AMARE BETTENCOURT
— Querido... acorda. — Reconheço a voz de papai e logo sorrio, sentindo um beijo ser depositado em meu rosto enquanto eu me acordava aos poucos, aproveitando o friozinho gostoso do ar-condicionado, mas me preparando para o calor infernal lá fora.
Papai é o homem que mais admiro na face da Terra! Ele é a minha inspiração para tudo, mesmo que nossos objetivos profissionais sejam completamente opostos. Ele sempre me apoiou em tudo. Em tudo mesmo. E o dia mais marcante foi quando eu me assumi gay para ele. Eu precisava falar com alguém sobre isso, e por mais que eu tivesse meus amigos, eu queria que meu pai soubesse. E foi impressionante como ele chorou, chorou muito.
Meu pai sempre foi o homem mais durão que ru conheço, mas naquele dia ele chorou como nunca havia visito antes. Eu até achei que ele estava decepcionado comigo, mas após se acalmar, ele me explicou que estava feliz por ter lhe dito, por ter falado para ele e confiado na nossa conexão. Eu acabei chorando junto e terminamos a noite comendo pizza, sorvete e maratonando séries.
Meu pai é incrível, por isso sempre ouço os seus conselhos.
Posso ser suspeito para falar, mas a minha mãe é a mulher mais linda e inteligente do mundo. Ela estuda moda e levantou uma das empresas mais famosas do País, na qual só trabalha as melhores modelos e coleções originais desenhadas unicamente por ela, que é estilista desde os 23 anos de idade.
Minha mãe, Clarice Bettencourt, e meu pai, Eduard Bettencourt, são o casal mais lindo e grudado do mundo. Algo em que me inspiro para se alcançar com alguém. Eu sou um menino família, apaixonado pelo amor dos meus pais e suas profissões. E quando há desavenças entre nós, sempre nos sentamos para conversar e ouvir o que cada um está sentindo.
É uma relação bonita e privilegiada.
Sim, eu sei que sou muito privilegiado. Garoto branco, rico, que mora em dos bairros mais nobres da cidade e com uma família maravilhosa e que me apoia em todas as minhas decisões. Tem como ser mais privilegiado que isso?!
Bem, apesar de tudo isso, meus pais sempre me ensinaram a nunca esquecer minha humildade, e muito menos a esquecer a empatia com os outros. Por isso estou estudando Pedagogia, na verdade, estou quase terminando.
E mesmo que algumas escolas já tenham me oferecido um emprego, eu recusei, pois queria oferecer ensino àqueles que têm mais dificuldades em alcançar até mesmo uma escola pública. Às vezes não têm condições para sequer comprar material escolar, ou Internet em casa para poder estudar. Então constantemente peço ajuda aos meus pais e fazemos doações para pessoas que necessitam e até instituições de caridade.
Felizmente, meus pais se importam com as outras pessoas, por mais que todos achem eles superficiais por conta das suas profissões.
Bem, como já bem disse, minha mãe é estilista e empresária. Já meu pai, é da polícia militar, trabalhando dia e noite para a segurança das pessoas. E sinceramente? Eu amo saber que meu pai é um dos heróis que trabalham com honestidade, pois tenho consciência que muitos abusam do poder que tem.
— Bom dia, papai. — Falo, bocejando e me levantando. Ele sorriu, ajeitando seu colete.
— Bom dia, filho. Fiquei sabendo que irá começar suas aulas hoje. Aonde vai ser? — Papai questionou, protetor como sempre.
Ele vai me matar quando souber.
— Então... o senhor emagreceu? Está mais bonito. — Tento desconversar, mas quem engana um policial?
— Ok, quais são seus argumentos de defesa, rapaz? — Questionou, me olhando seriamente.
— Bom... eu me voluntariei para dá aulas às crianças da comunidade... — Balbucio, e ele me olha rapidamente.
— Que comunidade?
— Bom... a... do... Papai, a mamãe não está chamando? — Tento mudar de assunto novamente, mas só pelo seu olhar direcionado a mim, eu sabia que ele não iria cair nessa. — Ok, é a comunidade do alemão. Não sei como chamam lá. Enfim... Eu vou junto com minhas amigas, papai. — Falo, já notando sua expressão de desgosto.
— Amare, você enlouqueceu?! Não vai pisar naquele lugar de jeito nenhum! — Exclamou, vindo até mim e se sentando na beira da cama. — Amare, se descobrem que é meu filho, aquela gente mata você!
— Papai, eu só vou ensinar às criancinhas. Não vou fazer uma entrevista familiar. — Papai revirou os olhos. — Eu sei que é perigoso, mas vai valer à pena se eu ver aquelas crianças cursando uma faculdade futuramente e realizando seus sonhos. Por favor, papai! Se eu achar que está ficando perigoso, eu não volto lá. Mas me deixa tentar! — Peço, ou praticamente imploro.
— Junto com suas amigas e nunca sozinho, entendeu?! Não me deixe sem notícias. — Intimou e eu pulei da cama, comemorando e o abraçando fortemente, enchendo seu rosto de beijos.
— Obrigado! Obrigado! Obrigado!
— Não me agradeça, estou odiando essa ideia. Mas ao menos alguém daquele lugar precisa ter futuro. — Murmurou, dando de ombros.
— Não vou decepcionar! E eu preciso me arrumar! — Falo, animado e correndo para o banheiro, mas no caminho tropeço no tapete felpudo, abraçando o piso de mármore logo em seguida.
Quero deixar claro que não é a primeira vez que isso acontece.
— Amare! Cuidado! — Papai ditou, me ajudando a levantar. — Se machucou?
— Ai... não. Eu vou tomar banho e já desço para tomar café. — Falo e ele assente, saindo do meu quarto. Respiro fundo, massageando meu joelho que doía um pouco e corri para o banheiro, já que eu estava um pouco atrasado.
Após o banho, fiquei totalmente indeciso no que vestir, até que optei por uma bermuda preta e uma camisa mostarda. Geralmente, meu guarda-roupa é bem mesclado. Eu tinha roupas femininas e masculinas. Tinha momentos da vida que me exigia mais formalidade e outros informalidade.
Hoje eu estava mais comportado. É a vida.
Calço meu par de tênis branco plataforma e dou uma arrumada rápida em meu cabelo. Passo perfume e um brilho labial em minha boca para não ressecar. Termino passando um protetor solar e então sigo para a sala de jantar, onde o café da manhã estava todo servido, com a mesa lotada e meus pais tomando café.
Sorri, os abraçando e desejando bom dia. Entro na cozinha, sorrindo para Amélia, que era a governanta da casa e muito conhecida pelas mãos de fada, já que faz comidas deliciosas.
— Bom dia, vida! — Exclamo, a abraçando fortemente e beijando seu rosto. Ela sorriu, toda boba, acariciando meu rosto suavemente.
— Bom dia, meu doce. Qual é o motivo dessa animação toda?
— Eu vou dá aulas hoje! Acredita?! Meu primeiro dia como professor e não como estudante. — Falo, animado. Ela riu, me desejando sorte e logo voltei para a sala de jantar, me juntando à mesa e vendo uma das funcionárias começar a me servir o café da manhã. Que era sempre a mesma coisa: torradas, geleia de morando, frutas e café.
Hoje o meu dia promete!
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TENTACION - O dono do Morro (ROMANCE GAY)
RomanceEle é um dos homens mais temidos do país, conhecido por sua impiedade com inimigos e por comandar o morro na qual cuida com unhas e dentes. Mas o dono do Morro pode ter seu escudo de aço quebrado ao se deparar com um coração puro e doce de um simple...