CAPÍTULO 29

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AMARE BETTENCOURT

— Amor... você precisa comer alguma coisa... — Mamãe insistiu, enquanto eu permanecia imóvel em minha cama, abraçado ao Sr. Panda, tentando assimilar tudo que havia acontecido.

— Não estou com fome... — Murmuro, sentindo minha garganta doer ao falar.

— Afinal, o que passou na sua cabeça ao se envolver com aquele homem, Amare?! Ele é um criminoso! Obviamente só estava se aproveitando de você! — Mamãe exclamou, o que me fez suspirar, doendo ainda mais ao ouvir aquilo.

— Não estou com cabeça para sermão agora, mamãe... Por favor, eu quero ficar sozinho. — Peço, não conseguindo mais prender as lágrimas. Por que estava doendo tanto?!!

— Tudo bem... Vou deixar isso aqui caso mude de ideia. — Ditou, deixando a bandeja sobre a mesinha de cabeceira. — Qualquer coisa pode me chamar, filho... — apenas assenti, e ela logo saiu do quarto, me deixando sozinho.

As lembranças da nossa noite voltaram à minha mente, me deixando confuso e pior do que já estava. Ele parecia tão sincero... mas por que disse aquelas coisas?

Fecho meus olhos, respirando fundo e tentando convencer a mim mesmo que ele só fingiu ser uma pessoa que não era. Talvez ele nem goste de homens. Só queria me machucar...

Logo ouço um barulho na minha varanda, o que me assustou. Ouço de novo, vendo que alguém estava jogando pedrinhas em minha varanda.

Me levanto, a contragosto, empurrando as portas de correr e olhando para baixo, ficando surpreso ao ver Granada, olhando seriamente para mim.

— O que você quer?! — Exclamo, chateado. Talvez até ele estivesse envolvido nisso. Eu já não queria mais saber dessa família. Eu queria distância, ficar em paz e esquecer que um dia eu confiei naquele desgraçado.

— Você precisa me ouvir, Amare! — Granada falou, o que me fez bufar, cansado de desculpas e explicações esfarrapadas.

Viro as costas, voltando para meu quarto. Mas logo me assusto ao ver Granada subindo na varanda, entrando em meu quarto.

Tento correr para a porta, pedir ajuda, mas ele me alcançou, me pegando por trás e cobrindo minha boca com a mão. Me debato, chorando ainda mais, com raiva. Nem em casa eu tinha mais paz?!!

— Amare, calma! Eu não vou te machucar! — Granada falou. O empurro, furioso.

— E como vai me machucar?! Seu filho já fez isso! Não tem como me sentir pior do que já estou! Vai embora! — Exclamo e ele suspira, indo até a porta do meu quarto, a trancando, chamando minha atenção.

— Amare... Matthew está preso. — Falou e eu o encaro, indiferente.

— E?! Ele matou pessoas, não?! Por um momento eu esqueci quem aquele canalha era! — Ralho, alterado.

— Amare, eu sei que você está irritado, mas Matthew nunca iria te tratar daquela forma se ele estivesse realmente só brincando com você. — Ditou e eu rapidamente o encaro.

— E você?! Está aqui dando uma de cupido por quê?! Já sabe muito bem quem é o meu pai! Se está tentando me enganar... vai embora. Seria cruel demais fazer isso comigo... — Falo, sentindo minha voz falhar. Granada suspirou, se aproximando.

— Amare, eu não sabia do plano dele. Não sabia de quem você era filho. Seu pai... realmente é um pé no saco, mas...

— Meu pai faz o que é certo! — O corto, vendo ele me encarar em silêncio. — Ele não mata, nem tortura... E muito menos brinca com as pessoas dessa forma! — Exclamo, vendo Granada fechar os olhos, respirando fundo.

— Eu respeito sua dor, Amare. O que meu fez foi coisa de moleque. Mas... ele também passou por coisas difíceis. E seu pai... seu pai destruiu nossas vidas, Amare. Eu perdi minha filha de 8 anos por causa dele. — ditou, o que me fez o encarar, assustado.

— Isso é mentira...

— Não! — Ele me interrompeu, se aproximando de mim. Recuo dois passos rapidamente, assustado. — Seu pai estava atrás de mim. Minha família também não tinha nada haver com isso. Ele invadiu o morro com uma porrada de policiais, e tentaram matar minha família. Matthew conseguiu ajudar minha esposa, que estava grávida de Michelle. Mas a minha filha Mel... estava comigo, brincando na rua. Era uma criança, e ele atirou nela. Usou a desculpa para as autoridades que queria atirar em mim. Eu não pude nem denunciar, porque se eu fosse na delegacia, eu que iria preso. — Declarou, deixando algumas lágrimas escaparem, engolindo a seco e se aproximando de mim mais uma vez. — Amare... eu não quero perder mais um filho. Seu pai odeia Matthew, e...

— O que está insinuando?! Acha que meu pai vai matá-lo?! — Questiono, com meu peito doendo ao imaginar que meu pai seria capaz disso.

— Matthew não tem medo da prisão, nem dos prisioneiros. Ele nunca temeu a polícia. A única raiva que ele carrega é por Eduard, que tirou a vida da irmã dele. Por isso ele começou com essa coisa de usar você, mas ele se apaixonou por você, Amare. Ele não queria magoar você. — Nego, levando as mãos à cabeça, não sabendo mais o que pensar ou em quem acreditar. Tudo estava muito confuso e ainda me doía ao lembrar das palavras de Matthew.

— Por que eu acreditaria em você?! Faria qualquer coisa para tirá-lo da cadeia! — Ele agarrou meus braços, me assustando.

— Em nenhum momento eu brinquei com você, Amare. Eu sei separar o caráter das pessoas. Meu negócio é com teu pai. Nunca tive problemas com você. Você não fez nada. Foi a vítima de toda essa merda, mas Matthew também. Ele só queria justiça para irmã. Mas ele acabou perdendo mais uma pessoa que amava. Por favor, pensa bem... Ao menos... tente ouvir o que ele tem a te dizer. Uma única chance. Por favor. Eu... não posso ir visitá-lo, você sabe... É só o que eu te peço, Amare. Ouça ele. — Ditou, indo embora pela varanda de novo.

Eu não sei mais o que fazer!

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora