CAPÍTULO 30

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MATTHEW ANDRADE

Eduard me empurrou para dentro da cela, onde estavam dois outros presos. Ele sorriu, me olhando vitorioso.

- Se depender de mim, você vai apodrecer na cadeia. - Ditou, trancando a cela. - O próximo vai ser o merda do teu pai. E quem sabe o garotinho não vai parar em um orfanato. Afinal... qualquer família é melhor que a sua, não? - Provocou, e rapidamente o puxo pela gola da camisa, fazendo ele bater contra a grade.

- Se mete com minha família para ver se eu não te mato, desgraçado! - Ralho, e ele ri, se soltando.

- Você cometeu o pior erro da sua vida, que foi se meter com meu filho. Agora aguente as consequências. E não se preocupe, Amare não quer ver você nem pintado de ouro! - Ditou, indo embora.

Soco a cela, furioso, respirando fundo e logo lembrando de Amare, não me esquecendo do seu olhar de decepção direcionado a mim.

Merda... por que você não me ouviu, miniatura?

- Se metendo com o filhinho do policial? - Um dos presos comentou, chamando minha atenção. - Ele sempre vem à delegacia para ajudar na cozinha ou fazer doações. O garoto é uma delícia mesmo. - Comentou, e rapidamente avanço sobre, agarrando seu pescoço e o prensando contra a parede.

- Repete e eu faço você engolir seus dentes! - Ameaço, em fúria. Ele ergueu as mãos em rendição.

- Wow! Calma aí, irmão. Estou há meses sem sexo. Minha mulher me jogou fora. A abstinência sobe à cabeça. - Falou, e eu o solto bruscamente, enojado.

- Babaca... - Resmungo, subindo na beliche reservada, me deitando e fitando o teto.

Como o meu baixinho está...? Será que está bem? Ah, droga...

. . . .

- Ei! - Acordo ao ouvir um carcereiro bater na grade. - Tem visita. - Falou, me olhando. Estranhei, imaginando apenas a minha irmã Michelle, que não tinha ficha na polícia, mas eu sempre disse para ela não vim nesse lugar caso eu ou meu pai fosse preso. Não quero ela marcada pela polícia também.

O policial me levou até a sala particular de visitas, o que estranhei mais ainda, mas logo sorri ao ver Amare. Eu passei uma semana inteira nessa prisão pensando e quebrando cabeça para saber em como ele estava. E vê-lo me conforta tanto.

- Amare... - Murmuro, tentando ir até ele, mas ele se afastou, apontando para a mesa, onde estava um prato com um hambúrguer.

- A comida da prisão não deve ser tão boa... - Murmurou, mas notei que seu olhar estava triste. Ele parecia mais magro e mais desleixado com as roupas, o que me doeu mais ainda ao imaginar que ele estava assim por minha causa.

- Amare, eu...

- Eu só estou aqui porque seu pai me pediu. Ele... ele disse que cuidaria do Morro enquanto você... estivesse aqui. A Michelle está trabalhando, mas disse que viria te ver no final de semana... - Falou, tudo rapidamente. Ele estava assustado e claramente prendendo o choro.

- Amor... olha para mim. - Peço, em um tom baixo. Amare engoliu em seco, não conseguindo prender o choro.

- Para... Para de me chamar assim... - Murmurou, com a voz falhando. Sigo até ele, o abraçando fortemente. Ele tentou se soltar, mas não permiti.

- Amor... eu não quero te ver sofrer. Eu fui um idiota. Me perdoa... Me perdoa, eu não quero, não gosto de te ver assim... Me desculpa... - Peço, o abraçando fortemente, tendo noção do quanto senti saudades do seu cheiro, da sua voz, do seu corpo...

- Matthew... me solta... - Ele me empurrou, me olhando entristecido. - Não esqueci o que você fez. Eu... não consigo confiar. Não consigo acreditar... Você... - Ele fez uma pausa, respirando fundo. - Por que transou comigo? Para jogar na cara do meu pai? Se... talvez tivéssemos só nos beijos e eu ouvisse aquilo, poderia doer menos. Mas eu me entreguei a você. Eu confiei meu corpo e minha alma a você. E no mesmo dia, você... pisou em meus sentimentos como se eu fosse... uma das suas ficantes. Ou "fiel" como você chama. Eu não consigo entender... por que fez isso? O que foi que eu te fiz? O que eu tenho a ver com a relação do meu pai com você? - Ele começou a chorar, o que me destroçou por completo ao vê-lo daquela forma.

- Amare, por favor, não chora... - Tento me aproximar, mas ele se afasta, abraçando o próprio corpo e me encarando seriamente.

- Eu vou te ouvir uma única vez. Eu quero... entender os seus motivos, por mais que o que você fez não tenha justificativa. Eu quero... saber o que você queria ao fazer isso comigo. - Ditou, o que me fez suspirar, assentindo.

- Tudo bem... eu te explico. Por favor... - Indico a cadeira vaga, e meio duvidoso, ele se sentou. Me sento na cadeira à sua frente, sendo ambos separados apenas pela mesa pequena.

- Come primeiro... - Amare pediu, indicando o hambúrguer à minha frente. - Eles quase não deixaram eu trazer, então... deu trabalho. - Murmurou, com a voz baixa. Eu não estava com fome. Eu estava preocupado, não gostando de vê-lo assim, tão retraído e sem aquele sorriso tão contagiante.

Vê-lo daquela forma estava me matando, mas resolvi comer o hambúrguer para agradá-lo, ou ao menos para não fazer desfeita. Eu só queria poder ver um sorriso dele. Mas até agora eu só vi tristeza em seu olhar.

- Está gostoso... - Elogio, sendo sincero. Amare apenas balançou a cabeça, desviando o olhar.

- Hm... Que bom. - Balbuciou, mas não sorriu, o que estava me matando de agonia. Deixo o resto do hambúrguer de lado, pegando suas mãos, vendo ele se assustar, me olhando em alerta.

- Amare, está me torturando ao te ver assim. Por favor, baixinho... Me diz o que eu faço para mudar isso. - Peço e ele suspira, puxando suas mãos das minhas, não conseguindo me olhar nos olhos.

- Apenas me explique o porquê de ter feito tudo isso... - Pediu, e eu suspirei, assentindo, me preparando para ser o mais sincero possível. Dessa vez, sem mentiras.

TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora