Passè

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*Passado*

POV Ladybug

Naquele dia, nosso banho foi calmo e sem segundas intenções da minha parte, mesmo que Chat insistisse em distribuir ainda mais beijos por toda a minha pele. Isso havia se tornado nossa rotina nos últimos cinco dias: dormir na mesma cama, acordar, tomar um banho juntos em que Chat me ajudava a lidar com cada um dos machucados deixados por Evillustrator. Eu até gostava disso, mas sabia que não duraria muito mais. Depois que terminamos, vesti a mesma roupa de antes e saí do quarto do loiro para pegar uma muda nova na mala que estava no quarto da frente. Apesar de estármos dormindo juntos, eu ainda achava que era importante determinar que nossos quartos eram separados. Porém, assim que abri a porta, desejei nem ter considerado vestir uma roupa limpa. "Ora, ora, bom dia", a voz melódica chegou aos meus ouvidos no instante em que nossos olhos se encontraram, "Como vai, Ladybug?". Fechei a porta atrás de mim com força, sem me preocupar se o barulho acordaria todo o castelo, e cruzei o corredor, entrando no meu próprio quarto sem dirigir uma única palavra a Luka Couffaine. "Não sabia que era assim que você cumprimentava velhos amigos", ele provocou, segurando a porta que eu ia fechar e entrando no quarto logo atrás de mim. Percebendo que não havia como impedi-lo de caminhar cada vez mais para dentro do quarto, continuei seguindo em direção a minha mala, que estava na frente da cama, "Se você ainda não percebeu, você não é nada bem vindo. Saia". Luka riu, e eu me odiei por conhecer aquela risada tão bem e por sentir meus órgãos se contraindo em uma reação confusa, "Sabe que eu nem teria entrado aqui se não fosse bem vindo". "Estou falando desse quarto", respondi. O rapaz deu de ombros, "Já estou aqui dentro, não vejo motivos para sair agora... Achei que você fosse ficar mais confortável com uma figura mais... familiar". Ri de forma irônica, "Como pode ver, não estou nada confortável, eu estou puta, tem sorte de que eu não sei onde estão minhas facas". "Achei que o tempo havia lhe ensinado a não demonstrar suas emoções", de novo aquela risada. Senti minha visão embaçar com a raiva, "O que você quer, hein?!", perguntei, dessa vez o encarando e dando alguns passos em sua direção. Se ameaças verbais não eram o suficiente, não me importaria de marcá-las naquele rosto que carregava uma expressão de deboche. Meu estômago revirou quando ele também se aproximou alguns centímetros. Luka não havia mudado quase nada, os olhos azuis claros ainda eram brilhantes, a pele ainda estava meio bronzeada de sol, as orelhas carregadas de piercings, roupas pretas e despojadas como se ele fosse um astro do rock, mas, agora, seu cabelo estava completamente preto, sem as pontas azuis de antes. Eu o odiei ainda mais, odiei-o por estar inteiro enquanto eu tinha hematomas no corpo, nas memórias e na alma, se eu ainda tivesse uma. "Você não mudou nada, sabia?", ele comentou, me oferecendo um sorriso que fez meu estômago se revoltar ainda mais, "E eu vim porque me pediram". "Que ótima ideia colocarem nós dois sob o mesmo teto de novo, não é mesmo?", comentei de forma irônica, "Bem, como você não é útil aqui, nem em lugar nenhum, eu estou mandando você pegar suas coisas e voltar pro lugar de onde veio". Luka cruzou os braços, dando de ombros, "Você perdeu sua autoridade sobre esse lugar quando foi embora". "Você nunca teve autoridade nenhuma", respondi, sentido minhas unhas contra as palmas das mãos, "É melhor você sair logo do meu quarto, eu não quero você aqui, assim como não quero você perto de mim!". "Tá tudo bem aqui?", Chat Noir perguntou, se mantendo perto da porta com os braços também cruzados. Luka olhou para o detetive e depois para mim, "Seu novo brinquedinho?". "Gostou? Consegui ele graças a você que me ensinou a tratar as pessoas como objetos", devolvi a provocação, sentido cada nervo do meu corpo implorando para machucar aquele rostinho bonito e, infelizmente, conhecido. O moreno se colocou na defensiva, "Você deveria tomar mais cuidado com as suas palavras, Ma...". Minha mão agiu mais rápido do que meu cérebro, atingindo a bochecha esquerda bronzeada com força, "Você não tem direito nenhum de falar meu nome". A área atingida  logo ficou vermelha, mas Luka a cobriu com a própria mão, ele soltou um riso, parecia irônico, "Você não mudou nada... Mas, é interessante saber que ainda existe alguma coisa que eu posso usar contra você...". "Eu acho melhor você sair", Chat falou, colocando a mão sobre o ombro do moreno que era alguns poucos centímetros mais alto. Luka riu debochado e se virou para o detetive, "Chat Noir, quem diria?", o loiro fechou o rosto, "Você pode até saber sobre alguns crimes que ela cometeu, mas, dando um conselho de amigo, é melhor se afastar enquanto ainda dá tempo", deu dois tapinhas nas costas de Chat e saiu do quarto.

La Puissance du SangOnde histórias criam vida. Descubra agora