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— Sem chance! — Grita Zach. — Você roubou! — O garoto joga o controle do videogame em cima de Corbyn, que ri desenfreadamente.

— Não seja um mau perdedor. — O loiro diz, ainda rindo.

— Será que vocês podem fazer menos barulho? — Sydney reclama, ao que ajuda Abby a descer as escadas da nossa casa. Corro para perto delas e tento auxiliar, assim colocamos a loira sentada em uma das poltronas que ficam próximas ao sofá.

Syd deu a idéia de fazermos uma comemoração por nossa amiga ter saído bem do hospital, mas como ela não pode e nem aguenta beber, decidimos fazer uma coisa mais leve. Chamamos apenas os meninos e compramos vários tipos de comida, que estão sobre a mesa de jantar. Tem música ambiente, nada muito alto, e o clima está agradável.

— Ele é um maldito ladrão. — Zach acusa, ao que cruza os braços.

— Você nunca vai ganhar dele no videogame, Zach. Desista. — Digo, ao passo em que me sento ao lado de Corbyn. O loiro me lança um sorriso e eu coro. Depois de termos esclarecido os nossos sentimentos um pelo outro, tudo o que Corbyn faz é motivo para o meu rosto assumir um tom rosado. Eu nunca passei por isso com cara nenhum, sempre fui bem descarada e agora me sinto como uma adolescente apaixonada. Que fiasco.

Não falamos mais sobre tudo isso, porque a prioridade é Abby e tudo mais, então não sei como estamos mas preciso descobrir.

— Obrigada por terem vindo, gente. — A loira diz. Abby precisou operar a perna, então ela não consegue andar sozinha e precisa tomar medicamentos fortes, mas parece não ligar muito para isso e continua de bom humor.

— Tudo por você, gata. — Vejo Jack piscar para ela, que sorri sem graça. O garoto volta a sua atenção para Daniel, ao que eles conversam sobre algo parados perto da janela.

— Vou lá em cima buscar um moletom, tô com frio. Quer que eu pegue um pra você? — Minha pergunta é direcionada a enferma, que nega, em seguida me levanto e logo subo as escadas. Quando chego perto do meu quarto, vejo Levine passar sorrateiramente pela porta do quarto vazio. Ele adora ficar lá, deve ser seu refúgio.

Entro no recinto e me direciono até o meu armário de roupas. Pego um moletom amarelo comum, mas quando estou pronta para sair minha visão periférica captura o porta-retrato que tenho na minha escrivaninha. Nele há uma foto minha com Corbyn, na formatura do ensino médio. Nós fomos juntos porque eu odiava os garotos da escola, ele era o único bom para mim e como já éramos amigos, não foi estranho quando eu o convidei.

De repente, começo a repassar na minha mente algumas memórias felizes que tive com o meu melhor amigo e sorrio sozinha;

O resgate do gatinho;

O baile de fim de ano;

Quando fui aceita em uma agência grande de modelos, na qual eu trabalho até hoje;

Todas as vezes que ele foi até a minha casa quando eu estava com cólica e me fez rir até a minha barriga doer de uma forma diferente e tantas outras boas recordações que tenho com ele...

Ouço uma leve batida na porta, o que me desperta dos meus pensamentos. Ao que olho para o local, vejo o dono do meu coração parado lá.

— Você demorou, então vim ver se tá tudo bem. — Ele diz, se aproximando.

— Tá sim. — Digo, em uma tentativa de disfarçar que demorei porque estava, na realidade, pensando nele. O loiro começa a chegar perto demais e eu o encaro. As palmas das minhas mãos começam a suar, estou nervosa.

— Eu não queria ter que perguntar isso, mas preciso saber... — Corbyn está perto o suficiente para que seus olhos sejam a única coisa que eu vejo. — Como ficamos?

Juntos.

Bem, é o que quero dizer mas não tenho coragem.

— Como você quer que fiquemos? — Aperto meus dedos fechados para conter como me sinto e ele analisa o meu rosto por alguns segundos, antes de simplesmente dizer:

— Que tal juntos? — Por um breve momento juro que Corbyn é algum tipo de super-herói que lê mentes, porque essa é a única explicação possível para isso.

Sinto o clima pesar cada vez mais, mas de uma forma boa. O loiro levanta o braço e observo pelo canto do olho, quando ele toca o meu rosto devagar, cuidadosamente. Em seguida, meu amigo faz um carinho na parte inferior da minha bochecha e, devagar, leva o dedão ao meu lábio, que também é acariciado lentamente.
Continuo o mirando, esperando seu próximo passo, pois me sinto presa demais a ele para sequer me mover.

— Nós podemos ir devagar, mas eu quero muito levar isso adiante... — O loiro diz, em um sussurro, ao passo em que mantém um olhar vidrado nos meus lábios. — O que você me diz? É o que quer também?

A Kaia de alguns meses, até de algumas semanas, diria que não quer nada disso e que o melhor para nós dois é continuarmos fingindo que não sentimos nada, até o sentimento ser esquecido, trancafiado no fundo de nossos corações. Ela diria que isso tudo é uma grande loucura e que vamos acabar estragando a nossa amizade por uma paixão que não deveria existir. Entretanto, eu não sou a Kaia de alguns meses e nem a de algumas semanas atrás, eu sou a que está aqui e agora. Por isso, não exito em respondê-lo com um beijo.

Passo meus braços ao redor do pescoço de Corbyn e fico na ponta dos pés, pois ele é um pouco mais alto que eu, então preciso me sustentar. Meu melhor amigo me segura pela cintura, com posse mas delicadamente, como se segurasse algo muito frágil mas que não quer deixar fugir. Nosso beijo se torna cada vez mais viciante, ao passo em que sinto ele me apertar mais contra si e usar sua língua da melhor forma possível. Estou definitivamente estragada para qualquer outro homem, pois depois dele, os outros são apenas os outros.

A cada milésimo de segundo que passa me torno mais sua, e sinceramente, não há sentimento melhor do que me render aos seus braços.

Quando ficamos sem ar, o beijo é quebrado e ambos nos afastamos, completamente ofegantes. Sinto que se continuarmos, vamos acabar esquecendo de ''ir devagar''.

— Acho melhor a gente descer... — Corbyn diz, ao que tenta normalizar a própria respiração.

— Sim... — Digo, mas quando tento passar por ele, o cantor me puxa pela cintura e me beija novamente.

Acho que vamos ficar algum tempo procurando meu moletom.

𝒄𝒍𝒊𝒄𝒉𝒆 ↺ corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora