CAPÍTULO 31

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AMARE BETTENCOURT

Olho para Matthew, sentindo meu peito doer a cada vez que eu o olhava. Lembrar do que ele me fez ainda era recente. Até aulas da faculdade eu estava perdendo e minhas notas estavam caindo.

Eu simplesmente não conseguia me concentrar. Eu tentei. Eu tentei esquecer, tentei fingir que nada aconteceu, tentei sair com minhas amigas, tentei continuar as aulas, mas até as crianças notaram minha mudança.

— Amare... quando você chegou no morro, eu não sabia quem você era, não sabia de quem era filho. Eu só soube quando Jonas me confessou que era filho de Eduard. E soltou que vocês eram irmãos. — Engulo em seco, desviando o olhar. Jonas... sinto saudades do meu irmão... — Na hora, tudo que eu queria era me vingar de Eduard. Ele matou a minha irmã, Amare. Aquele homem não presta!

— Não fale assim dele! — Exclamo, magoado. — Já estou sabendo da história da sua irmã...

— E você acha isso certo?! — Exclamou, o que me fez ri sem humor, desacreditado.

— E desde quando você baixou o espírito justiceiro?! Não foi você que cortou as mãos daquele homem sem motivo?!

— Sem motivos?! Aquele desgraçado bateu na sua bunda!

— Ao menos ele não mentiu para mim da forma como você fez. — Rebato, vendo ele suspirar, assentindo.

— Ok, você tem toda a razão de jogar isso na minha cara. Eu fui um idiota com você. Amare, eu pedi para você me esperar. Aquele negócio era entre seu pai e eu. — Ditou, o que me fez ri sem humor. Eu não acredito nisso.

— Ah! Queria que eu ficasse te esperando que nem um idiota e continuar acreditando nas suas mentiras?!! — Exclamo, me levantando e batendo na mesa.

— Eu não menti para você, porra! — Exclamou, também se levantando e socando a mesa. O carcereiro abriu a porta, questionando se estava tudo bem.

— Saia. Estamos bem. — Ordeno, vendo ele assentir, se retirando.

— Amare, eu falei aquilo apenas para atingir seu pai. — Matthew justificou. — Nada daquilo era para você, amor...

— E o que pretende, Matthew? Mesmo que eu acredite em você... como você quer que eu fique sabendo que você e meu pai se odeiam?! Fique sabendo de uma coisa: minha família vai estar sempre em primeiro lugar. — Ele suspirou, voltando a se sentar.

— Temos algo em comum. Porque enquanto eu estou preso, por sua causa aliás, seu pai está tentando destruir minha família! — Acusou, me deixando mais irritado ainda.

— Preso por minha causa?! Você que bancou o imbecil atendendo meu celular! Acha que eu não vi a ligação atendida?!! Você que ferrou com tudo! — Ele negou, me olhando.

— Eu fui preso por baixar a guarda ao ver você. Eu me preocupei ao ver você lá fora. Podia até levar um tiro! Eu provoquei seu pai porque eu tinha coisas a tratar com ele. Iria resolver essa merda. — O encaro.

— Iria matar o meu pai? — Questiono, em um tom baixo. Ele suspirou, me olhando fixamente.

— Não, Amare. Eu queria forçar ele a se entregar pela morte da minha irmã.

— Como? — Matthew me olhou, meio duvidoso.

— Não entregando você. — Falou, o que me fez arregalar os olhos.

— Como é?!

— Amare... eu estou sendo o mais sincero possível com você. Eu queria assustá-lo. Mas jamais eu iria fazer isso com você. Você precisa acreditar em mim... — Ele pegou minhas mãos, o que me fez engolir em seco, o olhando. — Eu amo você, de verdade. Eu sou louco por você, Amare. Eu agi no impulso. Enquanto não houver justiça por minha irmã, eu não vou ficar em paz.

— Por que... disse que meu pai iria destruir sua família enquanto você estivesse aqui? — Questiono, sentindo um nó se formar em minha garganta.

— Olha, por mais que eu o odeie... eu não quero que você sofra ainda mais com essa merda toda...

— Fala. — Peço, vendo ele me encarar duvidoso, suspirando.

— Amare, ele deixou claro que iria fazer meu irmão ir parar em um orfanato. Provavelmente vai tentar prender meu pai e acabar com a carreira da minha irmã, que trabalha justamente para a empresa da sua mãe. — Engulo em seco, não acreditando que meu pai seria capaz disso. — Amare, não esquenta cabeça com isso. Tenta... esquecer essa merda. Não quero você envolvido nisso. — Matthew pediu, chamando minha atenção.

— Eu já estou envolvido, Matthew. Da pior forma, mas estou. Eu... só não consigo mais acreditar em você. Eu quero, mas não consigo! — Exclamo, sentindo minhas mãos tremerem e algumas lágrimas escaparem. — Eu... não gosto de te ver aqui... nesse lugar horrível.

— É o de menos, Amare. Minha família que me preocupa. Eu não sei como eles estão, não sei como meu irmão está... E Granada é um péssimo pai... — Comentou, rindo sem humor. O observo, tendo certeza de que ele realmente se preocupava com a família. Isso é um fato. Mas eu ainda precisava entender todas essas acusações contra meu pai. Eu não queria acreditar que ele seria capaz de coisas tão cruéis assim.

— Eu posso ver como Kael está... — Falo, vendo ele me olhar rapidamente.

— Mesmo? — Assenti, vendo ele sorri.

— Mas... é por ele. É só uma criança e também é meu aluno. Eu me preocupo com ele. — Falo, vendo ele assentir.

— Você tem um coração muito bom.

— Tão bom que certas pessoas se aproveitaram disso. — Resmungo, me levantando e querendo ir embora, mas Matthew entrou na minha frente, segurando minha cintura e me encostando na mesa. — Matthew! Me solte agora mesmo ou eu grito! — Ameaço, mas ele apenas sorri fracamente, erguendo sua mão devagar, tocando meu rosto suavemente, o que me deixou novamente sem noção da realidade, apenas fitando seus olhos, vendo ele se aproximar mais e mais de mim.

— Eu sou louco por você, miniatura. Não quero mais mentiras entre nós. Desculpa... — Murmurou, e logo sinto seus lábios nos meus, me beijando delicadamente, sem pressa, me passando um calor familiar e que eu sempre sentia quando estava perto dele.

— Matthew... para! — O afasto, vendo ele sorri levemente.

— Vai... E... tenta comer algo, se cuida. Tá? — Assenti, batendo na porta e olhando para Matthew, que estava encostado na mesa, sorrindo para mim.

O carcereiro abriu a porta, e logo saí, indo embora. Meu coração estava acelerado e minha mente confusa.

Eu não sabia mais em quem acreditar. Mas eu precisava falar com meu pai. Entender o que estava acontecendo.

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora