CAPÍTULO 35

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MATTHEW ANDRADE

— Andrade! — O carcereiro chamou. Sinceramente, eu já estava quase tendo uma amizade sincera com esse cara de tanto que ele me chama.

Pulo da beliche, suspirando apoiando o braço na grade, sorrindo para ele.

— Fala. O que tem para mim hoje? — Questiono, risonho. Ele suspirou, sério, abrindo a cela.

— Sua liberdade. Está solto. — Ditou, me pegando de surpresa.

— Como é?

— Quer ficar aqui? Eu não tenho problema nenhum. — Ditou, e rapidamente saio da cela, sorrindo.

— Matthew! — Vejo Amare no corredor, correndo em minha direção e pulando em meus braços, rindo e me beijando, todo animado. Eu estava tão em choque, que só consegui sorri, o abraçando de volta enquanto os outros presos gritavam, alguns soltando comentários desagradáveis, mas Amare não estavam nem prestando atenção.

— Eu disse para esperar lá fora! — O carcereiro reclamou para Amare, revirando os olhos e se afastando.

— Eu não aguentei. Eu precisava te ver... Saber que está bem, e que vai sair daqui! — Amare exclamou, pulando de alegria, o que já estava me contagiando.

— O que você fez para me soltarem? — Amare deu de ombros, sorrindo.

— Não foi eu. Foi minha mãe. Ela que veio à delegacia pessoalmente soltar você. — O encaro, mais confuso ainda.

— Por que ela faria isso?

— Bom... ela soube da história da Mel. E... discutiu feio com meu pai. Ela disse que... se ele estava livre por um assassinato de uma inocente, então por que você estava preso? Então ela veio à delegacia ordenar a sua liberdade. Não me pergunte como ela fez isso. — Explicou, me fazendo suspirar.

— Se seu pai fosse preso, eu não me importaria de continuar aqui só para fazer justiça com minha irmã. Mas sei que seria hipocrisia se eu continuasse em liberdade e pedisse a prisão dele, já que também matei inúmeras pessoas. — Comento, com certa chateação.

— Eu sinto muito, Matt... Não consigo ver nenhum dos dois na cadeia. Sei que quer justiça por sua irmã, mas... eu não tenho poder para isso. Minha mãe que te libertou, mas eu não sei o que ela vai fazer com meu pai. — Amare comentou, o que me fez suspirar, abraçando seus ombros.

— Tudo bem, baixinho. Vamos logo embora daqui e depois resolvemos isso. — Falo e ele concorda. Peguei minhas coisas com um guarda e vesti minha roupa na qual Amare fez questão de trazer para mim. E logo vejo a mãe de Amare vindo em nossa direção, sorrindo fracamente e parecendo não se importar pelo fato de seu filho e eu estávamos abraçados.

— Oi... Ainda não fomos apresentados. Prazer, Clarisse Bettencourt. — Ela falou, estendendo a mão, na qual a apertei.

— Matthew Andrade. — Falo, vendo ela sorri.

— Eu sei. A família Andrade é famosa lá em casa, ainda mais agora. — Comentou, olhando para Amare e tocando a bochecha dele delicadamente, que sorriu de um jeito fofo. — Bom... eu só te exijo uma única coisa, Matthew: o bem-estar físico e mental do meu filho. Se machucá-lo de novo, ou brincar com ele como você fez, eu juro que faço você voltar em dois segundos para a cadeia e dessa vez é definitivo. Entendido? — Ditou, com um tom calmo que poderia intimidar qualquer um.

— Não se preocupe. Não vou machucá-lo. Eu já fiquei preocupado o bastante quando ele não queria me ver. — Falo, sorrindo e olhando para Amare, que retribuiu.

— Ótimo.

— E... e o papai? — Amare questionou, com um tom entristecido.

— Ele... foi afastado do cargo por um tempo. Estão analisando a morte de Mel Andrade.

— O quê? — Questiono, surpreso.

— Aparentemente... Eduard não cometeu só esse assassinato, mas... inúmeros outros, e todos eram vítimas negras. — Falou, e notei Amare recuar um passo, arfando.

— Mas o papai... ele não... — Amare tentou falar, mas já estava quase chorando.

— Eu sinto muito filho. Mas seu pai só fingiu ser o herói para casar comigo e ser bem visto na sociedade, já que sempre fiz campanhas contra o racismo, e seu pai sempre apoiou. Era só uma farsa e agora ele vai pagar por isso. Obviamente... vou me divorciar dele. — Amare chorou, indo até a mãe e a abraçando, o que me deixou com uma dor no peito ao vê-lo assim. Eu estava até com receio de falar alguma coisa e acabar piorando a situação.

— É... senhora Clarisse... eu ainda não agradeci por ter me libertado. Não deve está sendo fácil e... — Ela se aproximou de mim, pousando as mãos em meus ombros e sorrindo amigavelmente.

— Não precisa me agradecer, rapaz. Você foi o pilar para eu descobrir o tipo de homem que estava ao meu lado. E mesmo... que volte para seu trabalho no morro como chefe... eu não me importo porque sei como essa coisa de patrão funciona. Você só está protegendo seu povo. Eu que devo agradecer. Muito obrigada. — Ela me abraçou, arrancando qualquer palavra da minha boca. Olho para Amare, vendo ele enxugar as lágrimas, sorrindo para nós. — Bem... vamos? — Clarrise se afastou, pondo os óculos escuros e saindo da delegacia. Amare e eu a seguimos.

— Eu vou voltar para o morro, mas muito obrigado mesmo, senhora. — Agradeço, vendo ela abrir a porta do carro. Ela me olhou, sorrindo descontraída.

— E será que o senhor me permite entrar lá agora? — Brincou, o que me fez ri.

— Claro, madame! — Brinco, vendo ela sorri e entrar no carro. Amare quase tropeçou na hora de entrar, mas felizmente o segurei, vendo ele sorri sem jeito para mim e entrar no veículo, e eu fui logo em seguida, fechando a porta.

— Já que vamos demorar um pouquinho... — Amare se deitou no banco, apoiando a cabeça em meu colo, o que me fez sorri, passando a mão em seus cabelos.

— Nada de transarem no meu carro novo! — Clarisse exclamou, deixando Amare completamente envergonhado.

— Mãe! — Repreendeu, virando as costas para ela e pegando o celular. —Vou mandar mensagem para a Paulinha e Victoria para elas me encontrarem no morro... — avisou, mexendo no celular, distraído.

Assim que chegamos ao morro, fui logo agarrado por Fernando e Bruno, que estavam na entrada do morro.

— Eu sabia que o senhor ia voltar! — Fernando exclamou, o que me fez ri, dando dois tapinhas em seu ombro.

— Voltei e não saio mais! — Falo, convicto. Eles sorriram, e então entramos no morro.

— Espera! — Amare exclamou, me parando.

— O que foi?

— Fecha os olhos. — Ordenou, me deixando confuso.

— Para...?

— Amor, me obedece! — Choramingou, fazendo bico. Eu ri, não sabendo ao certo o que fazer. Estava dividido entre fazer o que ele pediu ou ri muito.

— Ok... — Fecho meus olhos, dando de ombros. Amare tentou cobrir meus olhos, mas não alcançava os dois ao mesmo tempo, o que fez ele resmungar.

— Abaixa. — Pediu, e assim eu fiz, vendo ele subir em minhas costas e colocar as mãos na frente dos meus olhos. Eu ri, segurando suas coxas e sendo guiado por ele e por Clarisse o caminho todo.

— O que vocês estão aprontando, hein? — Questiono, mas eles só fizeram ri, até que Amare desceu das minhas costas.

— Pode abrir. — Amare falou e assim que abri meus olhos me assustei com a quantidade de gente que havia perto do barzinho onde sempre fico com meus amigos. Eles gritaram e comemoraram, jogando confete em mim, o que me fez ri, desacreditado. Um samba começou a tocar e ainda em choque, sou puxado por Amare, que começou a dançar meio sem jeito, rindo.

— Feliz aniversário, amor. — Amare falou, o que me fez sorri largamente, o puxando para um beijo e ouvindo todos gritarem por causa de nós.

Céus... por essa eu não esperava.

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora