazer por conta própria. Ela tem muito ciúme de cozinhar.

— Qual o problema? — Ela finalmente me olha e vejo Zach suspirar aliviado, em seguida empurrar a garota um pouco para longe.

— Ah... — Miro Corbyn, que me devolve o olhar, confuso. — Nenhum. — Não digo mais nada e apenas sigo para a cozinha, com meu amigo ao meu lado e consigo ouvir Zach voltar a reclamar, antes de chegar ao meu destino.

Daniel está sentado em um banquinho e Jonah, mexendo o macarrão enquanto cantarola algo.

— Pensei que iam ficar por lá a noite toda. — Diz o loiro, ao me ver sentar no banco a sua frente.

— Ficamos pra ver o pôr-do-sol. — Corbyn responde, mesmo que não tenha sido uma pergunta e se senta ao meu lado, ao que pega uma maçã da fruteira. — Isso tá lavado, né? — Daniel apenas assente.

— O cheiro tá gostoso. — Comento e vejo Jonah me olhar, ao que sorri.

— Cadê o Jack? — Meu melhor amigo questiona.

— Lá em cima, com a Abby. — O moreno se encaminha para a pia, para coar o macarrão.

Meus olhos capturam o teto, e imagino o que pode estar rolando lá. Abby não nos atualizou sobre como ela e Jack estão, depois do acidente. Sei que ela não "terminou" com ele, mas não sei se desistiu ou se está só adiando. De qualquer forma, acho que ela não faria nada na viagem, para não ficar uma torta de climão. Eu acho.

— Não se preocupe. — Corbyn sussura no meu ouvido. Viro minha cabeça para encará-lo e ele sorri de uma forma tranquilizadora, depois coloca sua mão sobre a minha no balcão. Como ele sabe que estou preocupada com algo?

— Não vou. — Retribuo o sorriso. Entretanto, não é uma frase sincera, pois no meu íntimo, me preocupo em como Jack vai ficar se eles se separarem e em como isso vai afetar Abigail.

— É sexta a noite e estamos em uma viagem maneira. Vamos só comer macarronada e ir dormir? — Me viro para Daniel e dou um sorriso sapeca.

— Que tal Just Dance depois do jantar? — Sugiro e ele ri. Só agora percebo o quanto seu rosto é fofo às vezes, principalmente por causa dos dentinhos meio tortos.

— Uau, Munn! Você sabe como se divertir. — É claramente sarcasmo, mas não me importo.

— Deboche enquanto pode, querido. Quando eu ganhar de você, sua humilhação não te deixará abrir a boca. — Cruzo os braços e Corbyn dá uma gargalhada ao meu lado.

— Isso é um desafio? — O loiro a minha frente arqueia uma sobrancelha.

— Pode apostar que sim.

espero que esse capítulo não tenha ficado confuso

xoxo


𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora