CAPÍTULO 02

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AMARE BETTENCOURT

- Paula! Cuidado! - Victoria exclamou, a ajudando com algumas caixas de equipamentos que estávamos levando. Eu estava carregado de livros e materiais para as crianças. Fui informado de que seria somente 10 crianças para eu ensinar. O meu complemento curricular seria Estudos Sociais, o que eu prezo muito.

Assim que chegamos na entrada da comunidade, havia quatro homens armados e com a cara fechada.

- Aaah!!! - Paula gritou, assustada ao vê-los e derrubando as caixas.

- Paula!!! - Victoria brigou, a ajudando a pegar as coisas de volta.

- O que querem aqui? - Um dos homens questionou, segurando mais firme a arma enorme em suas mãos. Me aproximo, abrindo minha bolsa.

- Bom dia, senhor. Eu sou Amare, novo professor da escolinha que está sendo inaugurada. Ah! Aqui... - Pego as quatro sacolas com sanduíche feitos por minha amada Amélia, e logo entrego a eles, que me olharam confusos.

- Que porra é essa, garoto?! - Questionou, confuso e abrindo a embalagem.

- É sanduíche. Juro que não tem nada de ruim. Foi feito pela melhor cozinheira do mundo! Eu achei que estariam com fome, já que ficam parados aqui o dia todo. Bom... será que podemos entrar? Eu estou meio atrasado. - Peço, vendo o homem que falou comigo começar a comer o sanduíche, olhando com espanto para os demais.

- Porra, isso está uma delícia! - Exclamou, o que me fez sorri, e os outros começaram a comer.

- É... posso passar? - Peço novamente e ele sorri.

- Claro, guri. Passa aí. E não se esqueça de trazer isso para nós de novo, hein? - Eu ri, assentindo. Chamei as meninas e entramos no morro.

- Não vamos conseguir subir o morro com todas essas coisas. - Paula falou, ofegante e deixando as caixas no chão. Mordo o lábio inferior, em um típico gesto de indecisão.

- E se pedirmos ajuda a alguém? - Sugiro e ambas me encaram como se eu fosse um louco.

- Claro. Pede ajuda e ficamos sem nossas coisas. - Victoria ditou, sarcástica. Suspiro, estalando meus dedos.

- Vocês estão sendo maldosas. Nem todo mundo é ruim. - Falo, e logo vejo um homem se aproximando. Ele era alto e pelo fato de não estar usando camisa, revelava o corpo malhado. Ele era nitidamente forte e uma ótima pessoa para ajudar três almas fracas como nós. - Olha! Aquele homem pode nos ajudar! - Falo para elas, que arregalaram os olhos, negando.

- Amare, não... Ele é... - Paula tentou falar alguma coisa, mas eu já estava andando na direção daquele homem.

- Com licença, senhor... - Chamo a atenção daquele homem, que me olhou seriamente, da cabeça aos pés. - Eu me chamo Amare, sou o novo professor da escolinha que vai inaugurar hoje. Será que podia nos ajudar a carregar aquelas caixas? Algumas são pesadas e para ser sincero, não temos tanta força para subir o morro com elas. - Explico a situação. Ele olhou para as meninas e depois para mim, suspirando e apenas confirmando com a cabeça. Sorri, agradecido. - Jura?! Obrigado! Vamos, meninas. Ele vai nos ajudar. - Falo, pegando a bolsa com os materiais.

Paula e Victoria pareciam assustadas, olhando para o homem que se prestou a nos ajudar. Eu sei que ele era bem alto e forte, mas não era motivo para ficarem assustadas. Até parece que nunca viram um homem na vida!

- Amare... nós podemos cuidar disso... - Paula murmurou, um pouco afastada.

- Está louca? Chegaríamos lá sem braços. Ai, ignora elas, moço. Muito obrigado pela ajuda. O que pode levar? - Questiono e logo vejo ele pegar as quatro caixas de uma vez, me deixando surpreso. Ele pegou a bolsa dos livros didáticos, colocando a alça no ombro e as caixas apoiadas nos ombros, duas em cada.

Então nos restou só acompanhá-lo, já que ele estava levando tudo, bem dizer. As meninas pareciam ter empacado lá atrás, pois murmuravam, e demoravam uma década para subir.

O homem que nos ajudava, fez a gentileza de levar as caixas até a escolinha, que era simples, mas muito bonita.

Eu acompanhei a construção de longe, já que estava muito ocupado estudando para a faculdade e me inspirando para aperfeiçoar meus métodos de ensino para não errar com as crianças. Então eu mandei os materiais para a construção, usando minha mesada que economizei uma vida para isso.

Desde que iniciei o curso de Pedagogia, eu sabia que era isso que eu queria fazer, uma escolinha para crianças que não têm condições de ir em uma escola ou comprar materiais para isso.

- Muito obrigado, moço! - Agradeço mais uma vez, sorrindo amigável. E logo sou banhado por vários abraços e gritos de alegria das crianças que estavam nos esperando. - Hey, anjinhos! - Cumprimento, me abaixando e abraçando um por um, sorrindo ao ver a animação deles. Olho em volta, não vendo mais aquele homem que nos ajudou.

As meninas começaram a distribuir os materiais e eu a arrumar a sala de aula, a decorando e a deixando muito mais confortável para as crianças.

Apareço na porta, risonho.

- Alguém querendo conhecer a sala nova?! - Questiono, e todos gritam animados. Já estavam com as novas mochilas, os materiais e o novo uniforme. - Podem entrar! - Falo, dando espaço e eles correm para dentro, eufóricos com a sala nova.

- Podemos nos vestirmos agora? - Paula sussurrou, na porta. Sorri, fazendo um sinal de positivo e entregando a bolsa com a roupa. Elas sorriram, saindo dali.

- Crianças! Um minutinho para o tio aqui. - Peço, vendo elas se organizarem em seus lugares, me olhando atentamente. - Hoje é a inauguração da nova escolinha de vocês e eu tive a honra de ser o professor de vocês no primeiro dia. Cada professor terá um dia na semana para dá sua aula e as minhas serão nas sextas, no caso, hoje. Bem, eu me chamo Amare, e serei o professor de Estudos Sociais, onde vamos discutir vários assuntos sobre a sociedade e que envolvem assuntos delicados como os temas transversais. Espero que tenham gostado da nova escola, pois hoje será um dia de... comemoração. Tanto para mim quanto para vocês. E como professor de Estudos Sociais, eu quero representar um resumo do que vai ser a nossa próxima aula. Por isso, eu trouxe companhia... - Declaro, olhando para a porta e vendo as meninas prontas. - Conheçam agora, a palhaça Pipoca e a Chocolate! - Exclamo, vendo elas entrarem como loucas, cumprimentando todos e os fazendo ri, já que estavam vestidas de palhaças e até maquiadas.

Fizemos teatro juntos, mas eu ainda sou tímido para essas coisas, mesmo depois de estrear 3 peças na minha antiga escola e protagonizado duas na faculdade. Eu ainda tinha vergonha, mas nada que me impedisse de me apresentar e aceitar um bom papel.

- Não liguem para a chocolate, a cor dela é muito feia! - Victoria, que representava a palhaça Pipoca, sussurrou para as crianças, que logo questionaram, negando.

- Ei! A minha cor é muito bonita, tá? Além de ser doce e brilhante! - Paula rebateu, representando a palhaça Chocolate, e comendo uma barrinha de chocolate, que fez as crianças rirem e comemorarem.

- Mas você não é igual a mim! Veja, veja! Eu sou branquinha como a neve. - Vitória falou, passando os dedos suavemente no rosto. Até mesmo eu acabei rindo das duas, mas que representava muito bem o meu complemento curricular.

- Hm, grande coisa! Neve é sem gosto e mata as pessoas de frio! Veja, eu sou da cor do chocolate, quentinho e que todos desejam ter perto quando a neve está caindo! - Paula rebateu, com uma voz fofa. As crianças riam facilmente, e pareciam amar a palhaça Chocolate.

- Quer saber?! Se eu sou a Pipoca, branca e quentinha... Daria muito certo com um chocolate quente em uma maratona de filmes, não é? - Victoria falou, risonha. As crianças gritaram, concordando.

- É verdade! - As duas deram as mãos, sorrindo. - Por que ficar longe se somos muito melhores unidas? - Elas se abraçaram, recebendo uma chuva de aplausos das crianças.

Seria um ótimo começo! E havia muito mais pela frente!

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora