CAPÍTULO 56

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AMARE BETTENCOURT

Respiro fundo, descendo do carro e olhando aquele prédio abandonado, mais afastado da cidade. Então era aqui que ele estava esse tempo todo?

— Amare... — Papai abriu a porta, chorando e me olhando da cabeça aos pés. — Graças a Deus você está bem. Jamais me perdoaria se algo te acontecesse. — ditou, o que me fez suspirar, desconfiado.

— Por que fez tudo isso? Eu não consigo entender. — Ele abaixou a cabeça, me guiando para dentro do prédio.

Era um lugar velho. Havia um colchão no canto. Alguns pacotes vazios de comida e água.

— Amare... talvez você não acredite em mim. Mas eu não suporto mais te ver com ódio de mim. Eu não aguento mais ver nossa família sofrendo. — Balbuciou, com os olhos marejados.

— Estão querendo matar você...

— Eu sei. E com razão... — O encaro, não conseguindo entender absolutamente nada.

— O que quer me dizer?

— Filho... você sabe que eu jamais te machucaria, não sabe? Aquilo foi um acidente horrível. Mas ao menos você está bem. — Ele respirou fundo, desviando o olhar e abaixando a cabeça. — Eu sempre quis prender Matthew sim, mas porque ele já cometeu muitos crimes. Não tem nada a ver com a família ou a cor dele. — Ditou, me fazendo olhá-lo, não acreditando. Eu simplesmente não conseguia entender.

— Ah, não? E a irmã dele?! — Questiono e ele suspira, jogando a cabeça para trás.

— Amare, Matthew se tornou dono do morro. Obviamente atraiu inimigos.

— Você? — Ele negou, respirando fundo.

— Antes fosse. Eu não matei aquela menina. Mas precisei fazer com que todos acreditassem que foi eu. — Estreito o olhar, mais confuso ainda.

— Como é que é?! Por que faria algo assim?!

— Para proteger você, Clarisse e o Jonas.

— Eu não estou entendendo...

— Amare... quando Matthew assumiu o morro, eu fiquei encarregado de prendê-lo. Mas eu nem sequer conseguia entrar no morro por conta de toda a segurança que ele coloca lá dentro. Nossa rivalidade aumentou, e acabou chegando aos ouvidos de outras pessoas. Tem um homem que é o filho do antigo dono do Morro, que acabou morrendo de causas naturais. O posto que era para ser dele, foi assumido por Granada. Ele nunca aceitou isso e vive sua vida em função de tentar matá-lo, e agora tenta matar Matthew.

— O que isso tem a ver?

— Ele conseguiu me sequestrar uma vez. Há muito tempo. Ameaçou matar toda a minha família se eu não fizesse o que ele queria. A maior parte dos seguranças da nossa casa foram subordinados por esse homem, e se eu não obedecesse, eles matariam vocês. À princípio, ele pediu para eu tentar matar Granada, que era o dono do Morro depois do pai desse homem. Ambos eram grandes amigos, enfim... Depois... ele veio com um papo de querer que eu me afastasse de vocês. Me obrigou a agir como um desgraçado psicopata na sua frente e de Matthew. Quando eu fui na casa dele, naquele dia... Eu fui mandado para matar Matthew. E acabou acontecendo aquela tragédia com você. Desde então... eu tô tentando me esconder, porque sei que tanto Matthew quanto esse canalha querem acabar comigo. Filho, por favor, acredita em mim! Eu nunca machucaria uma criança. Aquele tiro não saiu da minha arma. Mas eu tive que fazer parecer que foi. Eu... não aguento mais guardar isso para mim. E eu sei que só você iria me dá uma chance e me ouvir. — Ele chorava, desesperado, tremendo. Eu só percebi depois que chorava junto, notando sua dor e de como ele estava se sentindo perdido.

— Eu sabia! Eu sabia! Você não é uma pessoa ruim. Eu sabia! — Choro mais ainda, o abraçando fortemente, na qual ele retribuiu, me apertando forte e me enchendo de beijos no rosto.

— Agora vai. Você precisa voltar e fingir que nada aconteceu. Finja que me odeia. Eles precisam acreditar que esse encontro não aconteceu. Coloque esse ator que tem dentro de você para fora e deixe tudo como está.

— Pai, o Matthew pode ajudar... Só é falar com ele...

— Falar com ele?! Amare, ele me procuraria até no inferno se preciso. Ele nunca que vai acreditar em mim. Depois de tudo, eu até entendo... Eu vou tentar resolver de alguma forma. Mas até lá eu preciso continuar escondido.

— Você... sabe do meu noivado? — Ele me olhou confuso.

— Noivado?

— Matthew me pediu em casamento... Eu descobri... coisas incríveis sobre ele. O senhor... vai ficar bravo? — Ele suspirou, surpreso.

— Bom... eu continuo sendo policial de certa forma e saber que meu bebê está nas mãos de um criminoso não me agrada nem um pouco. Mas... se comparar Matthew com esse cara... continue com ele. Ele vai te proteger. Quem protege minha família, ganha meu respeito. — Sorri, o abraçando fortemente.

— Eu te amo!

— Eu te amo mais! Muito mais, meu amor! — Nos despedimos, entre abraços e choros, e então retorno para casa, observando da varanda do meu quarto todos os seguranças em volta da casa. Notei alguns mais armados que outros, olhando todos que entravam e saíam, e logo um deles direcionou seu olhar para mim, com uma expressão séria e ameaçadora.

Apenas forço um sorriso inocente. Ele não retribuiu, apenas virou às costas, continuando seu trabalho.

Eu preciso decidir o que fazer...

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora