Tuer ou Mourir

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*Matar ou Morrer*

Ladybug bateu na porta do quarto sem nenhum cuidado. "Chat! Hora do café!", ela gritou  do lado de fora, tinha a chave e poderia destrancar a porta quando quisesse, mas estava trabalhando naquela coisa de ganhar a confiança do detetive, por isso, não queria correr o risco de entrar no quarto e vê-lo sem máscara. Não demorou muito para que o loiro respondesse, "Pode entrar". A garota destrancou a porta e deu de cara com Chat saindo do banho, tinha uma toalha enrolada na cintura, e usava uma menor para secar os cabelos, a azulada sabia que coraria fortemente se estivesse como Marinette, mas Ladybug continuava inabalável, mesmo com a figura a sua frente. "Trouxe roupas novas", ela colocou a muda sobre a cama, "Não demore". Ela ia saindo do quarto quando Chat a parou com uma pergunta, "Onde está a Tikki?", sua voz saiu casual, mas ele tinha medo de que a de cabelos rosas tivesse contado algo sobre Plagg para a criminosa. "Ela saiu", Ladybug respondeu vaga, "Podemos conversar mais sobre isso no café da manhã, então, sugiro que você se apresse", a garota saiu do quarto e fechou a porta, sem trancá-la dessa vez. O loiro terminou de secar os cabelos, vestiu a roupa íntima, uma bermuda verde e uma camisa preta, se perguntava até quando Ladybug o faria seguir aquele padrão de cores. Foi até a porta e girou a maçaneta, estranhando a falta do barulho da fechadura sendo utilizada, se surpreendeu pela porta estar aberta, mas já esperava que Ladybug estivesse de posto ao lado de sua porta, ela vestia uma jardineira vermelha e uma blusa justa e curta preta. "Vamos descer?". Ambos caminharam em silêncio até o andar debaixo, mas o loiro fazia questão de se manter a, pelo menos, três passos da garota, deixando que ela andasse na frente. Chegando a sala de jantar, a mesa já estava perfeitamente posta, ostentando croissants, bolo, suco de laranja, pães, geleias e frutas frescas. Ladybug sentou na cabeceira da mesa, como de costume, e Chat se sentou à esquerda da mascarada. Ela se serviu de um pão, um croissant, suco e vários pedaços de frutas. O loiro logo encheu o prato de croissants, "A Tikki está de parabéns", ele elogiou assim que comeu o primeiro croissant, "É um dos melhores que eu já comi". Ladybug levou o copo com suco a boca e bebeu um pequeno gole, "Agradeço o elogio, mas a comida hoje foi por minha conta", o detetive ficou confuso e surpreso com aquela declaração, "O que?", ela perguntou observando a mistura de expressões no rosto do rapaz, "Achou que eu só sabia usar facas para cortar gargantas?". Chat se engasgou um pouco com a bebida, não estava acostumado com aquele tipo de humor, principalmente quando aquilo era exatamente o que ele pensava, Ladybug lhe ofereceu um guardanapo. "Todos somos uma caixinha de surpresa", a garota falou antes de voltar a comer. "Onde a Tikki foi?", ele tentou iniciar o assunto de novo, depois de comer o segundo croissant. "Resolver assuntos pessoais", a garota respondeu. "Isso quer dizer que ela foi resolver assuntos seus?", o loiro insistiu, mesmo sabendo que o humor da assassina era instável. "Não, quando eu tenho assuntos para resolver, eu os resolvo sozinha", ela respondeu séria. "Por isso terceirizou os assassinatos?", Chat provocou, sabia que estava brincando com fogo, mas, se acabasse igual da última vez, ele não se importaria de arriscar, a própria mente o reprendeu por esse pensamento. "Eles não são assuntou pessoais", corrigiu. "Mas são seus", o loiro alfinetou mais uma vez. "Uma pessoa não pode matar dois indivíduos ao mesmo tempo se eles estão em lugares diferentes", Ladybug tinha um semblante calmo, "Mas, talvez você tenha razão, o Senador mesmo conseguiu se matar antes que minhas mão terceirizadas chegassem nele". "Bem, se não são assuntos seus...", o detetive começou de novo, mas foi cortado pela assassina. "Ela foi à Paris, bem cedo, não sei pra que, e também não vejo motivos para perguntar, confio em Tikki", a azulada deixou as coisas bem claras. Chat sentiu um minúsculo alívio surgir em seu peito, não era do tipo otimista, mas estava torcendo para que Plagg continuasse seguro, mas sabia que precisaria conversar com a mulher, a segurança de Tikki ainda fazia parte do acordo. Os dois terminaram de comer em silêncio, Ladybug não via motivos para conversar como se fossem amigos, já o detetive achou melhor não incomodá-la com perguntas, mas algo em seu interior clamava para que ela comentasse algo sobre o acontecimento da noite interior. "Então, a Tikki vai ficar fora até?", o loiro finalmente se pronunciou, estavam na cozinha, arrumando a louça do café da manhã. "Até amanhã de noite", a garota respondeu. O rapaz concordou com a cabeça. "Vamos terminar isso logo", a azulada falou, "Temos coisas para resolver". Lavaram, secaram e guardaram tudo que havia sido utilizado, em seguida, seguiram para o escritório da joaninha. Ladybug se sentou na cadeira atrás da mesa e indicou um dos lugares a sua frente. "O que você quer discutir?", o loiro perguntou enquanto se acomodava. "Minha parte do trato", a garota mexeu nas gavetas da mesa, pegou uma folha de papel e, do porta-lápis, uma caneta e ofereceu ao rapaz, "Por sorte você veio para cá no mesmo dia que Princess Fragrance chegou com o resultado dos exames, isso tornou tudo mais rápido", os olhos verdes a observavam confusos, "Eu vou te passar as informações de quem você vai prender, tenho o codinome, onde atua, o que faz, os prováveis lugares que você pode encontrá-los. Assim, você vai ter todas as observações que precisa e poderá ir embora". "Embora?", Chat perguntou surpreso, ele mal havia chegado, não tinha, nem sequer, se aproximado da 'parceira', não queria sair daquela casa agora. "Sim, embora, sair, não ficar mais aqui, voltar para Paris", ela explicou como se ele fosse uma criança pequena. "Eu sei o que isso quer dizer, mas não é muito cedo?", Ladybug arqueou uma das sobrancelhas, "Digo, como você pode ter certeza de que essas informações serão suficientes?". A garota riu de forma debochada, "Então, me diga, quais são as informações tão suficientes que o polícia tem?", ela sorria de forma convencida, "Eu só precisei de cincos anos para chegar onde eu cheguei, sabe quantas vezes vocês conseguiram me impedir?", Chat não teve tempo de responder, "Nenhuma". "Só estou querendo dizer que observar essas pessoa mais de perto pode ser útil", o loiro tentou argumentar. A azulada negou com a cabeça, "Eu vou te dar todas as informações essenciais, você não vai precisar passar mais um dia nessa casa". O detetive não insistiu mais, arrumou o papel e posicionou a caneta sobre ele, esperando a assassina começar a ditar, mas a garota levantou e pegou algumas pastas de uma estante, colocou-as em cima da mesa e começou a ler. "Dark Cupid", foi o primeiro nome que ela deu, "Ele se associou a mim tem um pouco menos de um ano, tinha um pequeno negócio de prostituição, mas me procurou com objetivo de expandir a clientela, infelizmente, acho que ele vem escondendo as informações verdadeiras sobre o que realmente está acontecendo nesses prostíbulos, além de que o rendimento vem caindo ultimamente, mesmo que os frequentadores estejam aumentando". "Calma, você vai me entregar todo o esquema de prostituição?", o detetive perguntou surpreso. "Você iria descobrir assim que chegasse lá, não tem porque esconder isso, além do mais, não é como se fosse difícil começar uma nova casa de prostituição", ela deu de ombros, "Você ficaria surpreso com o números de pessoas que se candidatam para trabalhar com isso". O rapaz apenas abaixou a cabeça e continuou escrevendo, tentava transcrever todas as palavras de Ladybug para a folha, por isso, sua letra saía corrida, porém estava legível, quando terminou, levantou os olhos para a figura a sua frente, ela já segurava novos papéis. "Pixelator", Ladybug não desviou os olhos do que lia, mas conseguia sentir os olhos do loiro fitando seu rosto, "Com certeza, o maior chantagista de toda a Europa, se vocês estão com vários casos de crimes cibernéticos, principalmente aqueles que envolvem vazamento de informações, imagens, dados pessoais, segredos, com certeza ele é o culpado pela maioria deles", ela abaixou um pouco a pasta, apenas para ver se o loiro a acompanhava, "Estou o entregando antes que ele resolva se voltar contra mim". Chat terminou de escrever antes de sinalizar para a joaninha continuar. "The Pharaoh", ela falou com um risinho, "É cada pessoa que quer se aproveitar do meu poder", o detetive a viu revirar os olhos, "Bem, ele é um colecionador de obras de arte e peças históricas, por isso o apelido, ficaria impressionado com a quantidade de peças que esse cara foi capaz de roubar apenas para ter uma coleção pessoal. Acho que ele organizou tudo em ordem cronológica, sempre se gaba de que tem a história física do mundo e da humanidade em sua sala de estar". "Você sabe que está me entregando os maiores criminosos da França, senão da Europa, né?", o loiro perguntou, surpreso por ela entregar 'colegas' assim tão fácil. "Você ainda não entendeu como as coisas funcionam aqui, não é mesmo, gatinho?", os olhos azuis finalmente encontraram os verdes, ela falava em tom de deboche, "Nesse mundo, é matar ou ser morto" , olhos da garota se voltaram para o papel, "Mas, podemos para por aqui se você achar que é o suficiente...". "Não!", Chat respondeu de imediato, "Vamos continuar". Os dois passaram quase duas horas naquela sala, trocando informações sobre criminosos, aparência, provável idade, onde costumavam ficar, o que faziam, como faziam, porquê faziam, o loiro sentia os pelos do corpo se eriçarem ao perceber o quão longe algumas pessoas poderiam ir por simples ambição. "Acho que isso é tudo", a assassina reorganizou os papéis, enquanto o detetive terminava de anotar o endereço de uma suposta boate que um dos sócios gostava de passar a noite. Chat Noir passou os olhos pelo papel, tinha pelo menos dez nomes, com certeza ele seria aclamado como o melhor detetive da história, o peito inflava de felicidade ao imaginar como a mãe ficaria orgulhosa do trabalho do filho, "E Evillustrator?", a pergunta escorregou por seus lábios com um leve tom de raiva. "Não", Ladybug respondeu direta. "Não?", o loiro fez uma expressão surpresa, "Achei que ele seria o primeiro nome da lista", não mentiu, anotou todos os codinomes pronunciados, mas, cada vez que encostava a caneta no papel, desejava escrever o apelido do ruivo. "Achou errado", a garota respondeu, não havia raiva em sua voz, ou a rispidez costumeira, o detive se perguntou se ela também não havia considerado aquela possibilidade. "Ele é perigoso", ele fez questão de deixar claro que aquilo era uma afirmação concreta, não uma suposição. A garota concordou com a cabeça, "Eu também". "Estou querendo dizer que ele pode ser um perigo para você", o loiro começou a argumentar, "Talvez não para os negócios, mas para sua pessoa". "Zelando pela minha vida, gatinho?", ela perguntou de forma sensual, seus lábios pareciam levemente mais avermelhados. O detetive abaixou o olhar para o papel recém preenchido, sentiu o corpo reagir de uma forma que não aprovava ao ouvir a voz da azulada, "Não, só quero ser eu o responsável pela sua derrota, não um namoradinho qualquer", ele usou o tempo da fala para controlar os próprios impulsos e voltar a encará-la, se recusava a demonstrar que ela tinha algum poder sobre ele.

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