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Empurro a porta do quarto de Corbyn com o ombro, enquanto tento segurar o garoto que está completamente bêbado. Com muito esforço, o coloco para dentro do recinto e fecho o ambiente. Levo o loiro até a cama, onde o jogo. Vejo, ofegante, ele resmungar algo e não sei dizer se ele está dormindo ou não.

Eu não deveria ter deixado ele encher a cara no bar, agora vou ter que cuidar da Bela Adormecida. Se bem que poderia ser pior, pelo menos ele ainda não vomitou.

Começo a tirar os tênis do meu melhor amigo e só consigo pensar que vou ter que dar um jeito de dar um banho nele, mas não sei como. Quando termino nos pés, me levanto e miro o botão da calça jeans do garoto e engulo seco.

O quão forte eu sou para fazer isso?

Respiro fundo e faço menção de desabotoar a peça, porém ouço Corbyn resmungar mais uma vez e levo um susto.

— Merda! — Exclamo em um sussurro, com o coração acelerado.

Decido tirar a camisa primeiro e me inclino para cima dele, em seguida começo a abrir um botão de cada vez.
Ele parece dormir, mas seus lábios se mexem inquietos.

Termino de desabotoar a peça de cima e respiro fundo, antes de fazer o mesmo com a de baixo e puxar para fora do corpo do meu melhor amigo.
Miro a cueca de planetinhas e seguro uma risada. Deus me ama, porque se essa peça não fosse tão fofa, eu não conseguiria me concentrar no que estou fazendo.

Puxo Corbyn pelas duas mãos e ele desperta minimamente, ao que fica sentado na cama e em seguida, levanta. Ele ainda cambaleia um pouco, mas eu o seguro e o guio até o banheiro, onde coloco o músico sentado na privada e tiro a camisa dele de uma vez. Só nesse momento, me dou conta de que não posso seguir com isso sem a ajuda dele.

Pigarreio e o chamo baixinho:

— Ei, super estrela. — O balanço pelos ombros e ele abre os olhos minimamente. — Você consegue tomar banho sozinho? — Ele faz que sim com a cabeça e se levanta, ao que abaixa a cueca rapidamente. Me viro na velocidade da luz, para não ver.

Poucos segundos depois, ouço o barulho do chuveiro e da cortina do box sendo puxada. Me viro e encaro a mesma, ao que consigo ver a silhueta de Corbyn. Ele parece dar conta, então me sento na tampa do vaso e fico esperando ele terminar.

Após alguns minutos, ele puxa a toalha que estava pendurada e quando sai do box, está enrolado nela. Percebo que ele despertou um pouco mais, mas permanece em silêncio. O garoto anda de volta até o próprio quarto com dificuldade e pega a primeira cueca que acha, uma samba-canção roxa, ao que larga a toalha na cadeira da escrivaninha. Caminho até o quarto e vejo ele se deitar na cama, em seguida se aninhar no cobertor e fechar os olhos. Então volto para o banheiro e tomo um banho também, em seguida me visto com qualquer roupa do loiro e deito ao lado do mesmo.

— Você acha que ela gostou da música? — Diz, de repente, ainda de olhos fechados.

— Oi? — Me surpreendo.

— A música que cantei pra Kaia no bar, você acha que ela gostou? — Esclarece a pergunta.

Ele está completamente bêbado.

— Sim, ela gostou. — Decido entrar na onda. Corbyn sorri e se mexe um pouco, provavelmente na intenção de ficar mais confortável.

— Posso te contar um segredo? — A voz dele sai como um sussuro.

— Sim.

— Eu tô apaixonado por ela. — Não é como se eu não soubesse disso, mas meu coração acelera no momento em que ouço ele dizer. — É triste pra mim, porque sei que ela me considera um irmão. — Vejo ele fungar.

Oh não, ele vai chorar?

— Como você pode ter tanta certeza disso? — Digo sem pensar.

— Ela era a garota mais bonita da escola e agora é a garota mais bonita de Los Angeles. Por que ela gostaria de mim? — Apesar da pergunta, percebo que ele finalizou a conversa.

Fico observando Corbyn, em silêncio e me deito de barriga para cima.

Começo a refletir sobre ele e sobre a universidade, até que meus pensamentos se tornam insuportáveis e eu decido ir até a cozinha pegar um pouco de água.

Quando desço as escadas, noto a luz do lugar que estou indo acesa. Ao adentrar, vejo Zach bebendo um copo de suco. Ele me olha e sorri fraco.

— Não consegue dormir? — Pergunta, ao que coloca a copo na pia e se vira de volta para mim.

— É. — Respondo, sem saber o que dizer além disso.

— Escuta, Kaia. — Ele pede a minha atenção. — Eu sei que não somos próximos, mas eu te considero uma garota legal, apesar de querer te jogar de uma ponte às vezes. — Eu rio e ele me acompanha. — E é por te considerar uma garota legal que eu quero que você seja feliz, assim como quero que os meus amigos íntimos sejam felizes. — Franzo o cenho ao ouvir. — O Luke me perguntou se você namora com o Corbyn. Eu disse que não, e a resposta dele foi que vocês parecem estar apaixonados, por isso ele achou que vocês eram um casal. — O silêncio se instaura no ambiente por alguns segundos, até que Zach prossegue: — Eu tô te dizendo tudo isso, porque eu não consigo mais vê-lo sofrer por sua causa e porque eu sei que você sente por ele, a mesma coisa que ele sente por você.  — Não consigo abrir a boca para falar nada, então apenas o deixo continuar dizendo o que pensa. — Então, faça um favor a si mesma e ao cara que gosta: pare de fugir do que sente. Quaisquer que sejam as suas razões pra fazer isso, aposto que não valem perder o provável amor da sua vida. — Zach caminha até mim e, ao segurar nos meus ombros, olha nos meus olhos. — Pense nisso, tá bom? — Assinto e logo depois, vejo o garoto sair da cozinha.

Olho para o nada, com apenas um pensamento em mente: Se todo mundo me diz a mesma coisa, talvez eu realmente esteja errada.

𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora