CAPÍTULO 03

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MATTHEW ANDRADE

— Posso saber que porra é essa?!! — Exclamo, vendo aqueles quatro marmanjos sentados na entrada do morro, comendo ao que parece ser um sanduíche. Eles rapidamente se levantaram, e vi um deles até se engasgar com o susto.

— Chefe! Desculpa, é que... — Bruno tentou se explicar.

— É que vocês são quatro incompetentes que deixaram entrar três estranhos na minha quebrada sem me avisar! — Ralho, furioso.

— Chefe... o garoto é o professor da escola, e-e... — Gaguejou.

— “E-e” o quê?! Não me importa quem diabos ele seja! Eu devo ser avisado de quem entra e quem sai dessa merda, entendeu?!! — Eles assentiram rapidamente.

— Perdão, chefe. — Murmuraram. Suspiro, me aproximando dos quatros.

— A sorte de vocês é que o mini gente estava falando a verdade. Porque se fosse outro com más intenções, eu já teria arrancado a cabeça de vocês! — Ralho, vendo Bruno fechar os olhos, se encolhendo ao pensar na possibilidade. Sorri, satisfeito, tirando o resto do sanduíche da sua mão e dando uma mordida. — Posso? — Questiono, sarcástico.

— C-claro, chefe. — Sorri, sem um pingo de humor e subi o morro, não sabendo que para ser professor precisaria ter tanta coisa, já que o baixinho que esbarrou em mim não pareceu me conhecer e carregava trezentas coisas junto com aquelas duas malucas.

Eu relevei o fato de que eles estavam invadindo minha quebrada porque as crianças estavam ansiosas para isso, incluindo meu irmãozinho, de 4 anos, que estava ansioso com essas aulas.

Ele estudava em casa, não por falta de dinheiro, que no caso eu tenho sobrando, mas por eu simplesmente não gostar das pessoas do asfalto, que sempre visam humilhar meu povo, então, é melhor não misturar. E nem por isso meu irmão é menos inteligente. Pelo contrário, ele é muito esperto e ativo. Puxou ao irmão mais velho, claro, que no caso sou eu.

— Hey, maninho! — Michelle exclamou, pulando em meus braços e sorrindo.

— Hey, que amor todo é esse? — Questiono, vendo minha irmã de 22 anos sorri, me entregando um envelope pardo. — O que é? — Questiono, torcendo para que não seja más notícias.

— Abre, seu bobo! — Pediu, e assim eu fiz, abrindo o envelope e pegando o documento que havia dentro, lendo o que eu achava mais importante, me espantando ao ver a palavra aprovada.

— Você... — Tento falar, mas ela grita, animada.

— Aaaah! Eu fui aprovada! Eu fui chamada para trabalhar na empresa mais requisitada do mundo, você tem noção disso?! — Exclamou, animada. Eu ainda estava em choque, e com um pé atrás.

— Michelle, eu sei que é seu sonho ser estilista, mas... não pode fazer isso aqui? — Ela me olhou seriamente, tirando o documento das minhas mãos.

— Aqui eu não tenho futuro, Matt! Eu amo o lugar onde vivo, amo você e nossa gente. Mas eu só vou ser reconhecida lá fora, no mundo, e não escondida na quebrada. Relaxa, eu sei me cuidar. — Ela falou, rindo. Eu apenas suspirei, não gostando nada da ideia, mas ela já era bem grandinha para saber o que faz. Além disso, ela é tão cabeça dura quanto eu, então nunca iria me ouvir.

— Oi, amor! — Vejo Jaqueline se aproximando, me beijando e me abraçando. Notei Michelle revirar os olhos, enojada. As duas nunca se entenderam.

Jaqueline era a minha fiel, ou uma das. Mas considero ela minha fiel número um, já que tem liberdade de me beijar e me agarrar onde quer que eu esteja, mas ainda não chegou ao patamar de se deitar na minha cama, ninguém chegou, e provavelmente ninguém vai chegar. Minha casa é meu refúgio, só entra lá quem eu realmente confio.

— Eu vou me retirar, porque o lugar acaba de ficar poluído. — Michelle alfinetou, gesticulando e se afastando.

— Vai ficar melhor depois que for embora. — Jaqueline rebateu, sorrindo.

— Não vou discutir com alguém que nunca usou o cérebro, amor. Quando você entender isso, então me procura e eu te dou umas aulinhas de boas maneiras. — Michelle falou, virando às costas e indo embora.

E por que eu não defendi minha irmã? Simples. Ela faz isso sozinha.

Ela é uma mulher de ouro. Estuda dia e noite e até aprendeu a falar inglês em um cursinho online, além de costurar suas próprias roupas e ser uma das voluntárias para a nova escola que inaugurou hoje.

E por falar em escola, logo a avisto, muito animada e com aquelas duas malucas vestidas de palhaça. Bem... não vi muita diferença.

Vejo o pequeno Kael, meu irmão, vidrado no baixinho que falava alguma coisa para as crianças. Resolvo me aproximar, me apoiando na parede, no lado de fora, vendo Kael me olhar e sorri para mim.

— ... Será uma fase de adaptação, meus amores. Tanto para mim quanto para vocês. — Ouço o baixinho falar. Eu sei que o conheço de algum lugar. A questão é que não faço ideia de onde. Mas ele me é muito familiar. — Espero que tenham gostado da nossa inauguração e conto com a presença de todos para a próxima aula. Até logo, crianças! — Todos gritaram, o abraçando um por um, e saindo da escola. Kael quase não o largava, o que fez o garoto ri, o beijando e se despedindo dele.

Meu irmão correu até mim, pulando em meus braços. Eu ri, o segurando e vendo seu novo uniforme.

— Olha o que eu ganhei, Matt! — Exclamou, mostrando um saquinho de pipocas e um chocolate quente.

— Ah, é? Que bom, bebê. O que você aprendeu hoje? — Questiono e ele sorri.

— Que pipoca e chocolate é melhor juntos do que separados. — Falou, o que me fez entender de imediato a referência.

— Eu não sei se concordo com isso. — Murmuro, já odiando esse baixinho atrevido.

— Por que não? — Kael questionou.

— Porque a pipoca é malvada com o chocolate. — Falo, de modo que ele entenda. — Alguns apenas disfarçam. — Kael me olhou entristecido, mas nada falou.

— Por que está falando uma coisa assim para uma criança? — O baixinho questionou, aparecendo na minha frente e me olhando seriamente.

Medo de morrer ele não tem.

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora